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Bolsonarismo | Qual o resultado político do 7 de setembro para a extrema direita em Pernambuco?

O desfile e ato de 7 de setembro em Recife não foi grande como nas outras capitais como Rio de Janeiro e São Paulo e no distrito federal. Mas certamente foi um dos mais cheios do Nordeste. A pergunta que fica é qual é o saldo político deste dia reacionário para a extrema direita em Pernambuco?

Renato ShakurEstudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

quinta-feira 8 de setembro de 2022 | 16:42

Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

O desfile de 7 de setembro aconteceu na Imbiribeira, zona sul de Recife, com a presença do governador e do comandante militar do Nordeste, general Richard Fernandez Nunes. Estiveram presentes também Eriberto Medeiros, peça chave da relação entre o PSB e as polícias do estado e do secretário da Secretaria de Defesa Social, um fiel aliado de Câmara, Humberto de Barros. Paulo Câmara não perdeu a oportunidade para fazer demagogia com as pautas sociais e a defesa da democracia, para não deixar que políticos reacionários e de extrema direita, como Michele Collins e Cleiton Collins que estavam presentes na cerimônia, não roubassem os holofotes e dessem o tom das “celebrações” do bicentenário da independência.

Mas a extrema direita de Recife na realidade deu peso para o ato da tarde em Boa Viagem. Anderson Ferreira (PL), candidato a governador e Milton Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Bolsonaro e candidato ao senado, utilizaram o dia para fazer campanha eleitoral. Passaram por Caruaru, Petrolina e chegaram ao Recife acenando e abraçando eleitores. Junior Tércio, Clarissa Tércio, Coronel Feitosa e a família Collins também aproveitaram esse dia para fazer campanha eleitoral para as suas candidaturas e para o presidente Bolsonaro.

No geral, essas figuras da extrema direita seguiram a linha de Bolsonaro e não elevaram o tom golpista nos atos, ainda que destilaram todo seu ódio reacionário falando em nome de “deus, pátria e a família”, exaltando as forças armadas e policiais. Talvez o saldo político não tenha sido lá o esperado. Foi uma concentração de força bem grande dos principais políticos bolsonaristas da região metropolitana de Recife convocando para o ato de Boa Viagem, que inclusive tem peso de direção em igrejas evangélicas da região, mas que conseguiu mobilizar parcialmente sua base social para o ato do 7 de setembro.

A debilidade da extrema direita em conseguir mobilizar amplos setores, inclusive de uma base evangélica, está sendo atravessada pelo fator da alta rejeição de Bolsonaro em Pernambuco. Além disso, ainda que Anderson Ferreira esteja empatado tecnicamente em 2º lugar com mais três candidatos na corrida pelo governo de Pernambuco, a alta aprovação de Marília Arraes (SD) que é identificada com Lula, dificulta ao bolsonarismo ganhar mais espaço no estado.

Marília também tem uma ampla vantagem sobre Anderson nos eleitores que ganham até 2 salários mínimos, ou seja, sua campanha incide também numa base evangélica, não à toa ela defende contra o aborto, assim como todos os demais candidatos.

Por outro lado, Anderson Ferreira tem mais intenções de voto quando o eleitorado ganha acima de 10 salários mínimos. Ou seja, o bolsonarismo influencia uma base social de classe média alta na região metropolitana de Recife. Se por um lado o 7 de setembro mostrou uma debilidade do bolsonarismo em levar às ruas os setores de trabalhadores que são os mais afetados com os problemas sociais e econômicos de Pernambuco e que estão com Lula e rechaçam Bolsonaro, por outro mostrou a capacidade de mobilizar uma base social de classe média bolsonarista que vem se consolidando ao longo dos últimos anos como uma força da política regional. No decorrer do ato em Boa Viagem, pode-se ver faixas e cartazes contra o STF, pelo impeachment de Alexandre de Moraes, por eleições limpas, entre outras barbaridades reacionárias típicas do bolsonarismo.

O saldo político do 7 de setembro em Pernambuco é que a extrema direita conseguiu consolidar ao longo desses trágicos anos do governo Bolsonaro onde se viu aumentar a miséria, a fome e o emprego precário sobretudo na região metropolitana de Recife, uma base social reacionária principalmente nas classes médias e em setores das igrejas evangélicas. É justamente nesses setores que o bolsonarismo quer eleger seus parlamentares e chegar num eventual 2º turno contra Marília Arraes.




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