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GREVE TRANSPORTES SP | "Trabalhadores dos transportes unidos são mais fortes, por vacina e contra os ataques!"

Os trabalhadores essenciais do Metrô de São Paulo estão em assembleia virtual da categoria e decidem hoje sobre indicativo de greve sanitária para o dia 20 de abril. Essa mobilização pode se juntar com ferroviários e rodoviários, contra ataques às categorias do transporte, tão essenciais e desvalorizados durante a pandemia e por vacina para todos. Conversamos sobre isso com Fernanda Peluci, diretora do Sindicato dos Metroviários de SP pela chapa 4 e militante do Movimento Nossa Classe.

quarta-feira 7 de abril de 2021 | Edição do dia

Assembleia de greve dos metroviários em 2014 - Imagem: Mídia Ninja

Esquerda Diário: Fernanda, como tem sido os impactos da pandemia para os metroviários e qual a postura da empresa e governo com a categoria?

Fernanda: Nós nunca paramos porque a maioria dos trabalhadores nunca parou. Continuamos transportando centenas de milhares de pessoas todos os dias, em vagões que seguiram lotados e com mais demanda de trabalho do que o atual quadro de funcionários dá conta, então imaginem só a sobrecarga que tivemos para redobrar os cuidados sanitários? E isso infelizmente cobra seu preço, desde o ano passado foram mais de mil afastamentos na categoria por covid-19 e 19 mortos, isso sem contar os trabalhadores terceirizados que não entram nesses dados porque o governo se nega a informar o Sindicato.

No meio disso tudo, Doria veio tentando atacar nossos direitos e até nosso plano de saúde, avançou na terceirização das bilheterias, retirou adicional de periculosidade e de bilheteria, precarizando serviços, e outros direitos que nossa greve do ano passado havia garantido. No começo desse ano não pagou a PR e os Steps aos funcionários que não tem seus salários equiparados com a função que exercem. Além de corte de adicionais para chantagear os trabalhadores idosos e do grupo de risco a voltarem para as estações e locais de trabalho, quando deveriam ter afastamento garantido sem corte de remuneração. Por isso debatemos a importância de uma organização de base da categoria em conjunto com as CIPAs, para organizar comissões de higiene e saúde que acompanhe os casos e tenha autonomia para exigir e garantir condições sanitárias e EPIs e organizar o trabalho em cada local de trabalho de forma que só seja realizado com segurança, com todas as medidas necessárias, e independentemente de supervisores e chefes. Empresa e governo fazem tudo isso chantageando e dividindo efetivos e terceirizados, que sofrem ainda mais com as piores condições, além de nos jogar contra a população que usa o transporte, como se tivéssemos algum privilégio, quando se tratam de direitos conquistados com muita luta.

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ED: É constante essa tentativa de colocar os metroviários como privilegiados para que a população fique contra a luta da categoria, mas como vocês discutem isso, que medidas se relacionam com a melhora do serviço para a população e o que essa possível greve do dia 20 pode ajudar nisso?

Fernanda: Quando lutamos por nossos direitos estamos lutando também pra garantir a qualidade do serviço para a população e essa greve é uma oportunidade importante pra juntarmos os trabalhadores de todos os ramos do transporte coletivo de São Paulo e mostrar nossa força. Para nós da Chapa 4 Nossa Classe a luta por vacina para os trabalhadores dos transportes e demais direitos, por exemplo, não está descolada da necessidade de nosso sindicato reivindicar um programa de resposta à crise sanitária, econômica e política que Bolsonaro e seu governo de militares, com seu negacionismo, mas também Doria, governadores, STF e congresso, com sua demagogia, descarregam sobre os trabalhadores e toda a população, como vacina para todos, que deve se dar pela quebra das patentes que só alimentam os lucros, e intervenção estatal em todos os laboratórios e indústrias farmacêuticas para produzir em massa, sob controle dos trabalhadores, atendendo rapidamente toda a população. Essa é uma luta de todos os trabalhadores e nós que trabalhamos nos transportes e podemos parar São Paulo queremos colocar nossa força a serviço disso.

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ED: Do que os metroviários precisam para avançar nessa luta?

Fernanda: Primeiro devemos aprovar o indicativo de greve dos metroviários, mas não só isso, o sindicato precisa tomar as medidas para construir de verdade e pela base. Precisamos que a categoria tenha ampla participação nas discussões sobre as medidas a serem tomadas e também nas propostas a serem levadas para votação na assembleia, com direito a falas e tempo de defesa das propostas.

O indicativo de greve está apontado para o dia 20, quando há um chamado de greve também dos rodoviários. Os ferroviários estão debatendo a possibilidade de indicar a mesma data para paralisar. Unidos somos muito mais fortes, temos que batalhar por essa perspectiva! Precisamos chamar nossos companheiros rodoviários a se somar as nossas forças, e para exigirmos juntos que todos os nossos sindicatos construam e levem essa luta até o fim, como CUT e CTB que têm uma base de milhões de trabalhadores e são majoritárias em nosso sindicato, saiam da trégua que estão com esses governos, e organizem assembleias em todos os locais de trabalho para construir a luta unificada da nossa classe.




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