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Volta às Aulas | RUs da UFRGS: pelo fim do agendamento e contratação imediata de mais trabalhadores já

Hoje foi o primeiro dia do retorno presencial na UFRGS, uma das últimas universidades a retornar às aulas de forma presencial. Foi marcado pelos Restaurantes Universitários (RUs) com filas enormes de mais de uma hora de espera e estudantes que não conseguiram almoçar pois ficaram na fila de espera do agendamento, e outros que, mesmo conseguindo agendar, tiveram que desistir devido à espera e as filas, um completo caos.

terça-feira 14 de junho de 2022 | Edição do dia

Mesmo antes do ensino presencial voltar completamente, os trabalhadores terceirizados dos restaurantes já denunciavam a falta de funcionários para cumprir a demanda e a sobrecarga que vinham sofrendo fruto disso. Além disso, o novo sistema de agendamentos é uma forma de burocratizar o acesso dos estudantes aos restaurantes, o que na prática significa diretamente estudantes passando fome por não terem conseguido agendar ou terem ficado na lista de espera dos agendamentos.

Esses problemas, longe de serem uma falta de preparo para o retorno presencial, escancaram o que há tempos já viemos denunciando: os cortes de orçamento nas federais, que em 7 anos se somaram 86 bilhões junto aos cortes na ciência e que podem chegar a 98,8 bilhões até o fim do ano, dificultam cada vez mais o funcionamento da universidade. Com o orçamento cada vez menor, a reitoria interventora de Bulhões e Prankes, junto ao Consun, escolhem atacar os setores mais precarizados da universidade, com ataque direto à permanência estudantil, os terceirizados e os bolsistas.

Isso se soma à tentativa frustrada de impor a PEC 206 que institui a mensalidade das universidades públicas, por Kim Kataguiri e pelo General Paternelli, com Bolsonaro logo após cortando mais 14,5% do orçamento das federais.

Se durante a pandemia já vimos uma evasão enorme de estudantes das universidades que não conseguiram se manter nas aulas remotas, tendo que se virar para conseguir se sustentar frente às demissões e o desemprego, agora, no retorno presencial, sem direito sequer à almoçar e à meia-passagem, que o prefeito Melo tratou de acabar, a tendência é vermos dados de evasão muito maior e uma universidade cada vez mais para poucos, tal qual o projeto de Milton Ribeiro e da direita reacionária. Além disso, os terceirizados fazem parte dos setores mais atacados, pois além de não serem trabalhadores efetivos da universidade, tendo a contratação terceirizada por empresas e tendo muito menos direitos trabalhistas que os efetivos, com os cortes, são os primeiros a sofrerem com demissões, tendo que arcar ainda com uma demanda de trabalho muito maior pela insuficiente quantidade de funcionários.

Precisamos ter em vista que os problemas do RUs não são um problema apenas da universidade, são, ao contrário, parte de um projeto de país da direita que busca descarregar a crise capitalista nas costas da classe trabalhadora e do povo pobre, tirando o direito à educação de qualidade e nos reservando trabalhos cada vez mais precários e sem direitos trabalhistas, levado à frente por Bolsonaro, Melo, a reitoria interventora do Bulhões e o Consun.

É necessário lutar pela imediata contratação de mais funcionários nos RUs junto à efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso ou processo seletivo, o fim do sistema de agendamentos e a ampliação dos restaurantes. Para transformar essa realidade de barbárie das universidades federais e colocá-las a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, é necessário arrancar esse direito através de uma grande mobilização, feita através da auto organização e em aliança com os trabalhadores, onde seja construído um plano de lutas que esteja a altura de enfrentar esses ataques.

Entretanto, o que vemos na UFRGS, as organizações que se dizem à esquerda da UNE, como as correntes que constroem o DCE (MES/PSOL, Alicerce/PSOL e UP), assim como Afronte e PCB que estavam até poucos dias no DCE, adaptam-se à política eleitoreira da UNE, dirigida pelo PT e PCdoB, que é uma estratégia de depositar confiança nas eleições e nas vias institucionais, semeando ilusões nos estudante de o que irá mudar essa situação é a chapa Lula-Alckmin. Isso vai na contramão de apostar na força dos estudantes em aliança com os trabalhadores, pois se alia, na verdade, com a mesma direita que faz parte dos ataques à educação, além de não ter um programa que se enfrente com os capitalistas que lucram com o sucateamento das universidades, através do pagamento da fraudulenta dívida pública que extrai 72% do orçamento público.

Confira a fala de Giovana Pozzi, coordenadora do CADi, centro acadêmico do teatro e militante da Faísca na assembleia convocada pelo DCE:

Mesmo diante desse cenário, no dia 9 de junho, dia nacional de luta contra os cortes, vimos uma importante disposição de luta de um setor dos estudantes, o que, diante dos nossos enormes desafios e ataques, não pode ser desperdiçada, é necessário avançar para uma mobilização ainda maior, exigindo que a UNE construa assembleias de bases onde delegados sejam eleitos para construir um verdadeiro plano de lutas e uma paralisação das universidades em alianças com os trabalhadores que também estão sendo atacados pelos mesmos setores.




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