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O último exílio de Trótski

Antonio Gallo

O último exílio de Trótski

Antonio Gallo

A seguir, apresentamos axs leitorxs do Ideias de Esquerda um artigo de Antonio Gallo onde, após semanas do assassinato do Trótski no México pelas mãos de um agente estalinista, faz um resgate da vida e obra do dirigente revolucionário. Foi publicado originalmente na revista Claridad número 344 de outubro de 1940.

Antonio Gallo foi um dos principais dirigentes do trotskismo argentino em seus anos de formação, ao longo da década de 30. Sendo um jovem militante do Partido Socialista escreveu no jornal La Vanguardia e colaborou com a revista Claridad. Após ser preso pelo governo militar argentino, viajou para a Espanha no início de 1931 e colaborou com a revista Comunismo, órgão da Oposição de Esquerda nesse país. Por volta de 1933, deu impulso a um dos primeiros grupos trotskistas na Argentina, a Liga Comunista Internacionalista, que pulicou Nueva Etapa; a outra organização era dirigida por Pedro Milesi, trabalhador municipal e destacado militante sindical. Dois anos depois, ambos agrupamentos se uniram para formar a Liga Comunista Internacionalista (Seção argentina) IV Internacional.

Entretanto, Gallo publicou dois folhetos cujas ideias exerceram notável influência nos debates que cruzaram os grupos trotskistas na década de 30 e nos primeiros anos de 40. Em Sobre el movimento de septiembre. Ensayo de interpretación marxista y ¿A donde va la Argentina? Frente Popular o lucha por el socialismo, refletia sobre a estrutura socioeconômica do país e a relação com o imperialismo, sobre o caráter da revolução, as frentes populares e a consigna de Frente Única, entre outros temas.

Essa última consigna, juntamente à defesa da democracia sindical, tornou-se central nos esforços da Liga em se vincular aos trabalhadores. Desde sua publicação, IV Internacional, esse pequeno grupo de trotskista se dirigiu aos sindicatos como o dos ferroviários, dos trabalhadores da construção civil e dos marceneiros, enfrentando centralmente as políticas do Partido Comunista no movimento operário.

No final da década, o debate, crucial para o trotskismo argentino, ganhará força em torno das tarefas da revolução nos países semicoloniais, a denominada luta pela “libertação nacional”. O grupo fundado em 1938 por Gallo e Milesi, a Liga Obrera Socialista (LOS), e o Grupo Obrero Revolucionário (GOR), dirigido por Liborio Justo e por Mateo Fossa, dirigente do sindicato dos marceneiros, serão os protagonistas dessa controvérsia.

Antonio Gallo abandonará a militância no final de 1940. Antes disso, dará forma à suas posições nas teses para a falida Conferência de seu grupo que intitulou “Revolução Socialista ou libertação nacional?”. Neste mesmo ano publicará no Claridad o artigo que aqui apresentamos.

O ÚLTIMO EXÍLIO DE TRÓTSKI

Após as derrotas na Alemanha, Espanha e França, o destino nos reservava esse golpe atordoador. O assassinato de Leon Trótski!

O Trótski lendário das duas fugas da Sibéria, presidente do Soviet de 1905, organizador da insurreição vitoriosa de 191A seguir, apresentamos axs leitorxs do Ideias de Esquerda um artigo de Antonio Gallo onde, após semanas do assassinato do Trótski no México pelas mãos de um agente estalinista, faz um resgate da vida e obra do dirigente revolucionário. Foi publicado originalmente na revista Claridad número 344 de outubro de 1940.7, criador e dirigente do Exército Vermelho, comissário de relações exteriores, camarada de Lênin na organização e direção do primeiro Estado Operário da história, é muito conhecido. Quero especificar fatos e datas de sua vida a partir do exílio da União Soviética, não menos cheia de múltiplas atividades.

O processo do termidor soviético, vale dizer, o triunfo da burocracia sobre as massas operárias, iniciou-se em 1924. O desenvolvimento da economia do país, a industrialização progressiva, as diferenças entre a cidade e o campo, isso é, a diferença entre os preços dos produtos industriais e agrários, o surgimento dos camponeses ricos, o reestabelecimento parcial da propriedade no campo, o enorme número de funcionários do Estado e do partido em uma situação privilegiada em relação aos trabalhadores, o salário diferencial e o trabalho por peça, em suma, o processo pelo qual a renda nacional da URSS chegou a distribuir-se em proporções desiguais, criou as condições necessárias para que o setor reacionário do partido encabeçado por Zinoviev, Kamenev e Stalin, a famosa “troika”, derrotasse burocraticamente o setor revolucionário dirigido pelo caudilho agora assassinado.

Esse deslocamento político de um setor para outro do partido operou-se sobre os fundamentos sociais da revolução, ou seja, a propriedade nacionalizada, conquista histórica de transcendental importância, forma de economia necessária para a transição do capitalismo ao socialismo. O controle dessa propriedade, do governo de Estado, exercia-se pela classe operária através de conselhos eleitos pelos próprios trabalhadores, os comitês de fábrica e do exército, os sindicatos e o partido. Essa democracia soviética constituía a ditadura proletária esboçada por Marx, dirigida contra os inimigos internos e externos do regime socialista.

O bonapartismo soviético

A revolução, isolada pelo cordão sanitária que o capitalismo internacional lhe impôs e pela traição de outro grande setor do movimento operário, definitivamente confinada depois pela teoria do “socialismo em um só país” reeditada por Stalin em 1924, e pelas derrotas da China, Hungria e Bulgária (resultado da política errônea da ex internacional comunista), degenerou progressivamente até converter-se em um regime governado ditatorialmente pela burocracia e seu chefe. A história do partido e da revolução foi falsificada, algumas obras de Lenin foram mutiladas e não se reeditaram outras, o nome de Trótski foi suprimido, se prostitui o marxismo e a política revolucionária internacional foi convertida em mero apêndice diplomático do Kremlin.

Em um país em que os artigos de primeira necessidade são escassos, em que o desenvolvimento da indústria leve é seriamente deficiente e em que o consumo é um privilégio, produz inevitavelmente uma diferenciação social entre os privilegiados e os despossuídos, as contradições da sociedade soviética são postas em movimento. A burocracia, dona do poder político que usurpou dos trabalhadores, se coloca como árbitra do país, das diferenças e contradições entre os distintos setores econômicos e sociais, e é a correia de transmissão da influência capitalista estrangeira e fator de um provável reestabelecimento capitalista. A burocracia cobra dos trabalhadores uma boa parte da renda nacional, apodera-se da melhor parte da mais-valia nacional. Suprimido os conselhos e os sindicatos, transformado o exército em uma escala de hierarquias inalteráveis e um partido em arma onipotente da casta dominante, sem qualquer sombra de uma democracia interior, produz-se o processo do bonapartismo soviético.

Em junho de 1927, quando a expulsão preparada pela “troika” estava sendo discutida no partido, Trótski prevê brilhantemente esse processo e pergunta de acordo com qual capítulo da revolução aquela se dispõe a eliminá-lo. Conforme o capítulo do termidor? Agora podemos responder categoricamente. Stálin estava longe de ter razão. É épocas de retrocesso e reação correspondem a determinados homens e ideias. Os antagonismos sociais determinam as tendências e os setores do partido, os homens são representantes de setores e forças sociais impessoais. Não são os homens nem o partido que determinam de modo predominante o curso da história ou os choques sociais, mas o inverso. Assim se explica “por que Trótski perdeu o poder”. Os políticos burgueses, os pedantes e os renegados míopes e superficiais, explicam tudo isso com um lugar comum que nada explica: “a luta pessoal pelo poder, entre Stalin e Trótski”.

Não é que de forma alguma excluamos o fator pessoal da história. Simplesmente tratamos de relegá-lo à sua verdadeira posição, localizá-lo em sua relação com as forças sociais. Por isso mesmo Stálin deve ser o chefe da ala termidoriana e bonapartista, e Trótski o chefe da ala proletária e revolucionária.

A “última emigração”

Por isso mesmo, o caudilho bolchevique, conhecendo as leis que regem o desenvolvimento da história, longe de capitular, se agiganta assim que se vê banido. Talvez por um azar que agora resulta dolorosamente profético, o próprio Trótski chama de “nossa última emigração” o período que começou com a expulsão do partido, em novembro de 1927. Deportado primeiramente à Alma Ata (Asia Central, próxima à fronteira chinesa, a 4000 quilômetros de Moscou), depois exilado para Turquia, em janeiro de 1929, Trótski retoma uma consigna de Marx e se transforma na encarnação pessoal e política da “revolução permanente”. Um homem, não medíocre, mas de condições intelectuais e morais, por assim dizer, ordinárias e normais, não teria sido capaz de acompanhar, como Trótski, sua atividade e personalidade às do desenvolvimento histórico. Em primeiro lugar, a comunicação epistolar com os dirigentes comunistas de todo o mundo - e a polêmica. Esse sorriso dos espíritos privilegiados que é a ironia, essa espada dos espíritos fortes que é a frase polêmica, lhe serviram de armas.

O “leitmotiv” de sua luta, a base teórica e política deste estupendo dínamo de Prinkipo, é a teoria da “revolução permanente”. O marxismo substitui a lógica formal ou esquemática pela análise concreta da relação e contradição dos fatos e pensamento sociais, isto é, considera todos os fenômenos em seu movimento, em sua dinâmica, mudança e transição de um estado a outro, a transformação da qualidade em quantidade e vice-versa. O pensamento guiado pela lógica formal é abstrato e metafísico e seus termos são irredutíveis e estáticos. A teoria da revolução permanente é a dialética concentrada. Assim, pois, baseando-se na realidade da economia mundial, quaisquer que sejam os traços que assumam neste ou naquele país as chamadas particularidades nacionais, na arena internacional regem leis semelhantes do desenvolvimento histórico, os países atrasados assimilam-se em algumas etapas aos países adiantados. A decadência permanente do capitalismo, cujas crises cíclicas jamais alcançam o ponto mais alto da curva de ascenso precedente, põe na ordem do dia a revolução socialista mundial. A revolução socialista pode ocorrer, como na Rússia, em um país atrasado, mas não pode se constituir o socialismo, que necessita se basear na economia e técnica mundiais. O proletariado é a única classe que pode levar a cabo essa gigantesca tarefa. A revolução não se detém nas tarefas democráticas, mas se desenvolve permanentemente até chegar ao socialismo, no plano nacional e internacional. Tal é o caráter de permanência da revolução. Os epígonos opuseram essa concepção à limitação nacional e de colaboração de classe.

A fim de levar essa concepção ao seio do proletariado mundial, para retificar as calunias e os ataques, para que o porta-estandarte desses princípios tivesse autoridade necessária, Trótski escreveu um livro político e, acima de tudo, polêmico, que algum renegado quis apontar como demonstração de vaidade pessoal: “Minha vida”. Embora não deixe de ser uma belíssima criação literária do homem que vai dirigir uma nova etapa do movimento operário mundial.

A revolução espanhola e o fascismo alemão

A cada uma dessas etapas fundamentais da política mundial do presente correspondem outros tantos períodos de atividade teórica e organizativa de Trótski. Entre 1929 e 1930 publica “Aonde vai a Rússia?”, “Do Outubro Vermelho ao meu exílio”, “A revolução desfigurada”, “A situação real da Rússia” e “O grande organizador de derrotas”. Esse último é um de seus trabalhos capitais, em que, sobre a análise da economia e da política internacionais, esboça o programa do proletariado mundial.

Entre 1931 e 1933, isso é, entre os anos em que se inicia a revolução espanhola e em que o fascismo alemão alcança um desenvolvimento de massas, o organizador da vitória de Outubro vem com sua experiência e seu conselho em ajuda dos trabalhadores da Espanha e da Alemanha. “A Revolução espanhola e a tática dos comunistas”, “A revolução espanhola e seus perigos”, por um lado; “Alemanha, chave da situação internacional”, “A única saída da situação alemã”, “E agora?”, “Diálogo com um operário socialista” e numerosos artigos e cartas, de outro, estão na memória de todos os trabalhadores avançados como previsões acertadas, alcançadas com ajuda do marxismo. Aqueles que as negaram e propunham a sinistra “teoria do social-fascismo”, opondo-se à frente única dos trabalhadores para combater o inimigo comum, terminaram aliando-se com Hitler.

Sob a direção política de Trótski, constitui-se em abril de 1930, na capital francesa, a Oposição Comunista de Esquerda, reunião dos núcleos de partidários do marxismo em todo o mundo.

Os estudantes socialistas e comunistas de Copenhague o convidaram, em novembro de 1932, a pronunciar uma conferência sobre a revolução de Outubro. Entre a vigilância policial e os ataques amargos da imprensa de direita e da “L’Humanité”, que incita os operários a “puní-lo”, o altivo revolucionário atravessa a França e chega a Copenhague. “Minha bandeira segue sendo a mesma – diz – que quela sob a qual participei nos acontecimentos revolucionários”. Porém, a GPU anuncia que em Copenhague “ocorreu uma conferência internacional trotskista” e as autoridades expulsaram-no sem maiores formalidades.

Zinaida Volkov, filha do revolucionário, privada da cidadania soviética por um decreto de Stalin, e, portanto, de encontrar seu companheiro e seu filho, se intoxica com gás em Berlim. Algum tempo antes, submetida à perseguição, a irmã Nina havia se suicidado. [1]

Na França e Noruega

Em um dia de julho de 1933, o governo francês resolver autorizar a entrada do revolucionário no país, do qual foi expulso em 1916 por sua atividade na guerra imperialista. Após a derrota da Alemanha, das fileiras da oposição foi lançada a palavra de ordem da formação de uma nova Internacional, dando o primeiro passo para a constituição da mesma durante os dias 27 e 28 de agosto de 1933, ao assinar um chamado ao proletariado do mundo, aos delegados da oposição, do partido socialista operário da Alemanha e do partido revolucionário da Holanda. O verbo ardente e entusiasta de Trótski foi proclamado aos quatro cantos do mundo, e isso lhe valeu uma nova expulsão.

Na trégua da viagem anterior, a bordo do “Bulgária”, em julho de 1933, dedicara uma nota bibliográfica à “Fonramara”, a novela de Ignacio Silone. Na nova trégua, escreveu uma emocionante carta ao proletariado francês.

O governo norueguês abre uma brecha no “planeta sem visto” de passaportes e deixa entrar o revolucionário, que, em junho de 1935, se instala em Weksal, perto de Hönefoss, a 60 quilômetros de Oslo. Os fascistas invadem a casa. Efetua-se, a portas fechadas, um processo em que Trótski pronunciava vários discursos que servem de base ao seu livro “Os crimes de Stalin”. Em Moscou, seguem os sangrentos processos de extermínio da “velha guarda” bolchevique. Em outubro de 1936 a GPU ataca o Instituto de História Social de París, roubando parte dos documentos de Trótski ali arquivados. Enquanto o pai se encontra virtualmente prisioneiro na Noruega, León Sedov, militante de méritos próprios, contesta Stalin com o “Livro Vermelho” dos processos de Moscou. Os estudantes da Universidade de Edimburgo oferecem a Trótski a reitoria da mesma, que ele recusa educadamente, dizendo que deve se dedicar inteiramente e sempre à causa da revolução.

De fato, em julho de 1936 foi realizado o primeiro congresso da IV Internacional, cujos documentos mais importantes foram escritos pelo mesmo homem que, junto a Lênin, escrevera as teses dos quatro primeiros congressos da Internacional Comunista da época gloriosa.

A G.P.U pressiona o governo norueguês, que aceita a constrangedora exigência de expulsar o exilado. Mais uma vez Trótski é “o homem sem visto”: nenhum país do mundo quer receber o revolucionário socialista. O presidente Cárdenas tem a generosidade e a honra de oferecer-lhe refúgio no país de Hidalgo e Zapata [2]. Chega a Tampico no dia 9 de janeiro de 1937 e, depois de enviar um telegrama ao presidente Cárdenas em que lhe diz que o refúgio que o oferece é tanto mais generoso “quanto é grande a diferença de ideias que nos separa”, se pergunta: “Que nos reserva o destino sob o belo céu semitropical do México?”. No dia 9 de fevereiro de 1937 Trótski deveria falar por telefone aos trabalhadores de Nova York, reunidos em um motim para protestar contra os processos de Moscou. A G.P.U interrompeu as comunicações entre ambos os países... Era o primeiro atentado. Em novembro de 1935 Stalin fez Sergio Trótski “desaparecer” [3]. No dia 16 de fevereiro 1938 “faleceu” em uma clínica de París, León Sedov. A G.P.U também participou dessa morte misteriosa. Foi a única vez em que a voz metálica e firme do velho revolucionário León teve sotaque de choro, não de ataque....

O escritor e o polemista

Em todo esse período que antecedeu sua morte, Trótski trabalhou, em pleno brilho mental em forma infatigável, extraordinária. A “História da revolução russa” e o primeiro tomo da biografia de Lenin revelam o historiador, o político e o escritor mais notável de nossa época. “Aonde vai a França?”, publicado em 1936, resume seus trabalhos sobre as greves e a atividade política do proletariado francês nesses anos em que todo parecia desembocar em uma nova revolução, é uma obra de mestre de tática e estratégia política.

Mais tarde, “A revolução traída”, “Os crimes de Stalin” e “O caso de León Trótski” – versão taquigráfica de suas palavras nas sessões do comitê de investigação dos processos de Moscou – são outras tantas exposições de economia, política, história, estratégia e tática de imenso valor.

Igualmente ou mais substanciais e de enorme transcendência são os numerosos trabalhos, artigos e cartas escritas nas polêmicas internas da IV Internacional sobre a entrada na seção francesa do partido socialista e, ultimamente, sobre a invasão da Finlândia e a defesa da União Soviética. O criado do exército vermelho continuava sendo o defensor inabalável das bases sociais que ajudou a criar, condenando, por isso mesmo, a política exterior que a punha em perigo. Nesta última polêmica, os adversários da defesa incondicional da URSS negaram o valor metodológico e filosófico da dialética. Na réplica, polemicamente e com um rigor científico admirável sobre a análise de dados e fatos concretos, Trótski nos revelou outro aspecto de seu gênio múltiplo, realizando uma exposição magnífica da dialética materialista, um trabalho acabado sobre o marxismo filosófico, preciso no conteúdo e belíssimo na forma.

Que dolorosa impotência de linguagem para expressar o que sentimos, nós que na adolescência enchemos nossas almas juvenis de admiração por esse lutador indomável! Vida pura e austera de pensamento e ação, simples na pobreza, forte na adversidade sem a sombra da luxúria com o amigo, implacável com o inimigo, suave e amável com os familiares, amigos e trabalhadores, duro com a fraqueza, a covardia e a capitulação, sem o menor indício de preconceito racial ou nacional, sem limitações estéticas nem culturais, vida plena, arquétipo de homem. O que a pobreza de nossa linguagem não pode expressar, o que o recato de nosso afeto contém, diz a linguagem universal da música, da sinfonia beethoveniana até a morte do herói que vibra em nossos corações nos dias de hoje...

A picareta do mercenário estalinista que destruiu esse cérebro genial e deteve o movimento desse coração poderoso, não pode destruir sua obra nem seu exemplo, à serviço dos explorados, da revolução socialista e do progresso humano. O teórico, político, historiador, escritor, organizador, homem de ação, professor e câmara, conquistou seu lugar na história e no coração dos trabalhadores conscientes. León Trótski está entre os primeiros dirigentes da classe operária, com Marx, Lênin, Engels, Rosa Luxemburgo, Liebknecht, Mehring e Plejanov. Sua personalidade admirável e trágica pertence a categoria dos gênios e heróis universais, à humanidade.

Buenos Aires, setembro de 1940.


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FOOTNOTES

[1Na realidade Nina não se suicidou, mas morreu de tuberculose em 1928.

[2O organizador da campanha para dar asilo à Trótski foi Octavio Fernández, que convenceu o muralista Diego Rivera a influenciar o governo de Lázaro Cárdenas com sua fama (NdeE.)

[3Sergei foi detido esse ano e fuzilado em 1937 [N. de E.].
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