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Basta de feminicídio | Por uma mobilização nacional para impor Justiça por Janaína

Na última sexta (27), a jovem estudante negra de Jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, foi brutalmente estuprada e assassinada na Universidade Federal do Piauí (UFPI). É urgente responder com toda força estudantil, de mulheres, de trabalhadores de dentro e de fora da universidade, professores e de todos os setores oprimidos unificados contra esse caso de feminicídio em todo o país.

Pão e Rosas@Pao_e_Rosas

segunda-feira 30 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Mais um caso brutal de feminicídio atravessa o país, demonstrando a brutalidade machista do sistema capitalista e a conivência e descaso das reitorias com os casos de assédios nas universidades. Um laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal (IML) de Teresina confirmou que Janaína, jovem estudante negra de Jornalismo, sofreu brutal violência sexual e teve seu pescoço quebrado no ato. As investigações apontam que Janaína foi assassinada dentro de uma sala da Pós-Graduação de Matemática da UFPI, que teria uma mesa e um colchão com vestígios de sangue.

No primeiro semestre de 2022, o Brasil bateu recorde de feminicídios. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 699 casos foram registrados entre janeiro e junho, o que representa uma média de quatro mulheres mortas por dia. Isso sem contar os dados subnotificados e os dados de transfeminicídios, que alcançaram 132 assassinatos em 2022.

É urgente que estudantes, mulheres, trabalhadores de dentro e de fora da universidade, professores e todos os setores oprimidos respondam de forma contundente, com uma grande mobilização nacional, a começar pelas universidades federais por Justiça por Janaína! São inúmeros casos de assédios nas universidades, alentados e multiplicados por todos esses anos de reacionarismo no país, com a escória do governo Bolsonaro que sempre destilou misoginia com a vida das mulheres. Vale lembrar aqui que, enquanto deputado, atacou a deputada Maria do Rosário (PT), dizendo que ela "não merecia ser estuprada", porque ela era "muito ruim", "muito feia" e que "não fazia o gênero" dele.

O machismo e o feminicídio são parte da estrutura capitalista, da qual, revoltantemente, Janaína foi vítima. E os ataques contra as mulheres, desde os ataques machistas, mas também na queda das condições de vida com cada uma das reformas aprovadas no governo Temer e no governo Bolsonaro, aprofundaram essa situação.

Mas o machismo não passou sem resposta, como vimos nas ruas as mulheres contra Bolsonaro, como vimos nas ruas as manifestações por Justiça por Mari Ferrer, jovem também estuprada por André Aranha e humilhada pelo Judiciário brasileiro em audiência. Isso demonstra como a nossa luta não pode confiar em nenhuma instituição desse regime burguês, afinal foi o Supremo Tribunal Federal (STF) que se voltou contra o direito ao aborto no ano passado, negando o pedido de habeas corpus em favor de Lorisete dos Santos, uma mulher grávida de trigêmeas siamesas que buscava interromper a gravidez por se tratar de um caso grave onde havia poucas chances de sobrevivência após o nascimento, além de trazer riscos à vida da mulher. E também com a medida do ministro Alexandre de Moraes de proibir manifestações no país, supostamente "em defesa da democracia" e "contra os manifestantes bolsonaristas golpistas do dia 8", mas que se volta de forma autoritária justamente contra a luta dos trabalhadores, juventude e setores oprimidos nas ruas, e pode se voltar contra as manifestações de mulheres, como as nossas próprias manifestações por Justiça por Janaína. Além também do STF ser um dos principais articuladores do golpe institucional de 2016, sendo responsável também pela prisão e proscrição de Lula em 2018.

Do ponto de vista de organizar a luta com as nossas próprias forças, também é necessário ter nenhuma confiança na reitoria da UFPI e nas demais em todo o país. Chegam a encobrir casos de assédios e não garantem ao menos postes de luzes para que possamos andar tranquilamente nos espaços universitários à noite, assim como alentam o discurso de criminalização do movimento estudantil, proibindo a ocupação dos espaços universitários para o fomento de cultura e a organização política dos estudantes.

É essencial lutar por casas de abrigo para as vítimas de violência, com apoio psicossocial e com direito à licença sem prejuízos financeiros nos locais de trabalho e sem prejuízos curriculares nos locais de estudo. É necessário também que haja uma educação, desde as escolas, que combata o machismo, sexismo e lgbtfobia na sociedade, bem como voltar pesquisas e extensões nas universidades para a prevenção e assistência contra a violência machista. Por aborto legal, seguro e gratuito, contraceptivos de acordo com a demanda e educação sexual em todos os níveis de escolarização.

A União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigida pelas juventudes do PCdoB e do PT, deve romper com a inércia que estão e indicar assembleias e manifestações a partir das entidades em todas as universidades, já chamando fortemente a compor os atos que já vem sendo organizados, para que organizemos nossa luta em cada local de estudo e expressar o ódio que sentimos contra a violência machista nas ruas. Assim como as centrais sindicais, como a CUT e a CTB, devem com convocar a mobilização em cada local de trabalho, junto ao movimento de mulheres.

Para essa luta ser forte e efetiva, não podemos também confiar em setores que negociam nossos direitos, deve ser independente do governo Lula-Alckmin, composto por ministros reacionários como José Múcio, que já integrou o Arena, partido da ditadura militar, Daniela do Waguinho, ligada à milícia carioca responsável por matar centenas de jovens negros todos os anos, Juscelino Filho, do União Brasil, que votou todas as reformas e é parte da Frente Parlamentar Contra o Aborto. Esse arco de alianças do PT com a direita não é novidade e já provou trazer seus frutos mais podres para a classe trabalhadora, as mulheres e lgbts, sobretudo quando lembramos que nesse 8 de março, fazem 10 anos que o PT nomeou Marco Feliciano, fundamentalista lgbtfóbico, para comissão de direitos humanos e minorias na câmara de deputados, linha de frente da campanha de Bolsonaro em 2022.

Basta de mulheres mortas pro machismo e pelo capitalismo! Por uma mobilização nacional por Justiça por Janaína!




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