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Eleições 2022 | O que está por trás do jantar de conciliação de Lula e mega empresários?

Em jantar, que ocorreu nesta terça (27), Lula reuniu mega empresários, banqueiros e bolsonaristas para falar sobre as reformas e seguir com a conciliação patronal.

sexta-feira 30 de setembro de 2022 | Edição do dia

O jantar que aconteceu na última semana antes do primeiro turno sela o pacto de conciliação entre a chapa Lula-Alckmin e o grande empresariado. Participaram do jantar cerca de 70 empresários, sendo que vários destes também são ou foram patrocinadores e apoiadores da extrema direita e do golpe de 2016.

Dentre os bolsonaristas da reunião participaram, Henrique Viana, Lucas Ferrugem e Filipe Valerim, fundadores e membros do Brasil Paralelo, um canal de mídia de extrema direita que concentra e propaga conteúdo bolsonarista, anticomunista, racista e misógino.

Outro bolsonarista recebido no jantar foi Roberto Justus, grande defensor das privatizações, que declarou voto em Bolsonaro dizendo que "o Brasil está em um momento econômico bom", enquanto milhões sofrem com a fome devido aos baixos salários, o desemprego e a inflação.

Também estava presente Rubens Ometto, da Cosan, o principal patrocinador das candidaturas bolsonaristas, um dos maiores empresários do agronegócio do Brasil. A Cosan é um conglomerado que reúne as empresas Raízen, Rumo, Moove, Compass e a Trizy, faturando R$68,6 bilhões em 2020.

A Cosan também faz parte do grupo Esfera Brasil, grupo empresarial mais expressivo dos que se sentaram na mesa de jantar com Lula, ocupando 43 cadeiras da cerimônia.

O grupo Esfera Brasil também reúne grandes empresas nacionais como Bradesco, BTG Pactual, XP Investimentos, Cosan, MRV Engenharia, Multiplan e Hapvida. São bancos e grupos de investimentos que lucram fortunas com a fraudulenta e criminosa dívida pública, paga com os cortes orçamentários na educação e direitos básicos, com a lei do teto dos gastos e com a reforma da previdência; já a Hapvida lucra com a precarização e privatização da saúde, devedora de R$ 382 milhões ao SUS e aos cofres da União; por fim, a MRV lucra com a exploração escravocrata da construção civil.

Dentre os representantes do Esfera Brasil que compareceram ao jantar, além de Ometto da Cosan, destacam-se nomes como André Esteves, do BTG Pactual, e Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do conselho administrativo do Bradesco. Esteves é um dos grandes entusiastas das reforma trabalhista e da previdência, que destruíram os já poucos direitos dos trabalhadores, afinal, para ele, "são medidas que ajudam o Brasil a ter uma infraestrutura muito mais propensa e amigável aos negócios e aos investimentos", ou seja, aumentar seus lucros. Mas Trabucco não fica atrás: foi um dos grandes defensores da reforma da previdência e apoiador do governo golpista de Michel Temer, justamente interessado com todo o dinheiro que seria destinado para a dívida pública da qual o Bradesco é um grande acionista.

Também participou da reunião Abílio Diniz, considerado um dos maiores bilionários do país, destacado no ranking da Forbes, com um fortuna estimada em 2020 de US$ 2,2 bilhões. Além disso, possui participações em empresas como Carrefour e BRF. A BRF é uma empresa transnacional brasileira do ramo alimentício, fruto da fusão entre Sadia e Perdigão, duas das principais empresas de alimentos do Brasil, denunciada por prática ilegais de adulteração dos alimentos para burlar a fiscalização sanitária. Já o Carrefour é uma das maiores redes nacionais de supermercados, mas que ganhou as primeiras páginas do jornais devido a inúmeros atos de violência racista, descaso e assassinato de pessoas negras em seus estabelecimentos, como nunca esqueceremos o nome de João Alberto (Nego Beto).

A figura repugnantemente ilustre de Benjamin Steinbruch, da CSN, também foi confirmada no evento. Para quem não se lembra, ele foi o responsável pela afirmação de que “o trabalhador pode comer um sanduíche com uma mão enquanto opera a máquina com a outra”, defendendo assim que os trabalhadores não precisassem mais de horário de almoço.

A patronal do grande varejo brasileiro também esteve presente, com Michael Klein, das Casas Bahia, Flávio Rocha, da Riachuelo e Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping).

Por fim, não podia faltar os grandes patrocinadores e articuladores do pacto pró “instituições democráticas” do golpe de 2016: o presidente da Fiesp, Josué Gomes, e o presidente da Febraban, Isaac José Sidney, que também estiveram presentes.

Estes 70 senhores da alta cúpula da burguesia brasileira, patrões que acumulam fortunas com o lucro da exploração e a fome de milhões, não têm nenhum interesse comum com a classe trabalhadora. Ao contrário, querem apenas aumentar a nossa exploração para manter suas altas taxas de lucro. Essa oposição de interesses mostra que o caminho de conciliação, o qual Lula e o PT anunciam que irão repetir, não trará benefícios aos trabalhadores.

A conciliação de classes só favorece a direita. Contra esse projeto de conciliação, é necessário batalhar pela independência da classe trabalhadora. É por isso que estamos defendendo como pontos hierárquicos de nossa campanha a defesa da revogação de todas as privatizações e reformas, em primeiro lugar da reforma trabalhista, abolindo qualquer tipo de flexibilização laboral e lutando por plenos direitos trabalhistas, ligado à construção de uma grande batalha pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, com 30 horas semanais para enfrentar a precarização e o desemprego, na perspectiva da divisão das horas de trabalho entre empregados e desempregados, e da sua unificação. Acabar com a reforma da previdência, abolir o pagamento da dívida pública fraudulenta, nacionalizar os serviços públicos sob controle operário e batalhar por um SUS 100% estatal sob administração dos trabalhadores são medidas essenciais para que os capitalistas - que querem embarcar um eventual novo governo Lula-Alckmin - paguem pela crise.




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