Bolsonaro não apenas se negou a comprar 70 milhões de doses da vacina da Pfizer em plena pandemia, mas essas doses tinham sido oferecidas pela metade do preço. Farmacêutica também tinha seus interesses por trás da oferta.
segunda-feira 7 de junho de 2021 | Edição do dia
Foto: Carlos Osorio / Reuters
Segundo o jornal Folha de S. Paulo com base em contratos públicos do Ministério da Saúde e de depoimentos na CPI da Covid, as 70 milhões de doses da Pfizer que poderiam ter chegado ao Brasil em dezembro de 2020 se não tivessem sido rejeitadas por Bolsonaro e Pazuello foram oferecidas pela metade do preço.
A farmacêutica chegou a oferecer cada dose por US$10. Nos EUA e Reino Unido cada dose custou US$20. Na União Europeia o preço foi de US$18,60.
Longe de uma preocupação com a saúde dos brasileiros, a oferta da Pfizer se deu pelo interesse de ter seu imunizante aplicado em larga escala em um país continental que tem um sistema de saúde especialista em vacinação como é o SUS. Para a Pfizer, a imunização no Brasil significaria uma espécie de terceirização de estudos acerca da vacina contra a Covid, o que a colocaria melhor na corrida que segue entre grandes farmacêuticas.
No entanto, quando o general e ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello diz que rejeitou as doses porque considerou a proposta agressiva e o preço alto, sua preocupação sequer estava em se contrapor à ganância capitalista da indústria farmacêutica. A distância entre a primeira oferta da Pfizer e a chegada dos imunizantes ao Brasil foi de oito meses, nos quais milhares de vidas foram perdidas.
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