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ARTE E CULTURA
BH é quem?
Dani Alves

Recentemente entrou em discussão nas redes a falta (ou não) de rolês na capital mineira que enfrenta uma retomada privada. A alta do tema faz recordar o surgimento de um dos tradicionais eventos de Belo Horizonte: a Praia da Estação.

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Imagem: Praia da estação em Belo Horizonte

Em 2010, também pelas redes, a juventude questionava a ocupação dos espaços públicos em Belo Horizonte, se enfrentando ao sucateamento desses
espaços e ataques à cultura pelo governo de Márcio Lacerda (PSB), com a absurda proibição de eventos em espaços públicos. A revolta não se conteve nas redes e ocupou as ruas e praças, surgindo assim, a praia da estação, no coração da capital, que impulsionou a retomada do Carnaval de Rua e se tornou um dos maiores do país.

Nesse período também se desenvolveu a cena do hip-pop com o duelos de mcs nacional e batalhas clandestinas, com saraus e slams por toda BH e Região Metropolitana. O pixo, grafite, Maracatu e diversas outras expressões artísticas e populares passaram a ocupar também outros espaços públicos, com destaque em BH para o Viaduto Santa Tereza, a pista de skate do Barreiro e a Sapucaí, que já recebeu multidões de ponta a ponta da rua em fins de semanas comuns.

A repressão também seguiu cada vez mais forte pela Guarda Municipal de Márcio Lacerda, mas também da gestão de Kalil (PSD) e pela Polícia Militar de Fernando Pimentel (PT) e agora do Romeu Zema (Novo) que reprimiram e reprimem a juventude dos espaços centrais até a região metropolitana, negando o acesso à cidade, a cultura e ao lazer.

Foto: desconhecido/reprodução. Blocos de Carnaval em ato na Festa do Vira o Santo contra ações truculentas da polícia de Fernando Pimentel (PT) em 2018.

A precarização do transporte público e a alta da passagem também são fatores importantes nessa negativa de acesso à cidade para a população de conjunto.

Essa semelhança da discussão com a origem da praia da estação também se reforça por um projeto de lei que corre nas caladas da Câmara Municipal que permite cercar e cobrar a entrada de eventos em espaço público. Ou seja, para além de muitos não terem acesso às festas e eventos em espaços privados muitas vezes absurdos de caros - que, nessa retomada do setor cultural após dois anos de pandemia, são maioria (também pela necessidade de financiamento do trabalho artístico) - inviabilizados ainda mais pelo alto custo de vida, a possibilidade de eventos públicos, que enfrenta difícil retomada, será quase que nula em espaços centrais. E no que ocorrer, será deixado para fora desses espaços os artistas independentes, grande parte da juventude e vendedores ambulantes.

Em diversas regiões, principalmente da região metropolitana, já estão retornando os eventos culturais públicos, como as batalhas clandestinas e saraus (Acompanhe o calendário de batalhas feita pelo Coletivo Nutrilhar. Esse movimento acontece de forma gradual, de acordo com os esforços de coletivos artísticos e independentes, que na contramão do descaso dos governos, criam formas de seguir com os rolês. Diversos desses espaços estão propositalmente abandonados, como o caso da pista de skate do Barreiro, que sofre com a falta de estrutura e constante repressão policial.

É assim também com o CICALT (Centro Interescolar de Cultura, Arte, Linguagens e Tecnologias), antigo Valores de Minas, único espaço estadual que dentre outros, oferece acesso público a estudos artísticos, acesso esse que alavancou todos os cenários culturais citados e outros mais, e vem sendo sucateado durante os últimos anos chegando a atual situação de quase abandono.

Defender espaços como o CICALT é tarefa mais que urgente para fortalecer a organização dos trabalhadores e estudantes da arte e da cultura pela defesa do que já temos e pela ampliação do desenvolvimento artístico na cidade, em vias de garantir que sejam a população e os trabalhadores da cultura que decidam quais projetos serão financiados e como deve ocorrer a distribuição financeira e material, para possibilitar o desenvolvimento da arte de forma ampla garantindo a possibilidade da juventude se desenvolver e expressar artisticamente.

Assim como a juventude e os trabalhadores da arte e da cultura se mobilizaram e conseguiram barrar um dos ataques da prefeitura de Márcio Lacerda, é preciso barrar o projeto de cercamento e cobrança de entrada em espaços públicos ocupando as ruas, impondo que se tenha o acesso que nos negam. Fazer espaços como Praça da Estação e Sapucaí, mas também os regionais, pequenos perto da nossa ânsia de viver. Mostrar que nossos instrumentos, corpos e vozes são muito mais que a ganância dos políticos e abutres da cultura que só querem lucrar e controlar as produções artísticas, assim como o seu consumo.

E mais que isso, o grito de basta que arde a garganta é bem mais profundo: basta de fome, de precarização do trabalho e repressão policial. E para organizar os artistas, trabalhadores e estudantes não podemos ter nenhuma confiança na justiça, nem na farsa da democracia e das eleições burguesas: É preciso garantir nosso futuro com a força da nossa própria luta! Chamamos os setores que são críticos a esse caminho e que defendem uma política independente do PT (que em Belo Horizonte está organizando seu apoio político ao burguês Kalil que reprime violentamente as professoras da educação municipal; que historicamente desvia nossas lutas e defende uma expectativa nas urnas, seja através de seus políticos que hoje constroem aliança com Alckmim, seja através de dirigir a gigantesca massa de trabalhadores através das centrais sindicais e movimentos sociais sob sua direção, como a CUT) como os que se organizam no Polo Socialista Revolucionário, mas também todos os setores do PSOL que queiram lutar por uma política independente do PT e seus aliados burgueses bem como a UP e o PCB que se dizem contrários à política de conciliação de classes, movimentos estudantis e sindicatos como a CSP-Conlutas a batalhar pela organização desde a base de cada local de trabalho e estudo da luta da juventude, dos artistas e estudantes junto aos trabalhadores, denunciando o papel traidor das centrais sindicais dirigidas pelo PT e exigindo que unifiquem as lutas em curso e parem com sua paralisia. Para enfrentar nas ruas Bolsonaro, Mourão, Zema e toda direita que retira cada vez mais nossos direitos, nossos espaços de cultura e lazer, fazendo nossos pais morrerem de trabalhar e destinando uma vida de miséria para os filhos dessa mesma classe trabalhadora.

 
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