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Terceirização | Terceirizados da SAFE fazem ação na SESAP-RN exigindo pagamento de salários de Fátima Bezerra (PT)

Após 20 dias de greve, terceirizadas da SAFE, empresa responsável por trabalhadores da higienização e maqueiros da saúde no RN, fizeram uma ação em frente à Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN, reivindicando o pagamento de salários, décimo terceiro, multa e vales transporte e alimentação que se acumulam há pelo menos dois meses. Toda solidariedade à luta des trabalhadores que são essenciais para a saúde da população do Estado!

sexta-feira 3 de março de 2023 | 23:10

Na última quinta-feira (02/03), a manhã chuvosa em Natal amanheceu com a luta das terceirizadas e terceirizados da saúde do RN, gritando em frente à SESAP que não iriam parar a greve até que seus salários estivessem nas contas! Seguem alguns trechos de falas das trabalhadoras:

Somos cobrados mesmo na greve, ‘tem que fazer, tem que fazer’, e a gente não sabe o que fazer, a gente trabalha mas ainda tá sem receber, e barriga não espera! Tem um filho pequeno, e aí? A gente quer uma resposta pra agora, pra hoje!

A vítima somos nós! A vítima está sendo o trabalhador que larga hoje a sua casa, larga de tá no seu conforto… conforto não, né, minha gente? Chega na cozinha é só panela! É só panela seca, até o macarrão aumenta, todo dia aumenta as coisa minha gente! E outra, atenção! Pra completar a humilhação ainda quer suspender o almoço, que tem gente que só almoça no hospital de plantão, quando tá de folga como creme craque, é. Porque quando o dinheiro sair é que dá pra fazer a feirinha. E o vale alimentação nem tchuiu! Tá me entendendo minha gente? Aí quando vai pro plantão, além de receber várias, várias cobrança, aí chega na hora de almoçar, eu nos andares do Walfredo, segundo andar, eu estava trabalhando muito empolgada, pela minha pessoa, pessoal a gente tá fazendo nosso trabalho, mas a gente tem que receber pelo paciente e pelo acompanhante! Pelo paciente e pelo acompanhante! A gente realiza o nosso trabalho! Mas ninguém é de ferro, tô vendo a hora eu desmaiar e nem maca tem, pro maqueiro chegar e botar lá dentro. Minha gente, pelo amor de Deus, não é fácil não, viu, não é fácil você sair de casa, eu saí ontem e fui pro Walfredo, saí hoje e vim pra cá, e amanhã? Será que esse dinheiro não pode sair hoje não, responsável? Pelo amor de Deus! Aí a gente tem um pacote de bolacha, aí quem tem filho, bem, quem não tem filho tem pai, tem mãe, tem suas obrigações também, tem suas responsabilidades, viu? Aí pega o pacote de bolacha todo dia dá uma pro menino, todo dia, até chegar o dia que saiu o pagamento, e quando o pacote acabar? Aí vira pra o colega: fulano, o pacote acabou! Ele não tem nem o saco mais!

Essas foram duas das falas fortes do ato que expressam a condição à qual estão submetidas as trabalhadoras e trabalhadores, em sua maioria mulheres negras com filhos em casa, com falta de comida e ameaças de despejo, retrato da perversidade capitalista materializada na aliança entre o governo de Fátima (PT) e a empresa SAFE, comprometidos em explorar até a última gota a força de trabalho através do desastre que é a terceirização. Os trabalhadores também estão sofrendo perseguições, uma das falas apontou que no Hospital João Machado:

“Uma tal de Isabel fica perseguindo os trabalhadores terceirizados, dizendo que se ele não fizer o serviço direito, vai ser devolvido, vai ser isso, e lá na hora que a gente faz a greve é devolvido os trabalhadores pras outras unidades! É uma perseguição só! É uma perseguição só, dessas empresas, desses governos, desses governantes!”

Estivemos presentes no ato para levar apoio a essa luta, frente ao absurdo que significa o governo de Fátima Bezerra (PT) se apoiando na terceirização para descontar a crise nas costas das trabalhadoras, o mesmo governo responsável pela reforma da previdência no estado, que ao mesmo tempo ataca o piso da enfermagem e agora se recusa a pagar o piso que é direito dos professores da rede estadual. Precariza a saúde junto ao bolsonarista do prefeito Álvaro Dias (Republicanos), que em Natal não contrata servidores, já gerou atraso de pagamento de terceirizados e ainda deixou pegar fogo na maternidade Araken, contando também com denúncias absurdas dos hospitais da cidade. Confira a fala de estudante Érika @erithuanny da juventude Faísca e do Pão e Rosas em apoio a essa luta que precisa ser independente dos governos.

É necessário cercar de solidariedade essa luta das trabalhadoras, sobretudo a juventude e os estudantes, pois não é possível aceitar que terceirizadas que garantem a saúde da população potiguar sejam tratadas dessa forma, sujeitas a todo tipo de perseguição por lutarem. As entidades estudantis precisam se mobilizar para apoiar a greve até que todos os direitos sejam pagos, o DCE da UFRN, os CAs e a própria UEE, que representa os estudantes a nível estadual, devem estar lado a lado com a luta, de forma independente dos governos, ainda mais no cenário em que, nacionalmente, o governo Lula-Alckmin não tem nenhuma posição sobre a revogação das reformas trabalhista e da previdência, que atacam em cheio aqueles que sofrem com a terceirização.

Por isso defendemos a efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público, com jornadas de trabalho de 30h semanais, 5h por dia, para que as vidas da classe trabalhadora, do povo pobre e negro não seja comprimida e sugada pela tragédia da terceirização que só aumenta no país. Lutamos também por um SUS 100% estatal sob controle dos trabalhadores, sem responder aos interesses dos empresários que acumulam capital enquanto milhares sustentam seus lucros.




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