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Noite de panelaço, protestos e repressões no Chile

As manifestações, que haviam sido convocadas por redes sociais para expressar a insatisfação com o Governo de Sebastian Piñera por saúde, pão e trabalho, se estenderam em várias comunidades de Santiago e pelo resto do país, onde foram brutalmente reprimidas por carabineiros.

segunda-feira 6 de julho de 2020 | Edição do dia

@Cooperativa

A convocação começou a circular em redes sociais, tratava-se de manifestações virtuais e panelaços em 2 e 3 de julho para protestar contra a calamitosa situação econômica, social e sanitária que vice o Chile no marco da pandemia. A política levada adiante pelo Governo de Sebastian Piñera, só provocou mais pobreza, a saturação do sistema de saúde e uma "ordem" que só se mantém a base de repressão nos bairros populares.

Contra esta realidade que estavam convocados os protestos na quinta e sexta-feira, que também coincidem com as multitudinárias manifestações contra a ditadura de Pinochet que tiveram lugar em dias como estes, porém há 34 anos.

Nas redes sociais circularam várias convocações, uma delas dizia #SaludPanyTrabajo (saúde, pão e trabalho) e chamava a uma "paralisação nacional já", impulsionada entre outros pelos trabalhadores da saúde.

Desde a tarde de quinta-feira os panelaços se fizeram sentir, porém, em muitas das comunidades de Santiago, as pessoas começaram a sair às ruas.

Uma moradora de Villa Francia comentou "Saimos para bater panelas às 5 da tarde. Não demorou 10 minutos e chegaram os carabineiros, com seus carros de jatos de água, com zorrillos )(carros de polícia, similares aos caveirões no Brasil) e tanques. Atacaram de uma maneira desmedida".

As denúncias pela brutal repressão dos Carabineiros e Forças Especiais viralizaram nas redes, por meio de imagens semelhantes às da ditadura, com policiais entrando nas casas e lançando gases dentro delas.

Imagens semelhantes foram cistas na Villa Olímpica, Santiago, onde em meio ao panelaço irromperam os carabineiros jogando gás e entrando em apartamentos sem autorização.

Em Valparaíso também houve protestos. Trabalhadore srealizaram uma intervenção em frente ao hospital Carlos Van Buren no marco da jornada nacional. Exigiram justiça para Amelia, uma menina de um ano e nove meses que morreu a espera de ser atendida no referido hospital.

Uma situação ainda mais brutal e similar às que se empreendiam na ditadura foi vivida em Antofagasta. Ali os Carabineiros entraram nas casas das pessoas em La Cachimba, onde haviam moradores se manifestando no contexto da mobilização nacional.

A cidade de Antofagasta está organizando para esta sexta um Encontro Aberto convocado pelo Comitê de Emergência e Resguardo para impulsionar "a coordenação das e dos trabalhadores diante da crise". Espera-se a participação de diferentes sindicatos, dirigentes sindicais, trabalhadores/as, jovens e organizações. Desde o comitê garantiram que "O momento atual torna urgente a coordenação das e dos trabalhadores para que a crise seja paga pelos empresários e não o povo trabalhador que está sendo atacado com suspensões e demissões".

As manifestações destas duas jornadas coincidem com a comemoração do ataque contra os jovens Carmem Glória Quintana e Rodrigo Rojas de negri, que em 2 de julho de 1986 foram interceptados por uma patrulha militar em meio dos protestos contra a ditadura de Pinochet. Ambos foram golpeados e maltratados, para posteriormente ser cobertos com combustível e queimados vivos, seus corpos envoltos em cobertores e transportados pelos mesmos militares a uma vala nos arredores de Santiago, em um local na área de Quilicura, onde foram encontrados por trabalhadores agrícolas. Rodrigo faleceria dias depois.

A 34 anos, em outra situação, com outras privações, com repressores que se mantém desde essa época, as manifestações desta quinta e sexta tem suas próprias bandeiras: #PanSaludyTrabajo, #FueraPiñera (fora Piñera), #NoMásDespidos (basta de demissões) #No+AFP, são apenas algumas delas.




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