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Depois do Sri Lanka | Protestos eclodem em Bangladesh após alta de 52% nos preços dos combustíveis

O governo de Bangladesh justifica que o aumento do preço do combustível era inevitável dadas as condições do mercado global, enquanto milhões sofrerão um ataque aos seus bolsos. No mundo todo, ao passo que os capitalistas de cada país e o imperialismo enriquecem com as crises e guerras, a classe trabalhadora e as massas respondem no terreno da luta de classes.

terça-feira 9 de agosto de 2022 | Edição do dia

Um forte aumento nos preços dos combustíveis em Bangladesh provocou protestos em todo o país. O aumento, que segundo a mídia do país é "o mais alto da história", elevou os preços da gasolina e do diesel em mais de 50%. Bangladesh é outro vizinho da Índia, depois do Sri Lanka, que vive um movimento de protesto contra a precarização e a alta do custo de vida. Manifestantes cercaram postos de combustíveis exigindo que o aumento de preços fosse revertido.

Antiga colônia britânica e que conquistou a independência do Paquistão na década de 70, Bangladesh vêm de uma série de lutas operárias como as greves de 2018-2019, os protestos contra a islamofobia, pelos direitos das mulheres e denunciando a péssima administração da pandemia pelo governo em 2020, e uma série de protestos estudantis em 2021 diante da visita do reacionário e racista primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Revoltas que historicamente se enfrentam com uma repressão violenta, torturadora e assassina por parte da polícia, das forças armadas e até mesmo de “esquadrões da morte oficiais” treinados pelo governo britânico, como revelou o WikiLeaks há alguns anos.

O aumento nos combustíveis, estopim dos protestos atuais, foi anunciado pelo governo social-democrata ajustador de Sheikh Hasina na sexta-feira. O preço do diesel foi aumentado em 34 Taka (moeda local) por litro e a gasolina em 44 Taka por litro. Vários meios de comunicação de Bangladesh disseram que esse aumento de 51,7% no preço do combustível é o mais alto desde que o país conquistou a independência.

Vários vídeos surgiram nas mídias sociais mostrando longas filas em postos de combustível tarde da noite para encher seus tanques. A economia do país do sul da Ásia tem sido uma das que mais cresce no mundo há anos, este ano até agora crescendo 7,2% PIB/ano com o crescimento da atividade industrial, influenciada pelos baixos salários da região do indo-pacífico, que vem substituindo a China como principal eixo produtivo do capitalismo global.

No entanto, o aumento dos preços de energia e alimentos inflacionou sua conta de importação, levando o governo a buscar empréstimos de agências de crédito globais, incluindo o Fundo Monetário Internacional. Várias marchas em protesto foram realizadas contra a decisão do governo. Destaca-se nessa luta também o papel da juventude e do movimento estudantil bengali, que organizou protestos do lado de fora do Museu Nacional na capital Daca.

"As pessoas comuns já estão lutando para lidar com o aumento do custo de vida. O roubo da propriedade pública por parte do governo e a má gestão levaram as pessoas a esse sofrimento", disse um dos manifestantes pelo Dhaka Tribune. As operadoras de ônibus aumentaram o preço após o anúncio do governo, que foi rejeitado por grupos como o Bangladesh Jatri Kalyan Samity (BJKS), um movimento social de usuários de transporte público. A taxa de inflação de Bangladesh ultrapassou 6% por nove meses consecutivos, com a inflação anual em julho atingindo 7,48% e pressionando as famílias pobres e de renda média que têm dificuldades em suas despesas diárias.

Os novos protestos fazem parte de um fenômeno global de crise e alta inflação que está causando greves de trabalhadores por aumentos salariais em países europeus e nos EUA, e rebeliões e revoltas naquelas regiões que dependem mais diretamente de insumos básicos como trigo e combustíveis, afetados pela crise e pelas consequências econômicas da guerra na Ucrânia, com um impacto direto na população. Após a crise política e econômica que (ainda continua) no Sri Lanka, Bangladesh vive uma situação muito semelhante a essa série de protestos e rebeliões que começam a ser vistas em diferentes latitudes e países tão diferentes quanto Equador, Panamá ou Irã.




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