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AJUSTE FISCAL | Sem aprovação da CPMF, Levy ameaça atacar Previdência

Questionado se haveria uma alternativa para a CPMF, Levy comentou que é preciso "ver o sentimento do Congresso em relação a (aumentos de) impostos", ou seja, o sentimento dos políticos, que em nada estão juntos à população.

sábado 26 de setembro de 2015 | 00:07

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu a manutenção dos vetos presidenciais pelo Congresso na próxima semana, quando devem ser apreciados seis remanescentes que não foram votados nesta semana. Os parlamentares mantiveram 26 dos 32 vetos na sessão de quarta-feira, 23. Faltam alguns projetos, que constituem as chamadas pautas-bomba, ou seja, que aumentam os gastos do governo. Um deles é o reajuste de 59,5% para os servidores do Judiciário.

Questionado se haveria uma alternativa para a CPMF, Levy comentou que é preciso "ver o sentimento do Congresso em relação a (aumentos de) impostos", ou seja, o sentimento dos políticos, que em nada estão juntos à população. Ao chegar em uma reunião, Levy já havia dito que sem este imposto seria preciso uma reforma da Previdência. "Então ele (Temer) está dizendo que vai aprovar a reforma da Previdência, pois precisamos de reequilíbrio fiscal "

Na reunião, mais cedo, Temer negou a existência de uma crise institucional que pudesse culminar com a saída da presidente Dilma Rousseff do poder. Segundo fontes que participaram do encontro, Temer foi questionado sobre a possibilidade de impeachment pela presidente do IDV e do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano. Ele minimizou esse risco, afirmando que para isso precisaria haver uma crise institucional, o que não existe, e falou sobre a diferença entre Estado, governo e governabilidade.

Se por um lado, Temer tranquiliza aos patrões dizendo que não haverá impeachment é unicamente com o sentido de mostrar para estes empresários que a
será mantida uma estabilidade política para aplicar os ajustes. As próprias pautas-bombas que estão sendo “empurradas” pela oposição de direita ao PT são uma amostra disso. Se por um lado, a oposição ao governo tenta aprovar as pautas bombas,aprofundando a crise política, a população já está sendo afetada diretamente com novos cortes como os que já vem acontecendo. O governo petista tenta manter uma certa estabilidade política suficiente para continuar aplicando os cortes na educação e na saúde, impondo um ajuste que defende os lucros dos empresários, as custas dos trabalhadores.

A patronal pressiona por reformas

O conselheiro do IDV e presidente das Lojas Renner, José Galló, afirmou, após o encontro, que os varejistas estão dispostos a contribuir para o bem do Brasil. Segundo ele, os empresários se dispuseram a pressionar as lideranças políticas em Brasília pela aprovação de medidas que ajudem a dar um direcionamento para que o País saia da crise, no que foram encorajados por Temer, dentre estas medidas, certamente estarão mais reformas neoliberais como a da Previdência, que aumentaria o tempo mínimo para a aposentadoria.

Segundo ele, o grupo de empresários agora pretende se organizar e elaborar uma lista de três, quatro medidas que podem ser tomadas mais rapidamente para dar uma visão aos agentes econômicos de que as coisas estão mudando. "A economia passa por um momento bastante sério e não podemos descuidar, não podemos nos omitir". Ele não explicou quais seriam essas medidas, mas disse que não é possível aceitar que a economia só volte a crescer em 2017, 2018.

O custo para o trabalhador

A proposta da volta do CPMF já era uma proposta que onera o trabalhador, uma vez que na verdade é um imposto regressivo, em que se por um lado atinge transações financeiras, esse custo é repassado ao consumidor. Da mesma forma, o imposto atinge também transações pequenas como empréstimos e aquisição de créditos, aumentando o endividamento da maior parte dos trabalhadores e da juventude pobre.

Levy declarou que, com uma possível rejeição da CPMF pelo Congresso, vai ser necessário reformas na previdência. A questão que então se coloca é a de que de um jeito ou de outro, o PT irá tentar jogar a crise nas costas da população mais pobre, seja tentando aprovar um imposto regressivo como a CPMF, seja por meio da reforma da previdência aumentando a idade para se aposentar. Da mesma forma, o PMDB de Temer, reafirma mais uma vez seu caráter de partido da burguesia, se reunindo com empresários para defender uma agende da ajustes mais profunda na economia.

Assim, entre tantas coisas que há de comum entre Temer e Levy, entre o PT e outros partidos como o PMDB, é que ambos estão do lado dos empresários contra os trabalhadores. José Galló afirma, por exemplo, que os varejistas estão pelo “bem” do país, mas esconde que fornecedores das Lojas Renner foram descobertos usando trabalho escravo. E é justamente a esses varejistas que se dizem do "bem", que Temer e Levy querem tranquilizar com a promessa de poder aplicar o máximo de ajuste possível contra os trabalhadores.

ESQUERDA DIÁRIO/Agênia Estado




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