×

Eleições 2022 | Tarcísio ultrapassa Haddad, e PSDB fica de fora da disputa pela primeira vez em trinta anos

Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado o ministro das obras de “Bolsonaro”, amigo das empreiteiras e também capitão da reserva junto a Bolsonaro, contrariou as pesquisas, que apontavam uma disputa entre ele e Rodrigo Garcia para o segundo lugar, terminou o primeiro turno na primeira posição.

Thiago FlaméSão Paulo

Tassia ArcenioProfessora e assistente social

segunda-feira 3 de outubro de 2022 | Edição do dia

Tarcísio foi ministro da infraestrutura e se encarregou de avançar na privatização nos setores de energia e transportes. Como ministro, ele deu o start para o processo de privatização do Porto de Santos.

No debate para governadores do Estado de São Paulo, Tarcísio reafirmou seu alinhamento a Bolsonaro e a política racista da direita negando que o racismo seja um problema no pais e atacando a política de cotas. Ao mesmo tempo, buscou se distanciar das medidas mais impopulares de Bolsonaro, especialmente para as classes médias paulistas, como a gestão da pandemia. Uma aposta para abarcar o voto antipetistas mesmo dos setores insatisfeitos também com Bolsonaro.

O candidato do Bolsonaro atuou como engenheiro da Companhia de Engenharia Brasileira na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) e é também um grande defensor da política repressora e assassina da polícia paulista e, segundo ele, os policiais estão sendo inibidos de atuar por causa das câmeras colocadas no uniforme.

A maior novidade é a derrota do PSDB, que controlava o Estado de SP há quase três décadas. Principal bastião eleitoral do tucanato, era o último reduto em que o tucanato se equilibrava, que não poderia ser perdida. A derrota eleitoral significa o virtual desaparecimento do PSDB do leque das “grandes legendas”, que havia começado a partir do golpe institucional de 2016, e especialmente com a absorção de sua base social pelo bolsonarismo desde 2018. Trata-se de um movimento tectônico por parte de uma legenda que polarizou o país com o PT nas últimas décadas.

De qualquer forma, este resultado marca o fim dos 28 anos de governo do PSDB em São Paulo. Não significa, porém, o fim do tucanistão. A votação de Tarcísio representa uma radicalização de um setor da base tucana, que se aproximou da extrema-direita e do bolsonarismo.

Por outro lado, Haddad busca se colar em um setor do tucanato histórico, pela via de Alckmin e de Márcio França. No entanto, é incerto até que ponto o “mais tucano dos petistas” conseguirá ter sucesso nisso. A crise do principal partido da direita neoliberal no estado que é o seu bastião, poderia estar sendo aproveitada pelos movimentos sociais, pela juventude, pela classe trabalhadora e pelos sindicatos para desferir um golpe decisivo no tucanato. O que está ocorrendo, no entanto, é o contrário disso. Ao trazer Alckmin para junto de si, ao se aliar em São Paulo com Márcio França (parceiro tradicional do PSDB), o PT facilitou que Tarcísio capitalizasse pela direita a crise histórica do PSDB e chega no segundo turno numa situação mais difícil do que as pesquisas indicavam.

Desde o Esquerda Diário e do MRT, colocamos a necessidade de nos organizarmos para enfrentar Bolsonaro, o bolsonarismo - representado em figuras reacionárias como Tarcísio de Freitas - e as reformas e privatizações que corroem as condições de vida da classe trabalhadora e do povo pobre e oprimido. É preciso organizar uma alternativa política para que a classe trabalhadora e a juventude possam se organizar de forma independente na luta contra a extrema direita e contra a direita neoliberal.

São Paulo conta com os sindicatos mais fortes e tradicionais do país, conta com as maiores universidades, com uma influente intelectualidade marxista e de esquerda, com os centros acadêmicos mais importantes, sendo um fator decisivo para o movimento estudantil a nível nacional. Seja na fundação do velho PCB, seja na luta contra a ditadura nos anos sessenta, seja nos ascensos operários do final dos anos setenta e dos anos oitenta e na fundação do PT, esses setores sempre estiveram na vanguarda dos processos de reorganização da esquerda, e da esquerda revolucionária. Nossa aposta é que mais uma vez possam cumprir o papel e evitar que o inevitável desgaste do provável governo Lula/Alckmin seja capitalizado somente pela extrema direita bolsonarista, ou utilizado pelo PSDB para se recompor. É a serviço dessa perspectiva que se colocaram as candidaturas do MRT pelo Polo Socialista Revolucionário, Marcello Pablito para deputado federal e a professora Maira Machado para deputada estadual.

Frente ao resultado, Marcello Pablito declarou: "Para enfrentar o bolsonarismo e a extrema direita reacionária representada por Tarcísio, é preciso unir a classe trabalhadora sem aliança com a direita e os patrões. Como viemos defendendo durante todo o período eleitoral, as alianças com setores da direita e a patronal não vão derrotar a extrema-direita e sua força social. É preciso desde já nos organizar pela base, mantendo nossa independência de classe, com os negros e as mulheres na linha de frente, para enfrentar o bolsonarismo na luta de classes e batalhar pela revogação integral de todas as reformas e ataques".




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias