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Tragédia anunciada | “Perdemos tudo” A destruição das chuvas também chegou na favelas São Remo e no Riacho Doce

Fruto de mais uma tragédia anunciada, as fortes chuvas que afetam o litoral de São Paulo também causaram destruição na Zona Oeste da Capital. O número de afetados na favela São Remo e no Riacho Doce já passa de 110 pessoas entre trabalhadores e seus familiares. É urgente um plano emergencial para o atendimento das famílias.

sexta-feira 24 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Assim que cheguei na escola que atualmente trabalho no bairro do Rio Pequeno (SP Capital) os assuntos dos professores, alunos e demais funcionários eram dois; o desastre no litoral paulista e a histórias dos conhecidos que perderam alguma coisa nas chuvas no Riacho Doce e na São Remo. Muitos alunos não foram, poderia ser por que viajaram com a família no carnaval, mas certamente a situação de muitos deve ter sido outra.

Neste final de semana as chuvas que atingiram a Zona Oeste de São Paulo afetaram dezenas de famílias nas favelas São Remo e Riacho Doce. Os moradores alegaram que perderam tudo que tinham em suas casas. Nessa matéria veiculada pelo portal Gazeta de SP, Mônica, que trabalha na secretaria da Associação de Moradores da São Remo alegou que “Os moradores do Riacho Doce perderam tudo, tudo, tudo. Estamos trabalhando hoje para tentar receber doações e estamos precisando de muita doação. Cestas básicas, colchão, fogão, armário. Perdemos tudo. E tem muita criança também."

A São Remo e o Riacho Doce são favelas que estão do lado do portão 3 da Universidade de São Paulo, nelas vivem milhares de famílias de trabalhadores e trabalhadoras da USP, na sua maioria terceirizados que fazem a universidade funcionar todos os dias. A USP comporta um grande polo de unidades que poderiam rapidamente solucionar os problemas habitacionais da região - como a FAU e as unidades da POLI. Entretanto, a universidade só garante aos moradores das favelas da região, o preconceito, a repressão policial e a exploração do seu trabalho. A Reitoria da Universidade e a Prefeitura de São Paulo são responsáveis por essa situação que afeta essas famílias todos os anos.

Todos os anos essas verdadeiras tragédias anunciadas mostram cada vez mais as contradições que o sistema capitalista gera, deixando que famílias operárias estejam vulneráveis aos impactos cada vez mais intensos das mudanças climáticas. Estamos vendo também como as fortes chuvas, a inundação, os desabamentos e deslizamentos, já tiraram a vida de quase 50 pessoas no litoral paulista e deixaram mais de 40 desaparecidos. Agora também a cidade de Mauá está sendo duramente atingida. Dentro do sistema capitalista o que vamos ver cada dia mais são tragédias nada naturais por conta da ausência de qualquer medida preventiva por parte dos governos, por conta de empresários tentando lucrar com água e alimentos em cima dos desabrigados e magnatas do mercado imobiliário e das construtoras rindo a toa com a possibilidade de novos empreendimentos.

Justamente por isso é preciso atacar os problemas desde a raiz, acabando com a especulação imobiliária e operando uma reforma urbana radical que garanta moradias com segurança para a população e saneamento básico para todos. Não vai ser pedindo para os governos que estão amarrados com acordos até os pescoço com as grandes construtoras e dos tubarões do mercado imobiliário que isso vai acontecer, vai ser se mobilizando, se organizando e exigindo das grandes centrais sindicais que coloquem seu peso para lutar por essas demandas que são de todo povo pobre e dos trabalhadores.

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