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HU USP | Todos ao ato convocado pelo Sintusp em defesa do HU da USP e da saúde pública

Nesta quarta feira, dia 01 de março, os trabalhadores vão realizar uma manifestação para denunciar a situação pela qual passa o hospital. Queda recorrente de energia, falta de água quente e enxurradas de água que jorram das luminárias e forros a cada chuva são alguns dos problemas que os trabalhadores enfrentam todos os dias. Entenda aqui toda a situação.

terça-feira 28 de fevereiro de 2023 | Edição do dia

Uma série de denúncias vem sendo feitas por parte dos trabalhadores do Hospital Universitário da USP (HU). As condições de atendimento vem sendo ainda mais abaladas por problemas estruturais que colocam pacientes e trabalhadores em situações completamente absurdas:

Todo o sistema elétrico entrou em colapso por falta de manutenção e o hospital foi sustentado por gerador à diesel. Também temos o problema do ar condicionado central que refrigera o Centro Cirúrgico. Ele parou e a temperatura na sala de cirurgia chegou próximo aos 30°C, levando ao cancelamento de cirurgias e ao fechamento do atendimento no PS. As caldeiras responsáveis pelo aquecimento de água também tiveram problema por falta de manutenção e os pacientes ficaram sem comida e sem água quente para banho. É escandalosa a situação de calamidade que a reitoria da universidade promove ao abandonar qualquer plano mínimo de manutenção do hospital.

Segundo os trabalhadores e o Sindicato de Trabalhadores da USP (SINTUSP) essa situação vem se agravando cada dia mais por conta da falta de investimento da universidade no hospital. Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP alega que há todo um histórico de cortes de verbas que são parte da origem desses problemas estruturais:

Essa situação é fruto de anos de ataques. Já em 2013 a reitoria cortou a verba destinada para a reformar o hospital que previa a modernização de todo o sistema elétrico, caldeiras, hidráulica, além da expansão da capacidade física e adequação às normas de segurança. Isso incluiria o pronto socorro adulto e infantil e a UTI. Depois em 2014 a reitoria tentou entregar o HU para a Secretaria Estadual de Saúde, mas nós organizamos uma forte greve de trabalhadores e estudantes da USP e conseguimos impedir isso. Em 2015 ela promoveu um programa de demissão voluntária que ocasionou a redução do número de funcionários de 1.759 trabalhadores para 1.456, chegando a 1.298, em 2020. Esses são somente alguns dos muitos ataques a reitoria vem tentando fazer como parte de um plano de desmonte do hospital

Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP

Os cortes no HU afetam também a população

As consequências dessa política, que seguidas gestões da reitoria da USP vem tendo, também afetou drasticamente a capacidade de atendimento à população da Zona Oeste, bem como de estudantes e servidora(e)s da universidade. Em estudo feito pela Associação de Docentes da USP (Adusp) apresentado na tabela a seguir é possível ver como essas consequências.

Dessa forma, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a Adusp, o Diretório Central do Estudantes da USP (DCE) denunciam que a reitoria está deliberadamente contribuindo com o desmonte do SUS, sistema tão fundamental como evidenciou a pandemia.

A USP alega não ter dinheiro para o hospital, mas coloca milhões nas Fundações Privadas.

Além disso, em junho de 2022, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior destinou R$ 217 milhões para reformas no Hospital das Clínicas de São Paulo e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, ambos administrados por duas fundações de direito privado, a Fundação Faculdade de Medicina (FFM) e a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do HCRP (FAEPA). No evento de doação, o então governador Rodrigo Garcia ressaltou a importância da universidade investir nos hospitais. Entretanto, internamente, a reitoria afirma que a USP não tem condições de financiar o HU que possui um orçamento total de cerca de R$ 301 milhões e é o único hospital da USP que ainda está sob administração direta. Com isso, cresce a suspeita de potencial conflito de interesses e soma-se à fatos como o atual reitor Carlotti Jr, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ter sido membro do conselho curador da FAEPA e ter votado no Conselho Universitário a entrega do HRAC à SES que depois entregou à FAEPA a administração deste hospital. Outros ex-reitores, como Marco Antônio Zago e Suely Vilela, também foram membros de conselhos que administram a FAEPA.

Recentemente, a reitoria apresentou uma proposta de investir R$ 150 milhões anualmente para custear o atendimento médico de servidora(e)s docentes e não docentes da USP através de planos de saúde privados ao invés de investir essa verba pública no HUv. O Sintusp questiona a decisão da reitoria de doar R$ 217 milhões para hospitais administrados por Fundações Privadas e não destinar nada para reformas urgentes que há anos são necessárias no HU, que é administrado diretamente pela USP. Assim como, questiona a não reposição do quadro de cerca de 600 funcionária(o)s do HU que poderiam se reverter em amplo atendimento à população.

Justamente por isso nós trabalhadores do HU aprovamos em nossa assembleia a realização de um ato nesta quarta-feira, 01/03, das 12h às 14h, em frente ao hospital. Nele se somarão também o Sintusp a Adusp, o DCE e movimentos populares de saúde e de moradores como o Coletivo Butantã na Luta, assim como organizações estudantis. É muito importante a presença de todos para que possamos defender o hospital dos planos privatistas da reitoria.

Barbara Della Torre, trabalhadora do HU e representante dos trabalhadores da USP no Conselho Universitário

Veja Também:
Convocatória do SINTUSP para o ato: Trabalhadora(e)s do HU-USP farão ato nesta 4ªfeira (1/3), 12h, para denunciar a calamidade no hospital e em defesa da saúde pública

Veja aqui os Boletins em que o SINTUSP vem denunciando a situação do HU:
Chuva torrencial dentro do HU - desmonte e descaso colocam os trabalhadores e pacientes em risco
Desmonte e do sucateamento acelerado do HU
O hospital sofre com falta crônica de mão de obra e está com sua estrutura gravemente deteriorada




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