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Massacre do Carandiru | Pablito "30 anos do Massacre do Carandiru: não esquecemos e não perdoamos! Sem justiça, sem paz"

Hoje, dia 2 de Outubro, o brutal Massacre do Carandiru faz 30 anos. Conversamos com Marcello Pablito, fundador do coletivo Quilombo Vermelho e candidato a deputado federal pelo MRT, sobre a impunidade aos policiais, garantida pelo Estado burguês, avalizada fortemente no governo Bolsonaro.

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

domingo 2 de outubro de 2022 | Edição do dia

"Completam nesse 2 de outubro, 30 anos do maior massacre carcerário do país, em 2 de o massacre do carandiru, onde 111 homens foram mortos pelas mãos da polícia e 110 ficaram feridos, um verdadeiro banho de sangue negro. São 30 anos de história de impunidade racista garantida pelo judiciário e governo. Um crime atroz, covarde, regado de brutalidade, sem nada igual ocorrido antes, que deixa evidente o caráter racista da burguesia brasileira construída ao longos anos de escravidão e revolta negra.

A tropa de choque da polícia militar de São Paulo, os “cachorros assassinos” do governador Luiz Antônio Fleury Filho e do comandante Ubiratan Guimarães entraram nos pavilhões para matar a sangue frio em meio ao avanço do neoliberalismo no país com uma série de privatizações e ataques aos trabalhadores, para deixar claro que estavam dispostos inclusive de passar por cima da vida de homens negros.

Neste ano, foi proposto a anistia dos policiais pelo deputado Capitão Augusto (PL-SP), do mesmo partido de Bolsonaro. Capitão Augusto teve seu relatório favorável pelo deputado Sargento Fahur (PSD-PR) e aprovado pela comissão de segurança pública. As defesas dos policiais tentam maquiar os fatos, alegando que os policiais sofrem represálias ideológicas até hoje devido aos assassinatos no presídio, no entanto, a perícia concluiu que 70% dos tiros foram dados em direção à cabeça e ao tórax, o que mostra que a intenção era de fato matar!

Não é apenas coincidência que essa proposta seja feita em meio ao Brasil de Bolsonaro, um governo reacionário, de brutais ataques aos negros, mulheres, indígenas, LGBTQIA+ e aos trabalhadores, que celebra massacres como o de Carandiru, como fez no massacre de Jacarezinho, com o total de 28 mortos elas mãos da polícia de Cláudio Castro (PL-RJ), governador do Rio de Janeiro e ferrenho aliado de Bolsonaro. O próprio Bolsonaro chegou a falar o absurdo que “a PM devia ter matado 1.000 e não 111". Nada mais asqueroso! Isso ocorre nos marcos do avanço do reacionarismo após o golpe institucional, que marcou uma mudança na correlação de forças a favor da burguesia, para passar no governo de Temer a reforma da trabalhista e da reforma previdência já no governo Bolsonaro, severos ataques, com o crivo do Superior Tribunal Federal (STF), que rebaixam as condições de vida para o conjunto da classe trabalhadora, principalmente aos mais pobres.

É necessário lutarmos para que os policiais e seus mandantes sejam punidos pelo massacre, não podemos aceitar a anistia como querem os aliados de Bolsonaro. A polícia não pode ser julgada pelos seus pares em fóruns especiais, isso serve apenas para seguir a impunidade por este crime racista, que já perdurou por 30 anos, e a segurança da propriedade privada, dos ricos, empresários e o governo legislando para a elite.

Precisamos tomar essa luta com todo ódio por justiça aos mortos do Carandiru em nossas mãos, dos trabalhadores, do povo negro e o conjunto dos oprimidos, com nossos sindicatos, movimentos estudantis e sociais. Não podemos depositar nenhuma confiança em Alckmin, que em 2017 nomeou um dos responsáveis pelo massacre para dirigir a polícia de São Paulo, nem no STF, uma instituição do regime que apoia os ataques e reformas em curso, além de ter sido uma peça central no golpe institucional de 2016 e na proscrição de Lula. As maiores centrais sindicais, CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB, devem construir um plano de lutas contra as reformas e ataques de Temer e Bolsonaro e por justiça pelos mortos de Carandiru, ao invés de canalizar toda raiva para a chapa Lula-Alckmin. Não esquecemos que foi no governo do PT que ocorreu a ocupação das tropas do Brasil no Haiti. Somente com as forças da nossa classe podemos varrer esse legado racista que Bolsonaro representa, da violência da polícia, milícias, garimpeiros e fazendeiros contra a população negra e indígena. Exigimos justiça aos assassinados no massacre do Carandiru. Não esqueceremos e não perdoamos! Sem Justiça, sem paz!"




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