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Eleições 2022 | Ultimo pronunciamento de Bolsonaro silencia sobre Zambelli e faz promessas desesperadas e demagógicas

O bolsonarismo mais uma vez ascende a sua violência golpista. Carla Zambelli, deputada federal por SP pelo PL, notavelmente aliada ao presidente Bolsonaro, atacou um manifestante na capital paulista que fazia campanha por Lula. Após o atentado, Bolsonaro publicou algo que anunciou como um pronunciamento, uma série de tweets destilando uma bateria de propostas de aumento da repressão contra a juventude negra e conservadorismo, aliado de uma série de promessas sociais completamente demagógicas.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

domingo 30 de outubro de 2022 | Edição do dia

Na noite anterior à votação do segundo turno, se aceleram acontecimentos que definem o resultado de amanhã. O bolsonarismo mais uma vez ascende a sua violência golpista. Carla Zambelli, deputada federal por SP pelo PL, notavelmente aliada ao presidente Bolsonaro, atacou um manifestante na capital paulista que fazia campanha por Lula. Um homem negro, jornalista, é perseguido por ela e sua equipe a mão armada, com tiros para o alto, chutes e rasteiras. Uma cena asquerosa, como vimos antes no último domingo com o fascistóide Roberto Jefferson jogando bomba na PF em resistência à prisão.

Violência bolsonarista | URGENTE: Carla Zambelli saca arma e persegue manifestante pró-Lula e negro na rua em SP

Diferentemente do seu aliado “Bob Jeff”, Bolsonaro não tem como apagar as fotos com Carla Zambelli. Após o atentado, Bolsonaro publicou algo que anunciou como um pronunciamento, uma série de tweets destilando uma bateria de propostas de aumento da repressão contra a juventude negra e conservadorismo, aliado de uma série de promessas sociais completamente demagógicas.

No mesmo dia em que um jovem negro de 14 anos foi assassinado pela PRF no Rio de Janeiro voltando do trabalho, Bolsonaro anuncia que se for reeleito vai endurecer ainda mais a repressão e políticas que lavaram ao aumento das mortes e prisões da população negra no país. Redução da maioridade penal, endurecer penas e acelerar ritos de julgamento, além da proposta de excludente de ilicitude para aumentar ainda mais a impunidade dos policiais assassinos. Isso no país que 40% da população carcerária está presa sem sequer julgamento ou sentença condenatória, fruto também de um racismo judicial blindado também pelo STF.

Essa impunidade que no dia de hoje também foi expressa, com a PRF polícia inventando justificativas pela morte de Lorenzo, gerando protesto de centenas de moradores do Complexo do Chapadão. Um dos moradores foi claro em mostrar a diferença de como trataram Lorenzo em comparação com Roberto Jefferson, recebido com risadinhas e afagos pela PF depois de ter jogado bomba contra os policiais.

Racismo policial | Lorenzo, de 14 anos, é assassinado pela PRF em meio a campanha racista de Bolsonaro

Bolsonaro que no debate buscou se corrigir, dizendo que 99% do Complexo do Alemão “é gente boa”, é um canalha cuja política orienta a polícia, junto com governadores nos estados, como Cláudio Castro no RJ, a atirarem sem dó contra o povo negro e trabalhador, em um país mais direita negando inúmeras vezes o racismo no Brasil, junto de militares. Tudo isso combinado a uma proposta de aumentar mais os recursos à polícia.

Mas é sintomático o desespero que, praticamente já na “prorrogação” da campanha, Bolsonaro faça uma postagem tirando da cartola uma série de medidas econômicas voltadas aos setores populares. Salário mínimo de R$1400 no ano que vem, bônus produtividade no Auxílio Brasil, dialogo com professores, enfermeiras, prometendo moradias, etc. Além de uma promessa de vender toda costa Nordestina para as eólicas, que implicam na remoção de comunidades indígenas e de pequenos agricultores, além de danos ambientais, cuja referência ao destino de royalties ao Auxílio Brasil não passa de chantagem aos nordestinos. Um xenofóbico, com uma campanha eleitoral na região que fez referência ao KKK.

No debate da Globo dessa sexta, e há alguns dias, já vinha tentando reverter um desgaste com os anúncios de seu guru da economia Paulo Guedes falando que iria praticamente arrochar o salário mínimo e a aposentadoria, propondo uma PEC que retirava a obrigatoriedade de reajuste que corrija as perdas inflacionárias. Um plano que se vigorasse há 10 anos, teríamos hoje um salário mínimo de R$505,00, segundo o DIEESE.

Por mais que ele invente um país “que nunca esteve tão bem”, as cenas de mães caçando osso nas caçambas de lixo, aumento no endividamento no pagamento de contas de luz e água, preços dos alimentos, do gás, etc, são sentidas todos os dias. É responsável pela miséria, aumento da informalidade, trabalhos precários, chamando isso de geração de emprego para mascarar o desemprego real da população.

Tudo isso com uma boa dose de diálogos com os mercados, a quem ele sempre garantiu as demandas mais cruéis contra a população, em nome da responsabilidade fiscal, que novamente prometeu respeitar. Aumentou o endividamento com medidas como o orçamento secreto, e com a Reforma Administrativa, Carteira de Trabalho Verde Amarela, privatização de estatais, da saúde e inclusive das universidades, como prometeu Guedes, terá essas e outras medidas para descontar a crise nas costas dos trabalhadores, da juventude, garantindo isenções aos empresários e o pagamento religioso da dívida com os grandes bancos.

Com essas medidas demagógicas, Bolsonaro sinaliza uma última cartada de compromisso para tentar ganhar votos na reta final da campanha, mantendo as bases de discussão com as suas bases mais conservadoras. Dentre eles, sinaliza no pronunciamento que não irá propor aumento de ministros do STF, prometendo docilidade ao regime, se descolando das ações mais golpistas, se silenciando sobre o ataque de Carla Zambelli.

Não se sabe o quanto pode ter efeito essa jogada de desespero. Caso perca a eleição, Bolsonaro declarou que irá respeitar o resultado. Mas ações golpistas que vimos inflamar mais essa semana não estão descartadas, com Bolsonaro buscando manter sua base mais dura coesa nessa reta final. Ainda que a possibilidade de um golpe de fato esteja bastante restringida sem apoio da parte majoritária do capital financeiro e do imperialismo norte americano, que se alinha na chapa Lula-Alckmin, precisamos rechaçar toda e qualquer tipo de tentativa de ação golpista da extrema direita. Como Marcello Pablito, trabalhador da USP e dirigente do MRT, afirmou: “O DNA do Bolsonaro é o golpe de 1964 e o porão do DOPS. O golpismo está em seu sangue. Subiu ao poder graças ao golpe de 2016 e as eleições manipuladas de 2018”.

Eleições 2022 | Rechaçamos qualquer ameaça golpista de Bolsonaro, sem nenhuma confiança no TSE

Reproduzimos também o que o editor do Esquerda Diário, Caio Rosa, afirma neste artigo analisando o último debate na Globo: “Essa corja de extrema-direita, quer aumentar os lucros dos capitalistas às custas da classe trabalhadora, assim como o conjunto das reformas neoliberais. Só podem ser derrotadas pela luta, em um enfrentamento sério por meio de greves, manifestações de rua, mobilização e auto-organização pela base, impondo um programa para que os capitalistas paguem pela crise.

Mesmo em um eventual governo Lula, as condições econômicas e políticas vão ser completamente hostis a quaisquer concessões econômico-sociais. Ao contrário, o que se apresenta é um cenário de novos ataques, de um regime à direita, além da manutenção de todo o legado de contra-reformas e privatizações dos últimos anos de Bolsonaro e do golpista Temer. O ponto zero de qualquer posição política hoje é a luta pela revogação integral de todas as reformas, o que não será conquistado com alianças com a direita e o grande capital. É necessário construir uma alternativa independente, operária e socialista para dar uma resposta de fundo à crise e mandar a extrema-direita definitivamente para a lata do lixo da história.”




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