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LGBT
A Uber não fala em nosso nome: Demagogia capitalista com os LGBTs
Gabriela Mueller
Estudante UFRGS

No mês do orgulho LGBT, cinicamente, a Uber customiza o trecho do caminho da corrida com as cores da bandeira lgbt, fazendo referência à diversidade e inclusão, como se não colocassem todos os dias jovens negros, mulheres e pessoas lgbt com uma bag nas costas, sujeitos a todo o tipo de violência e insegurança no trabalho.

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Enquanto a Uber faz propaganda inclusiva, no mês da inspiradora revolta de Stonewall, o número de assassinatos de pessoas trans sobe - em 2020, 41% a mais que no ano anterior, sendo 78% das vítimas, mulheres negras - e o número de mulheres do público T em subempregos como a prostituição é de 90%, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais. Esses dados provam que a propaganda da empresa de entregas não passa de fachada para vender a imagem da inclusão, se valendo das lutas de opressão para lucrar mais. Essa contradição é ainda mais escancarada quando, na mesma semana em que a Uber faz o trecho do caminho da corrida com as cores da bandeira LGBT, viraliza uma foto de uma entregadora com uma bag nas costas e o filho nos braços. O capitalismo segue incorporando às suas entranhas a opressão aos negros, mulheres e LGBTs para explorar mais ainda esses setores da classe trabalhadora, e ainda mente que é possível haver uma minimização das opressões por dentro do sistema.

Não é de hoje que as empresas se utilizam de bandeiras da luta negra, da luta das mulheres e da luta LGBT para customizar seus produtos com a finalidade de atingir esses públicos, ou até mesmo propagandeiam que têm uma CEO lésbica ou um CEO negro. Em 2020 a Uber publicou um relatório de levantamento sobre diversidade na empresa, publicando “regras” de convivência e culturas da empresa que supostamente prezam pela inclusão, como se estivesse preocupada realmente com solucionar de fato essas pautas. Isso, sem sombra de dúvidas, foi reflexo do movimento do Black Lives Matter em 2020, e que muitas empresas, sentindo o medo da revolta dos negros e negras nos EUA e pelo mundo, tentaram canalizar para o seu palavrório vazio e supostamente antirracista, que estavam lutando para acabar com o racismo dentro das empresas por meio de capacitações e projetos semelhantes.

Essa cooptação acontece também dentro do movimento LGBT, a exemplo da Uber, que, fazendo referência ao mês da inclusão, quer se pintar como empresa inclusiva, distorcendo o legado de luta de Stonewall, acontecida em 28 de junho de 1969, em que trans, lésbicas e gays foram linha de frente da revolta contra a policia de Nova Iorque e contra toda forma de repressão e discriminação. É nessas experiências de combate e subversão que os trabalhadores e as populações oprimidas precisam se inspirar, com a energia, a coragem e a gana na luta contra a polícia com que travestis, lésbicas e gays incendiaram Nova Iorque e marcaram historicamente o movimento LGBT.

É com esse espírito que os trabalhadores e os setores oprimidos precisam lutar contra as opressões, enterrando-as junto ao capitalismo, para que se possa abrir um caminho real para uma sociedade livre da exploração, da opressão e da barbárie que esse sistema impõe. Os LGBTs, os negros e as mulheres não cabem nos topos capitalistas para ver o chão ainda sujo de sangue, mas cabem sim na linha de frente da revolução contra esse sistema, abrindo espaço para uma vida plena de sentido.

 
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