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11/08
Dia do estudante: só lutando e auto-organizados podemos vencer Bolsonaro e Mourão
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN

A necessidade de se organizar para derrubar Bolsonaro, Mourão e cada um dos ataques é acordo comum entre a imensa maioria dos estudantes, atingidos pelos impactos dos cortes bilionários na educação, ao ponto do ENEM ter uma queda de inscritos de 44% em comparação ao ano anterior e vermos a Cinemateca se somar aos registros da nossa história transformados em cinzas. Raiva não falta, mas a identificação do conjunto dos inimigos e a auto-organização à altura do momento são debates urgentes.

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A identificação dos inimigos

Bolsonaro é um reacionário odioso, inimigo dos trabalhadores e dos setores oprimidos, junto a Paulo Guedes busca exterminar os direitos dos trabalhadores. O vice de Bolsonaro, General Mourão, não fica atrás, defensor da Ditadura Militar e racista orgulhoso, não à toa ocupa este cargo como vice.

Com os impactos da pandemia, tanto no sentido sanitário com o negacionismo bolsonarista como principal responsável pelas mais de 550 mil mortes pela COVID 19 no Brasil, quanto no sentido econômico com 125,6 milhões de pessoas em insegurança alimentar e desemprego e precarização crescentes, diferentes co-responsáveis buscam se desvencilhar de Bolsonaro, como o Senado com a CPI da Covid, enquanto foram parte fundamental da implementação de cada um dos ataques, inclusa a Lei do Teto de Gastos que ataca a saúde e educação à serviço da dívida pública.

Também os governadores, como João Dória em São Paulo, que há pouco se apresentava como Bolsodória e cujos ataques contribuíram para a degradação das condições de vida da classe trabalhadora, com filas de leitos que chegaram a mais de 650 pessoas, cujas polícias seguem assassinando a juventude negra e cuja justiça prendeu Galo durante 8 dias em defesa da estátua do escravista Borba Gato.

Bolsonaro não surgiu do nada, sua eleição é fruto do Golpe Institucional de 2016, promovido pela extrema-direita fortalecida durante os anos de governo do PT, junto ao Congresso Nacional, com apoio e tutela do Judiciário (STF) e das Forças Armadas, que hoje respaldam a escala do discurso golpista de Bolsonaro. O STF, longe de ser defensor de direitos democráticos, na realidade possibilitou cada uma das manipulações das eleições de 2018, assim como contribuiu para a implementação dos ataques, com salários milionários enquanto a população paga a legalidade da terceirização irrestrita.

Nos últimos meses, o PT segue deixando Bolsonaro sangrar, preparando as eleições de 2022, deixam passar ataques econômicos gigantescos que afetam empresas estratégicas como os Correios e a Eletrobrás, sem mobilizar os milhões de trabalhadores dirigidos pela CUT, ao passo que negociam com Sarney e perdoam aqueles que foram parte do golpe em 2016. Já a política de impeachment de Bolsonaro, adotada pelo conjunto das organizações que se declaram de esquerda, como PSOL, PSTU, PCB e UP, ganhou adesões de figuras como Kim Kataguiri, Joice Hasselman e Alexandre Frota, e da direita como o PSDB aderindo às manifestações em São Paulo, mostrando como essa não é uma alternativa na defesa dos direitos dos trabalhadores, da juventude e dos setores oprimidos.

Nossa unidade não pode ser com a direita que nos ataca, mas precisa ser com a classe trabalhadora.

Auto-organização: Por que e como?

Nas demonstrações cabais de decadência do sistema capitalista, como a própria pandemia da COVID 19, os fogos na Turquia e inundações na Alemanha e na China, também se evidencia qual a única classe capaz de responder à miséria imposta pela existência da propriedade privada, a classe trabalhadora, ao lado da qual os estudantes e a juventude precisam estar.

Mas para isso, os estudantes precisam se organizar democraticamente, assim como os trabalhadores, o que não ocorre em primeiro lugar por responsabilidade dos que estão à frente das principais entidades, Centrais Sindicais, sindicatos, a UNE, Diretórios Centrais de Estudantes e Centros Acadêmicos. A lógica predominante é a da direção majoritária da UNE, da UJS, PT e Levante Popular da Juventude, que é funcional ao que estas mesmas direções levam à frente na direção da CUT e da CTB, as duas principais Centrais Sindicais, de deixar Bolsonaro sangrar rumo às eleições de 2022, criando ainda mais ilusões em um futuro mandato de Lula, ao lado de Sarney e perdoando os que fizeram o golpe de 2016.

Por isso defendemos a auto-organização, ou seja, que em cada local de estudo e trabalho se organizem assembleias de base para organizar uma greve geral que coloque a classe trabalhadora na ofensiva, com a juventude ombro a ombro, para expulsar a direita e poder, de fato, impor perdas aos lucros capitalistas.

Na noite de quarta, 4, foi realizada uma plenária com representantes de entidades estudantis dirigidas por correntes como o MES-PSOL, UP e PCB, na qual nós da Faísca nos somamos com representantes do Centro Acadêmico Dionísio, do Teatro da UFRGS, da Representação Estudantil de Artes da UFMG e do CAFCA, de Filosofia também da UFMG. Nela, assim como em seus textos, militantes do Juntos criticaram abstratamente as direções que não querem lutar, não diferenciando em nenhum momento a política, nem citando quem realmente são para possibilitar diálogo concreto, as correntes convidaram o PT para uma saudação.

Unificadamente, se recusaram a colocar em votação a proposta levantada pela Faísca, de uma carta de chamado à conformação de um Comitê Nacional pela Greve Geral com a exigência à UNE, CUT e CTB para convocação de assembleias de base em cada local de trabalho e estudo, com o argumento de que os estudantes não devem ter posições sobre a luta dos trabalhadores.

Nos últimos meses, estas correntes têm se adaptado vergonhosamente à separação promovida pela CUT e CTB, que convocam dias de luta que praticamente não existem dos trabalhadores contra ataques econômicos, separados dos dias de manifestação pelo Fora Bolsonaro. Ao mesmo tempo, é diretamente impossível encontrar posições oficiais sobre a presença da direita nos atos e todas estavam na cerimônia de entrega do Super-Impeachment, produzindo imagens de adaptação lamentável que precisa ser combatida.

Longe de qualquer fetichismo, queremos assembleias porque sabemos que são um caminho concreto para superação das burocracias, fazendo com que os estudantes e trabalhadores sejam sujeitos da mobilização e para colocar setores mais amplos em movimento, inclusive no sentido estratégico expresso no Manifesto do Partido Comunista de que a emancipação da classe trabalhadora precisa ser obra dela mesma.

Durante a plenária de ontem, Camila Barbosa, presidenta do PSOL Natal e diretora da UNE afirmou que aquela plenária era um exemplo de auto-organização, enquanto as universidades seguem sem assembleias de base para poderem tomar de fato a luta nas próprias mãos, se vinculando aos trabalhadores. Neste sábado está convocada uma plenária da UNE, UBES e ANPG, que promete ser tão por fora dos estudantes quanto o Conune Extraordinário e que, assim como a plenária de ontem, não substitui a auto-organização desde as bases.

Leia mais: Precisamos de assembleias de base para construir o dia 11 nas universidades

Uma saída política contra todos aqueles que nos atacam

A adaptação na organização da luta dos estudantes tem seu correlato na resposta política apresentada pelas correntes da esquerda, que hoje por hoje traz a exigência do Fora Bolsonaro, combinada à necessidade de permanecer nas ruas, por vezes apresentando por algumas organizações como UP, PCB e PSTU, a defesa de greve geral sem sequer mencionar as Centrais Sindicais e se recusa a votar medidas de exigência, o que na prática significa dar as costas aos trabalhadores. Objetivamente a política se traduz para um “Entra, Mourão” e aumenta as esperanças em setores do regime que nos atacam cotidianamente.

Para derrubar Bolsonaro, Mourão, os militares, todo o regime do golpe de 2016 e os ataques, defendemos uma assembleia constituinte livre e soberana imposta pela força da nossa luta e organização, como seria uma greve geral. Como apontou Lina na plenária, “por meio dessa luta apostamos que setores cada vez maiores da classe trabalhadora possam fazer experiência até o final (uma experiência acelerada) com a democracia representativa burguesa” e, assim, a partir do choque entre os interesses das classes ficaria claro o que cada uma defende, apontando a necessidade histórica da superação do capitalismo rumo a um governo de trabalhadores.


Batalhe conosco em cada local de estudo e de trabalho pela nossa auto-organização e coordenação para construir uma greve geral que derrube Bolsonaro, Mourão e os ataques, e imponha uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que revogue cada ataque.

 
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