Segundo relatório publicado em abril pelo Programa Polos de Cidadania da UFMG um total estimado de 8.840 pessoas vivem nas ruas de Belo Horizonte. O dado é fruto da crise capitalista que mantêm a pobreza e o desemprego em níveis alarmantes.
quarta-feira 14 de julho de 2021 | Edição do dia
Foto: Edésio Ferreira
Inúmeras famílias passaram a morar nas ruas de Belo Horizonte desde o início da pandemia. O número chega em 8.840 pessoas, segundo o Polos de Cidadania, Programa de Extensão da UFMG. O levantamento foi feito com base em dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
O número é maior do que a população individual de 450 municípios mineiros e equivaleria ao número de moradores estimado pelo IBGE no Vale do Rio Doce.
Esse dado é um contingente 20% maior em relação aos registros do fim de 2019, quando pesquisadores do mesmo programa contabilizaram 7.390 cidadãos vivendo nas ruas da capital.
Os dados divergem dos divulgados pela prefeitura. Segundo o último censo municipal, de janeiro de 2020, existem 4,6 mil sem-teto em Belo Horizonte. Entretanto, o projeto da UFMG contesta o município e afirma que os cadastros da Secretaria de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania estão desatualizados.
Devido ao aumento da população em situação de rua, entidades de assistência e movimentos sociais construíram o Canto da Rua Emergencial, um projeto aberto em junho de 2020 na Serraria Souza Pinto no centro de BH, que recebe até 30 novos desabrigados diariamente.
Entretanto, a prefeitura de Kalil (PSD) pretende por fim ao projeto. O prefeito alega que se der muito conforto não só a população em situação de rua da cidade vai aumentar como pessoas de outras cidades que buscam “morar bem” viriam morar nas ruas de BH pelo conforto. Não é a primeira vez que Kalil (PSD) expressa o seu desprezo pela vida da população que está morando nas ruas, o prefeito já lamentou que “A Prefeitura não pode jogar (moradores de rua) no mar, já que não tem mar”. O prefeito ainda afirma que é necessário “ter coragem” para enfrentar esse problema.
Contra toda a demagogia do prefeito do PSD, que é um representante legítimo dos setores tradicionais da política, a única coragem realmente capaz de enfrentar as mazelas a que os seres humanos estão sujeitos, fruto da exploração e da ganância capitalista, se dá na busca pela auto-organização da classe trabalhadora e da juventude para ultrapassar os limites das burocracias sindicais e o corporativismo, colocando a perspectiva de levar a frente às demandas do povo pobre e de toda população contra os ataques dos capitalistas.
O período de crise econômica mundial, do neoliberalismo e de uma pandemia sem precedentes que assola a classe trabalhadora escancara e agrava problemas, como a fome a pobreza, que existem desde que se aprofundou a crise capitalista no Brasil, no pós 2008, quando postos de trabalho foram perdidos e a fome voltou a ser uma realidade na vida de milhões de brasileiros.
Os tantos desalojados por essa crise relatam que primeiro vem o corte drástico da renda, geralmente provocado pela perda do emprego de um ou mais integrantes da família. Algum tempo depois, a escolha violenta entre necessidades básicas: moradia ou alimentação. O desfecho é implacável: barracas montadas nas calçadas, colchões sob marquises, mudanças para ocupações precárias. O frio deixa tudo ainda mais difícil.
É urgente a taxação das grandes mansões e fortunas, a construção de moradias, creches, escolas, UBSs e parques através de um plano de obras públicas que esteja sob o controle dos próprios trabalhadores, que são quem carregam essa cidade nas costas todos os dias.
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