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GREVE NA SAÚDE | Terceirizados de hospitais do RN aprovam greve contra o não pagamento de salários

Terceirizados da Safe, que presta serviços para 5 hospitais centrais estaduais da capital do Rio Grande do Norte, realizaram uma assembleia na manhã desta quinta-feira (09) em frente ao Hospital Walfredo Gurgel, em que deliberaram greve a partir de segunda (13). Os terceirizados e terceirizadas da higienização e maqueiros estão com os salários atrasados, sem receber o vale alimentação e o vale transporte, bem como há relatos de atraso do FGTS, do décimo terceiro, da multa de atraso do décimo terceiro e de salários atrasados anteriores.

quinta-feira 9 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Relatos de trabalhadores de que todo mês atrasam os salários, e que essa situação não dá mais. Os terceirizados sempre realizam assembleias, devido ao fato da empresa não cumprir os direitos desses trabalhadores. Há até uma liminar na justiça para que o dinheiro caia no quinto dia útil, e muitas vezes o salário atrasa de dez a quinze dias.

Leia o relato anônimo de um dos trabalhadores, que também apontou que em um dos hospitais muitas vezes não há espaço para mover as macas:

É atraso do salário, a metade do décimo que não saiu do ano passado. Vale alimentação muitas vezes só entra a metade. E aqui estamos fazendo para ver se o salário sai mesmo em dia. É por isso que nós estamos aqui reunidos na categoria com o sindicato para ver o que que ele pode fazer por nós trabalhadores.

Toda vida atrasa e toda vez tem que ter assembleia para indicativo para ver se a gente recebe o salário, né? Já tem até pela justiça mesmo. uma tentativa liminar, né? Pra ver se sai no quinto dia útil, mas nunca sai. Agora não tem. Tem assim, a previsão de 10, 15 dias, depende de mês a mês. Aí o negócio é que ele não pode dar o dia certo.

Também é que a governadora, ela olhe para os terceirizados, né? Porque tudo vem através do governo. Quando o governo começa a ver essa situação, eu creio que as coisas começam a melhorar.

Aqui é o hospital grande, hospital de urgência, vem muitas pessoas que necessitam aqui, né? Mas como em todos os hospitais se encontra nesse momento, desse jeito, a maioria das coisas fatiada. Que a nossa governadora, olhe para isso aí, para que tenha, assim, uma melhora tanto para quem precisa, né? Porque quem sofre mais é aquele que necessita dos atendimentos”.

O governo Fátima Bezerra (PT) tenta lavar suas mãos frente ao atraso do pagamento dos salários dos terceirizados, sem dinheiro para alimentação e trabalhando em condições precárias, segundo o governo, “a empresa deveria ter uma saúde financeira para pagar os seus funcionários de forma antecipada e sem depender totalmente do repasse do governo”. No entanto, o governo é responsável pela terceirização no estado, que faz os trabalhadores de empresas, como a SAFE, atrasar o pagamento dos salários por meses e precarizar cada vez mais as condições de trabalho, assim como ocorre com os terceirizados do Hospital João Machado, contratados pela empresa Justiz. Portanto, não nos enganemos: tanto o governo quanto a empresa são responsáveis.

Veja mais: Terceirizados do João Machado estão sem salário há 4 meses com descaso da empresa e de Fátima (PT)

O prefeito bolsonarista Álvaro Dias (Republicanos), que também já atrasou o pagamento dos salários dos trabalhadores de diferentes categorias de trabalhadores, é responsável pela situação de calamidade e precarização na saúde, que também teve como resultado o incêndio no Hospital Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto, em Natal.

As trabalhadoras da enfermagem também estão se mobilizando desde o ano passado, protagonizando a luta nacional pelo piso da categoria - que foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2022 - aprovaram em assembleia uma paralisação de 24 horas no dia 14 de fevereiro e estão convocando um ato a partir das 14h, com concentração em frente ao Midway Mall. Nos somamos a esse chamado por que a luta contra a precarização da saúde e de toda classe trabalhadora brasileira é uma só, a luta dos terceirizados da Petrobras no RS e da construção civil da MRV em Campinas contra a precarização e ataques, são exemplos que devemos nos apoiar. A CUT e a CTB, que são as maiores centrais sindicais do país, dirigidas pelo PT e PCdoB devem romper com a inércia e organizar a luta pela revogação das reformas e ataques com assembleias em cada local de trabalho abertas para cada trabalhador.

Uma resposta contundente a precarização e ataques só será dada através da luta e unidade dos trabalhadores terceirizados e efetivos com a juventude e todos setores oprimidos, independente dos governos. Lula-Alckmin já demonstrou que vai governar para os patrões e empresários capitalistas, não revogando a reforma trabalhista e da previdência, a Lei da Terceirização Irrestrita, aprovadas por Michel Temer e Bolsonaro, seguindo descarregando a crise nas costas dos trabalhadores, especialmente os terceirizados, que são os mais precários e com menos direitos garantidos.

É preciso batalhar lado a lado desses trabalhadores pelo pagamento imediato dos salários e todos os direitos atrasados, de forma unificada a luta pelo pagamento do piso nacional da enfermagem. E garantir que esses trabalhadores tenham os mesmos direitos de qualquer trabalhador da saúde, exigindo aa a efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso público ou processo seletivo.

A terceirização serve para dividir os trabalhadores, e além disso, a maioria dos terceirizados são mulheres e negras. A terceirização tem rosto de mulher e negra, que é a força de trabalho mais barata para os trabalhos mais precários. Por isso, é preciso defender esses setores, e só será a auto-organização dos trabalhadores, confiando em suas próprias forças, que poderá dar uma resposta aos ataques sofridos pelas trabalhadoras e trabalhadores. Assim como defender de fato a saúde contra os ataques dos governos capitalistas, defendendo um SUS 100% estatal sob gestão dos trabalhadores e controle da população, pois são quem sabe de fato as demandas da saúde. Todo apoio aos terceirizados da SAFE!

O Esquerda Diário é feito por e para trabalhadores. Envie sua denúncia, em que o anonimato é garantido.




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