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Greves na França | Trabalhadores ferroviários e das usinas nucleares se unem à greve petroleira na França

Trabalhadores de um dos cinco centros de manutenção de trens na França já votaram em uma assembleia geral se unirem à greve a partir de segunda-feira. Assim como os trabalhadores das usinas nucleares. Se juntam ao movimento iniciado nas refinarias por reajustes salariais diante do aumento da inflação. O governo Macron busca dividir os grevistas por meio de ameaças, mas só conseguiu aumentar a indignação.

sábado 15 de outubro de 2022 | Edição do dia

Tudo o que o governo Macron mais temia está acontecendo na França. Além da greve nas refinarias, que já dura mais de 20 dias e causa falta de combustível em todo o país, também há votos pela entrada na greve entre os ferroviários e também nas usinas nucleares. Algumas centrais sindicais já anunciaram um dia de greve geral para terça-feira, 18.

Desde o início da semana, o governo tenta isolar de todas as formas possíveis os petroquímicos em greve. Na terça-feira, o primeiro-ministro anunciou a imposição de um mínimo de atividade, sob pena de prisão, e a requisição de alguns grevistas para instalações da ExxonMobil, na esperança de intimidar os setores que estavam debatendo a adesão ao movimento.

Mas aconteceu o contrário. Ao mesmo tempo em que a refinaria de Donges, a segunda maior do país, aderia à greve, o mesmo acontecia na usina nuclear de Gravelines em resposta à repressão do governo, e agora vem sendo a vez dos ferroviários se juntarem à luta: esta quarta-feira (12) à tarde, os trabalhadores do centro técnico ferroviário de Landy votaram por uma greve reconduzível [por tempo indeterminado, mas que é votada periodicamente em assembleia] por um aumento de salários a partir de segunda-feira (17).

“Nos últimos dias, realizamos várias reuniões sindicais para discutir as questões atuais com nossos colegas, especialmente o que estava acontecendo nas refinarias”, explicou à nossa rede internacional Karim Dabaj, trabalhador do centro técnico Landy e ativista do sindicato ferroviário SudRail. “Muitos ferroviários se sentem incentivados pela greve no setor petroquímico e achamos que temos um papel a desempenhar na luta conjunta por salários”, continuou.

A assembleia geral dos ferroviários da equipe noturna, convocada na última quarta-feira, reuniu uma centena de trabalhadores e a mensagem foi clara: a greve foi votada para segunda-feira, 17 de outubro. “Estamos em uma dinâmica de greve reconduzível, como chamamos aqui. Sem combustível ou trens, vamos entrar em um movimento forte nacionalmente”, acrescentou Karim.

Graças ao golpe certeiro dado pelos petroquímicos, que estão em greve há várias semanas em diferentes plantas da ExxonMobil e da TotalEnergies, parando boa parte do país pela falta de combustível, outros setores que também lutam pelo aumento salarial foram inspirados a se juntarem nessa luta.

“Pra resumir, a greve nas refinarias inspirou e transmitiu ideias de luta aos ferroviários”, disse Karim, que também explicou que os lucros recordes do grupo patronal ferroviário SNCF este ano contribuíram para gerar indignação entre os trabalhadores. Neste quadro, os grevistas exigiram um aumento geral dos salários de 400 euros, bem como indenizações e melhorias nas condições de trabalho.

Em comunicado público na noite desta quarta-feira, os trabalhadores reunidos em assembleia geral convocam outros técnicos para se juntarem ao movimento. “Existem cinco centros técnicos na França. Se eles se juntarem, toda a rede ferroviária vai parar”, explicou Karim, que acrescentou: “depois será necessário que o resto dos trabalhadores da SNCF se juntem à greve para construir uma correlação de forças”. Estão previstas assembleias gerais, que devem confirmar a dinâmica de greve do centro técnico.

Uma situação que pode inspirar outros setores da classe trabalhadora, ao passo que se prepara um dia de greve nacional para a terça-feira, 18 de outubro, na França. Nós da rede internacional Esquerda Diário na França estaremos cobrindo diretamente essa luta, enquanto aqui no Brasil lutamos para enfrentar o bolsonarismo com a força da mobilização, fortalecer a auto-organização dos estudantes e que a UNE convoque uma paralisação nacional no mesmo dia 18 de outubro.




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