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A crise mata | Sem condição de comprar gás, mulher negra morre queimada ao cozinhar com álcool

Angélica Rodrigues, de 26 anos, era uma diarista que morava sozinha na periferia da cidade de São Vicente, litoral paulista. Ela estava desempregada desde a pandemia, e com o preço do gás exorbitante causado pela inflação ela vinha cozinhando com álcool. No meio de março Angélica acabou se queimando brutalmente.

segunda-feira 11 de abril de 2022 | Edição do dia

Nesta última semana, uma mulher negra morreu após ter tido mais de 85% do seu corpo queimado por estar cozinhando com álcool. Angélica Rodrigues, de 26 anos, era uma diarista que morava sozinha na periferia da cidade de São Vicente, litoral paulista. Ela estava desempregada desde a pandemia, e com o preço do gás exorbitante causado pela inflação ela vinha cozinhando com álcool. No meio de março Angélica acabou se queimando brutalmente.

Angélica ficou internada no hospital da cidade por 15 dias, esperando uma vaga em uma unidade de referência no tratamento de queimados em São Paulo. Mesmo após ter sido transferida para o Hospital Geral Vila Penteado, na capital, ela não resistiu e veio a falecer na quarta-feira (06). A mãe de Angélica, Sílvia Regina dos Santos, 43 anos, relatou que sua filha estava com problemas financeiros desde que perdeu seu emprego, e não tinha condição de comprar um gás, que na época, estava custando em torno de R$110 em sua cidade. “Ela pegava uma lata de sardinha e colocava o álcool, usando como espiriteira. Punha fogo e a panela em cima. No dia do acidente, ela pensou que a chama do potinho tinha apagado e virou o galão de álcool, mas o fogo subiu para o galão. Ela se assustou, sacudiu o galão, e o fogo acabou se espalhando no corpo todo’, contou em entrevista Silvia.

A mãe de Angélica ainda afirmou que a situação precária em que ela estava passando no momento era muito pior, só comendo todos os dias miojo e arroz. “Era o que o dinheiro dava para comprar. Se a Angélica tivesse condições de comprar um botijão de gás, isso não teria acontecido. Tenho 43 anos e nunca na vida enfrentamos uma situação financeira tão díficil”, lamentou.

A morte de Angélica é um retrato de toda miséria que a classe trabalhadora e povo pobre vem enfrentando no meio dessa crise econômica causada pela pandemia e também pela guerra na Ucrânia. Serviços essenciais para a população se manter, como o gás de cozinha, estão se tornando cada vez mais escassos na casa de uma família trabalhadora por conta da inflação. Sem falar na fome que vem crescendo cada vez mais, fazendo as pessoas inclusive a fazer filas de lixo e osso. A crise afeta justamente as camadas mais precarizadas da nossa classe, que são as mulheres negras como Angélica. O desemprego e a miséria que vem sendo imposta é uma das coisas mais draconianas que o governo Bolsonaro e todo o regime do golpe vem impondo enquanto garante lucros para os acionistas estrangeiros da Petrobras que enriquecem com o aumento do gás e do combustível.




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