Em uma reportagem produzida pela agência Reuters, jornalistas desenvolveram uma linha do tempo tentando mostrar como o Brasil chegou a ser o novo epicentro da doença no mundo. Para isso, foram coletados alguns materiais, dentre eles o depoimento Julio Croda, chefe do departamento de imunização e doenças transmissíveis do Ministério da Saúde durante a gestão Mandetta, um dos responsáveis pelo sucateamento do Sistema Único de Saúde.
Em seu depoimento, Julio compartilhou a absurda declaração feita por Solange Vieira, que disse ver um cenário positivo da doença sobre o país para regularizar o déficit previdenciário. “É bom que as mortes se concentrem entre os idosos… Isso melhorará nosso desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit previdenciário”, disse a economista que comanda a Superintendência de Seguros Privados.
Partindo dos dados do país desde o princípio da pandemia, fica claro que a vida dos trabalhadores nunca foi uma preocupação para o governo Bolsonaro. Na verdade, antes mesmo da chegada do covid-19 no país, foram dirigidos uma série de ataque à vida dos trabalhadores que, inclusive, foram fundamentais para que os efeitos sociais da pandemia sejam cada vez mais profundos.
Para piorar, a tendência apresentada na reunião ministerial, divulgada a mando do ministro Celso de Mello do STF, reforçam a despreocupação do governo com os trabalhadores. Ao longo dela, sequer foram discutidas políticas frente a cenário catastrófico no país, no qual temos mais de 24 mil mortos e que pode se aprofundar ainda mais, chegando até a 200 mil, conforme a projeção feita pela universidade Washington.
Solange Vieira, uma das responsáveis por arquitetar a Reforma da Previdência, um dos principais ataques aprovados no governo Bolsonaro, expressa perfeitamente os interesses dos grandes empresários que querem a todo custo a reabertura econômica. Ela mostra o que esse sistema econômico reserva aos trabalhadores: a exploração intensificada, o desemprego, a falta de testes, leitos e o fim do direito à aposentadoria.
Frente a esse cenário se coloca a necessidade de um alternativa dos trabalhadores, que questione esse sistema econômico, sem confiança em setores da direita, como Maia e o STF, e sem abrir espaço para a que se dê mais poder aos militares que tutelam esse governo. É preciso que sejam fornecidos testes, respiradores e leitos, por meio da reconversão industrial e pela estatização de todos os leitos sob o controle dos trabalhadores, bem como apresenta-se a extrema necessidade lutar por uma Assembleia Constituinte Livre e soberana.
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