Os debatedores eram Simone Ishibashi, que é doutoranda em Economia Política pela UFRJ e editora da Revista Ideias de Esquerda e Ulisses Fernandes, que é professor do curso de Geografia da UERJ e também do seu programa de pós-graduação. Na mediação, Samyr Rangel, estudante da graduação em Geografia/UERJ e da Juventude Faísca.
Simone em sua fala colocou importantes elementos da conjuntura política internacional e os fatores que levam a essa tentativa de ingerência clara sobre nosso país vizinho e de como a situação deles também está relacionada com a nossa situação atual, num cenário de pós-golpe.
A exemplo do que ocorreu no Brasil, mas por outras vias já que aqui foi através do Judiciário e da Lava Jato, os EUA e a direita local venezuelana buscam impor um golpe para depor Maduro, sucessor de Chávez que governa desde 2013. - diz ela -Juan Guaidó, membro do Voluntad Popular e presidente da Assembleia Nacional que está dominado pelos golpistas, e porta-voz da direita golpista que era um desconhecido até bem pouco tempo, muito embora tenha se tornado recentemente o rosto da direita Se autodeclarou presidente interino da Venezuela, sendo reconhecido pelos EUA, por Bolsonaro que o recebeu, e por outros governos da União Europeia, e aprofundou a crise política do país. Ele é apoiado abertamente por Washington e utiliza a situação de catástrofe econômica e social do país e o fato das massas estarem saturadas da política econômica anti-operária, antipopular e repressiva de Maduro, para buscar uma base interna para o golpe.
Também fala de como o Plano Econômico do autoproclamado presidente do país, o golpista Guaidó, nada mais é que um aprofundamento da subserviência econômica da Venezuela aos interesses imperialistas estadunidenses.
“O objetivo da direita e do governo norte-americano é impor um duro plano de ataques neoliberais como privatizações, demissão de funcionários públicos e elevação da dívida, que eles batizaram com o nome de “Plano País”. Para esse objetivo, a direita venezuelana conta ainda com o apoio do Grupo de Lima. O Grupo de Lima foi o resultado de uma reunião que aconteceu em 2017 na capital do Peru, em que chanceleres de países como o Brasil, Argentina, Colômbia, Chie e outros mais declararam seu apoio à falácia de “ajuda humanitária” à Venezuela. Na verdade terminam apoiando a tentativa dos golpistas. Bolsonaro atualmente com a sua política completamente servil aos Estados Unidos vem sendo peça chave para a promoção desses interesses.”
Simone finalizou colocando os elementos que seriam fundamentais para dar uma saída real que atravessa o país:
É preciso que haja auto-organização dos trabalhadores e um programa de emergência que parta do não ao pagamento da dívida externa; repatriação dos capitais em fuga, aplicando medidas de exceção para obrigar estes delinquentes de “colarinho branco” que estafaram o país a repatriar o que saquearam; impor o monopólio estatal do comércio exterior; anulação dos atos de entrega dos recursos naturais, como o Arco do Orinoco e o petróleo, e sob controle de seus trabalhadores; confiscação dos bens daqueles que saquearam o país, dentre outras demandas. No calor da luta por estas demandas poderão surgir organismos de democracia direta e de frente única tanto do movimento operário, como entre os trabalhadores e os setores populares, as mulheres e a juventude, base de uma potencial aliança operária e popular. Nessa perspectiva, a auto-organização dos trabalhadores implica também no direito e na necessidade de organizar sua própria autodefesa frente à repressão das Forças Armadas e as bandas paramilitares.
O professor Ulisses em sua fala deu destaque as questões migratórias que atravessam o país, pontuando que na sua análise a “crise migratória” apontada pelos veículos da grande mídia seria um exagero ou até mesmo um erro, proposital. E diz:
Para se chegar a uma crise migratória precisam de alguns elementos, dentre os quais estão: países em situação de guerra, fome ou com grandes pandemias sociais.” Completa dizendo que “(..)na Venezuela, a maioria dos migrantes, segundo dados dos países que recebem e os do próprio estado Venezuelano, seriam de classe média, sendo uma parcela da população que não estaria sendo atingida pelo estágio de fome e surtos sociais.
O professor diz que os refugiados podem ser desde refugiados políticos, parcela que existe dentre os migrantes venezuelanos e os mais comuns, como os citados acima para referir-se a crise migratória.
À esquerda: professor Ulisses Fernandes, ao centro Samyr Rangel, à direita Simone Ishibashi
Este debate de extrema importância marca o começo de uma série de Debates que a Juventude Faísca - UERJ, quer realizar, abarcando temas de muita relevância política-social nos dias de hoje.
Também fazemos um chamado à Juventude a se organizar, a aprofundarmos esses debates, para que tenhamos uma Juventude revolucionária, anticapitalista e aliada da classe trabalhadora.
O Esquerda Diário também é parte dessa campanha contra a Ofensiva Imperialista na América Latina e vem fazendo periodicamente publicações e chamados sobre o tema
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