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GOVERNO BOLSONARO
Quem está por trás do Superimpeachment?
Juliane Santos
Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Superimpeachment, que unifica setores da direita à esquerda, com nomes como Alexandre Frota, Joice Hasselman, partidos burgueses como PDT e golpistas como Rede e PSB, além de partidos de esquerda como PSOL, UP, PCB e PSTU será protocolado hoje. A saída para derrotarmos os ataques não virá dessa unidade com nossos inimigos, mas sim por meio da força da nossa organização e luta

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Reprodução - Ag. Câmara - Marcos Corrêa/PR

Nesta quarta-feira, 30, será protocolado o superimpeachment, que vai unificar em um só documento os argumentos dos mais de 100 pedidos de impeachment já apresentados à Câmara dos Deputados. No mesmo dia será realizado um ato com todos os partidos, organizações, lideranças e entidades que já fizeram pedidos de impeachment com o intuito de unificar todos eles.

O movimento reúne partidos como o PSOL, PCB, PSTU, PCO, PCdoB, PDT, PSB, Rede, UP, PV e Cidadania. Também fazem parte entidades como a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), o sindicato dos professores estaduais (Apeoesp) e o sindicato dos trabalhadores da Fiocruz (Asfoc), a Bancada ativista, as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, a Coalizão Negra por Direitos e o grupo juridico Prerrogativas, os movimentos Acredito, Agora!, Livres e 324 Artes e grupos religiosos como o Cristãos Contra o Fascismo. Ex-aliados de Bolsonaro juntaram-se à causa, como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP), e Joice Hasselmann (PSL-SP) e o MBL (Movimento Brasil Livre).

Joice Hasselman é uma das grandes figuras da direita lava-jatista que saiu às ruas em 2015 pelo impeachment de Dilma Rousseff, foi líder do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro até o momento em que estouraram os conflitos com seu gabinete de ódio, estando lado a lado com o presidente que hoje se diz opositora, defendendo seus ataques na economia e sua política reacionária de costumes, apoiando-se nas Igrejas Evangélicas.

É defensora das reformas e golpista notória, cumpriu um papel ativo na aprovação da Reforma da Previdência de Bolsonaro, que ataca as mulheres trabalhadoras e arranca seu direito de morrer sem trabalhar. Hasselmann pode ter rompido com Bolsonaro, mas não rompeu com sua defesa de medidas reacionárias, misóginas, racistas e homofóbicas, e de ataques econômicos aos trabalhadores e aos mais pobres. Ela, como boa golpista que é, defende o aprofundamento do autoritarismo no regime brasileiro, e um conjunto de pautas ultra liberais e ultra reacionárias.

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Alexandre Frota foi um forte apoiador do governo do Planalto, se filiando ao PSL, antigo partido de Bolsonaro, e se elegendo deputado federal. Apoiou o golpe institucional, segue tendo uma política reacionária, misógina, e apoia todos os ataques econômicos destinados aos trabalhadores.

Já o MBL se tornou conhecido em todo país por impulsionar os atos que levaram ao golpe institucional de 2016. Uma organização de moleques reacionários, como Kim Kataguiri e Fernando Holliday, que sempre lutaram contra o direito das mulheres, LGBTs e negros, e defendem um programa liberal de profundos ataques contra os trabalhadores, além de pregarem fortemente contra a esquerda.

O super pedido de impeachment também conta com a presença de partidos burgueses como PDT e golpistas como PSB e Rede, além do próprio PT e PCdoB, partidos que dirigem as principais entidades estudantis e sindicais do país e atuam como verdadeiros freios na luta dos trabalhadores e da juventude em nome de uma estratégia de conciliação de classes e confiança nas instituições, em que a força e disposição de luta da população é contida conforme os interesses desses grupos.

Juntamente com todas essas figuras e partidos encontramos organizações de esquerda como o PSOL, UP, PCB e PSTU. Tais partidos demonstram seguir uma estratégia de confiança nas instituições, pois para o impeachment ocorrer seria necessário ocorrer o aval de Lira, atual presidente da Câmara e aliado de Bolsonaro, ser aprovado posteriormente na Câmara dos deputados e no senado, locais em que estão setores de direita, golpistas, e que foram a favor de todos os ataques econômicos do governo Bolsonaro. Na prática é confiar que esses atores farão algo que vá contra seus interesses, e caso houvesse uma maior pressão popular para que o processo de impeachment fosse aceito o cálculo desses políticos seriam atualizados para colocar Mourão no poder, atual vice-presidente, militar que reivindica a ditadura e defende o mesmo projeto econômico de Bolsonaro.

Os recentes escândalos de corrupção no governo Bolsonaro, primeiro com as denúncias envolvendo Ricardo Barros e agora mais recentemente de que o governo teria negociado 1 dólar de propina para cada dose da vacina Astrazeneca, intensificaram uma possível articulação de forças da burguesia e do imperialismo do Partido Democratas para aumentar a pressão destituinte de Bolsonaro e fazer emergir uma terceira via da direita, que possa seguir com cada um dos ataques do regime do golpe, mas sem o alinhamento político ideológico com Trump. Por isso, debater a estratégia do impeachment se faz tão fundamental para pensar quem são nossos aliados e onde depositamos nossas forças.

Confiar no impeachment é confiar nas instituições brasileiras que foram fundamentais para que ocorresse o golpe institucional no país contra os trabalhadores, que abriu espaço para colocar Temer na presidência, e posteriormente Bolsonaro, e ser aplicado uma plano de reformas e privatizações para garantir que os trabalhadores e o povo pobre pagariam pela crise, e não os grandes empresários burgueses que foram os que de fato geraram a crise.

Para além disso é acreditar que colocar Mourão no poder poderia trazer algo de positivo, demonstrando uma perspectiva de ver a saída nas eleições de 2022, já que caso seja aceito o pedido de impeachment o processo seria longo e demoraria meses. Mas agora, defender que nossa mobilização nas ruas é para estar lado a lado de figuras ultra reacionárias como Joice Hasselmann, Alexandre Frota e os moleques do MBL na pressão para que se aprove o pedido de impeachment cumpre também o papel de fortalecer essa busca de setores da direita por emergir uma terceira via, e não uma terceira via que vai a favor da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais, como os indígenas que estão em pé de guerra contra PL 490 e o marco temporal, seria emergir uma terceira via que defende o mesmo projeto de ataques econômicos do governo, dos mesmo que aprovaram a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista, o teto nos gastos em saúde e educação, a privatização da Eletrobrás e também querem que sejamos nós a pagar pela crise.

Não podemos aceitar que a nossa disposição de luta contra os mais de meio milhão de mortos no país, que nossa indignação contra o desemprego e a fome, contra os cortes na saúde e educação, sejam colocadas para saídas por dentro do regime golpista, confiando em atores que não têm interesse em revogar os ataques já passados, mas ao contrário disso buscam seguir com a agenda de ataques como a Reforma Administrativa. Todos esses ataques foram realizados pelas mãos do governo Bolsonaro, mas com apoio do Congresso Nacional, STF e muitos governadores.

A única saída para derrotar Bolsonaro, o militar Mourão, e todos os atores golpistas, que mesmo que por vezes se coloquem como oposição ao governo se unem a ele para atacar os pobres e todos os setores oprimidos, é confiarmos nas nossas próprias forças organizadas. Para isso é necessário que ocorram assembleias em todos os locais de trabalho e estudo, para que todos os trabalhadores e estudantes possam ser sujeitos de debater e decidir por si mesmos em qual estratégia será empregada a força da sua luta, e possamos batalhar pela construção de uma greve geral, onde a gente faça uma forte paralisação das atividades e ataque o coração do capitalismo: o lucro.

Desde nossas universidades podemos nos organizar para estar lado a lado com os trabalhadores que movem o mundo e podem dar uma resposta de fundo para a crise capitalista, fazendo dessa paralisação nacional um grande dia de luta. Para que isso possa se tornar uma alternativa real, chamamos todos os setores que se colocam à esquerda das burocracias que dirigem majoritariamente o movimento de massas a colocar de pé um Comitê Nacional pela Greve Geral exigindo que estas direções burocráticas construam essa greve com um plano de luta. Um Comitê que poderia reunir milhares de militantes e ativistas em cada canto do país e que desejam que os atos não sejam rotineiros e eleitorais.

Como parte dessa luta, nós acreditamos que os trabalhadores e todos os setores que são oprimidos diariamente nessa sociedade precisam se organizar para conseguir a revogação de todos os ataques que foram aplicados a partir do golpe institucional, e para isso seria necessário não só mudar os atores mas também as regras do jogo, defendendo uma Constituinte Livre e Soberana, que fosse imposta pela nossa luta, nos inspirando no exemplo do Chile e indo além.

A saída não virá por meio da confiança nos setores de direita, reacionários e golpistas que durante tantos anos aplicaram ataques nas nossas costas, mas sim confiando na força e disposição de luta dos trabalhadores, estudantes e todos os setores oprimidos, auto organizados. Um caminho que não é possível conquistar depositando nossas forças em apoiar um pedido de impeachment que engloba até mesmo ex-bolsonaristas que ainda defendem o mesmo projeto econômico que Bolsonaro. Por isso, neste dia 3 de julho, estaremos nas ruas de todo país lutando por uma Greve Geral para derrubar Bolsonaro, Mourão, os ataques e impor uma nova Constituinte.

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