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Entreguismo na Venezuela
Maduro anuncia processos de privatização em empresas petrolíferas, de telecomunicações e de gás
La Izquierda Diario Venezuela

Apesar do processo privatizador do governo de Maduro não ser novidade, esta é a vez em que o faz mais abertamente e em setores onde não ainda não havia feito, como em telecomunicações. Trata-se de passos gigantes em um curso entreguista.

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Maduro anunciou na última quarta-feira que o país ofertará, pelas bolsas de valores, até 10% das ações de várias empresas públicas, incluindo companhias petroleiras, de telecomunicações e de Gás. “Vamos conseguir entre 5% e 10% das ações de várias empresas públicas para o investimento nacional, fundamentalmente, o internacional”, disse em um discurso televisionado.

A oferta, explicou, começará na segunda-feira 16 de maio e incluirá até 10% do pacote acionário das companhias selecionadas. “Você pode se tornar um investidor da CANTV (Companhia Anônima Nacional de Telefones da Venezuela), da Movilnet (Telefonia móvel), da petroquímica, de todas as empresas mistas de petróleo, das empresas de gás, das empresas de Guayana (setor mineiro, florestal, alumínio e serviços)”, detalhou Maduro. Em outras palavras, quase todos os setores econômicos que estão sob a órbita do Estado.

Quando Maduro fala de “5% a 10% das ações” das empresas estatais, está dizendo que, embora de maneira gradual, levará adiante um processo de privatização maior, dentro de um plano mais acelerado e completo no marco da chamada Lei Anti-bloqueio (lei promulgada em 2020 onde, com uma retórica de defesa do país contra as sanções do imperialismo norte-americano, defende uma política de abertura econômica e de reversão das nacionalizações chavistas – que recordemos: nacionalizações feitas pagando aos empresários, como um prêmio pela “inconveniência causada”), com o sigilo de Estado transformado em Lei, onde apenas o que o próprio Governo decide se torna público.

De tal forma, Maduro segue seu curso privatizador. Sob o sigilo que lhe dá a Lei “antibloqueio”, o governo opera aceleradamente e até a mídia econômica internacional o destaca como positivo. Como dito no momento em que a lei era promulgada: “A Lei Anti-bloqueio permite tudo, vamos fazer!”

Após o anúncio da dita Lei, escrevemos no nosso diário irmão na Venezuela: “Avançam com toda uma cadeia de privatizações de empresas com total discrição no marco do sigilo da Lei Antibloqueio. Um país levado à leilão pelo Governo Maduro. Todos festejam. Embora alguns questionem que não está acontecendo o mesmo que nos anos 90, observam apenas a questão do sigilo mas não do entreguismo, como se a relativa “transparência” do leilão da época (que era um regime de vários partidos e sem o nível de autoritarismo atual) não tivesse implicado negociações pelas costas dos interesses dos trabalhadores e do povo, e envolvido vários segredos para beneficiar tanto compradores transnacionais e locais como agendes do Estado.

Depois da total flexibilização dos controles cambiais e de preços, ao uso de moedas estrangeiras no país com a benção do executivo e a isenção total de impostos para transnacionais e empresários, o governo Maduro entregou aos "investidores" privados estrangeiros e nacionais a gestão de importantes companhias de setores. "Em certo sentido, a revelação do impulso privatizador na Venezuela é um claro desenvolvimento positivo", disse a Bloomberg - agência especializada em notícias econômicas.

Assim dizia Maduro em fevereiro do ano passado: “Com a Lei Antibloqueio vamos buscar bons sócios internacionais que tragam capital, tecnologia e mercado para a grande indústria da Venezuela”. E depois de mencionar os diferentes países europeus, bem como asiáticos, russos e outras latitudes, também enfatizou: “Quero dizer aos investidores dos EUA que as portas da Venezuela estão abertas para investimentos nos setores petroleiro, gasífero e petroquímico, para trabalhar em uma sociedade ganha-ganha”.

É conhecido que no setor agroindustrial, supermercadista e hoteleiro, dezenas de empresas passaram para as mãos privadas a muito tempo. Entre as que foram noticiadas se encontram os supermercados Êxito e Agropatria (uma empresa de fornecimento agrícola do tamanho de um monopólio, nacionalizada em 2010) onde agora mais da metade de suas 70 lojas e de suas plantas de pesticidas são administrados pelo Grupo Agrollano 2019 C.A; sobre a Lácteo Los Andes (uma grande processadora de leite e fabricante de bebidas comprada pelo governo em 2008) se sabe que um grupo iraniano anônimo a gerência; a Fana de América (produtora de café) está em processo de sentença arbitral; a Industria Azucarera Santa Elena no Estado de Portuguesa passou para as mãos do grupo Generoso Mazzoca, e a Central Azucarero Pío Tamayo localizado em El Tocuyo, município Moran, é administrado pelo Consorcio Veinca C.A. desde final de 2020.

Mas é no setor petroleiro onde o caminho das privatizações tem avançado constantemente há vários anos. O Governo tem concedido às empresas locais e estrangeiras mais controle sobre os ativos administrados em campos petroleiros e plantas de compressão de gás. Em alguns casos a PDVSA concedeu aos sócios mais capital em suas empresas conjuntas como a PetroSinovensa e Petrozamora, para mencionar apenas algumas.

Todo esse curso entreguista e privatizador de Maduro é festejado pelas transnacionais e por todos os grupos econômicos do país. A nível local vão desde os tradicionais setores econômicos como os que emergiram com o chavismo e os próprios burocratas – funcionários – do Estado que, com a ajuda de testas de ferro, participam do festim.

Trata-se de uma ofensiva política e econômica que, de mãos dadas com as transnacionais, reforçarão as correntes sobre o país e principalmente sobre o povo trabalhador.

Enfrentar todo esse novo saque e entreguismo em curso, tanto pela política do atual Governo de Maduro como também a que propões a oposição de direita, é uma das grandes tarefas da classe trabalhadora, além de enfrentar os ataques brutais à suas condições de vida que vem sofrendo.

 
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