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Retorno inseguro
Seguindo Doria, Nunes anuncia retomada de 100% da capacidade nas escolas de São Paulo
Sergio Araujo
Professor da rede municipal de São Paulo e integrante do Movimento Nossa Classe Educação

Seguindo os passos do ministro da educação de Bolsonaro, Milton Ribeiro, e Doria (PSDB) no governo de SP, Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo anunciou nessa terça-feira, que a partir de 2 de agosto todas as escolas do ensino fundamental da rede municipal poderão receber 100% dos alunos

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Imagem: Karime Xavier / Folhapress

Seguindo os passos Doria (PSDB) e Rossieli no governo do estado, Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e seu secretário de educação Fernando Padula anunciaram nessa terça-feira, 20/07, que a partir de 2 de agosto todas as escolas do ensino fundamental da rede municipal poderão receber 100% dos alunos – assim como as EMEIs mas essas terão suas jornadas reduzidas em meia hora – enquanto as creches do município poderão atender 60% de sua capacidade. Doria havia feito o anúncio da retirada do limite máximo de 35% da capacidade de alunos para as escolas, públicas e particulares, no estado de São Paulo no início desse mês. Até o início de agosto a grande maioria dos trabalhadores da educação ainda não terão recebido a segunda dose da vacina contra Covid-19.

Mas para garantir essas novas regras, assim como foi no início do ano quando começou a reabertura insegura das escolas, nenhuma reforma estrutural significativa será realizada para melhorar as condições físicas das escolas, tão pouco será ampliado o quadro de funcionários de apoio ou professores. A única “medida de segurança” que as escolas deverão seguir será respeitar 1 metro de distância entre os estudantes e o uso de máscaras. Novamente a decisão de como e quando reabrir as escolas não está nas mãos da comunidade escolar que é de fato quem conhece a realidade de cada escola.

A reabertura insegura das escolas, que o estado e a cidade de São Paulo tem estado na dianteira no país desde o início do ano, já foi responsável pelas mortes de centenas profissionais da educação. Segundo o DIEESE nos primeiros quatro anos desse ano o número de desligamentos por morte na educação aumentou 128%! Os educadores do município de São Paulo protagonizaram uma greve de mais de 100 dias contra essa reabertura insegura, que Covas e Nunes lidaram com total intransigência, cortando o ponto dos grevista, e agora Nunes vem rasgando o acordo de greve que previa entre outros pontos a organização de um rodízio de profissionais nas escolas para diminuir a exposição.

Veja aqui: Desligamento por morte sobe 128% entre os profissionais da educação em 2021

No mesmo dia em que Nunes anuncia a retomada de 100% da capacidade nas escolas, o ministro da educação de Bolsonaro, o reacionário e fundamentalista Milton Ribeiro, fez um pronunciamento conclamando o retorno presencial das aulas e que se fosse por ele já teria determinado o retorno presencial das aulas. Além de todo reacionarismo, e outras afinidades políticas, Ribeiro e Nunes nutrem em comum um especial descaso com a educação pública. Ainda esse mês Nunes deixou crianças e famílias sem creche mudando a gestão de unidades administradas por OSs da noite para o dia. Mais uma mostra do que significa a terceirização da educação que ele tanto defende.

Enquanto, Ribeiro jamais diria nada sobre os impactos de sucessivos cortes de verbas para a educação no país, do sucateamento e aumento da precarização. Ele e Nunes, que é suspeito de corrupção envolvendo creches conveniadas, da mesma forma que Doria e outros tantos governantes, deixam cada vez mais claro que seus compromissos são com os barões da educação.

Veja mais: MEC de Bolsonaro faz demagogia pela reabertura das escolas e ignora nossos mortos.

Aqueles que realmente se beneficiam com a reabertura insegura das escolas são os empresários da educação que pressionam pela reabertura a qualquer custo desde o ano passado. Para as famílias mais riscos. E para as educadoras, sejam do apoio, da limpeza, merenda ou dentro das salas de aula além do maior risco de contaminação, sabemos que significará uma carga de trabalho maior, ainda mais que o estafante e excludente modelo de ensino híbrido seguirá em curso.

Por isso, qualquer retorno presencial, seja parcial ou total para que seja realmente seguro, precisa passar por quem conhece o cotidiano e as condições de cada escola e região da cidade. O debate e as decisões devem ser tomadas pela comunidade escolar para definir quando e como, não por políticos reacionários que não se preocupam com as nossas vidas e que sequer pisam nas escolas do país. Esse debate e decisão devem se dar pela implementação de comissões de segurança e higiene, compostas pelos membros da comunidade escolar, em todas as escolas da cidade e do estado.

 
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