Imagem: Ricardo Stuckert/PT
A carta já foi endossada também pelos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe D’Ávila e pelos ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
A carta já tem a adesão de 793 mil pessoas, entre elas banqueiros e empresários que foram atores ativos responsáveis pelo golpe como Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander e da FEBRABAN, e o ex-presidente do banco Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira. O ex-presidente da FIESP Horacio Lafer Piva, da Klabin, bem como Pedro Moreira Salles, Candido Bracher e Roberto Setubal, do Itaú, Fabio Barbosa, Guilherme Leal e Pedro Passos, da Natura, Walter Schalka, da Suzano, Eduardo Vassimon, da Votorantim, Blairo Maggi, do Grupo Amaggi, o pecuarista Pedro Camargo Neto, direitistas neoliberais como Pedro Malan, Arminio Fraga; mais de uma dezena de ex-ministros do STF; Miguel Reale Júnior, ex-Ministro da Justiça que abriu o processo de impeachment de Dilma Roussef; reacionários como Adib Jatene, ministro de Collor e FHC e o tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho.
Ela também conta com a assinatura de políticos como João Dória e do Luciano Huck, bem como de ex-ministros do STF golpista. Trata-se de um enorme cinismo de todas essas instituições e patrocinadoras e políticos articuladores de golpes como foi o de 2016, o interesse por trás dessa carta é assegurar o caminho com a melhor estabilidade política para seguir os ataques e o projeto econômico do golpe de 2016 no futuro governo que assumirá após as eleições de 2022.
Amplos setores da grande imprensa golpista também estão convocando de forma entusiasta o ato de lançamento do Manifesto, como a Folha de São Paulo, o historicamente reacionário Estadão e cada vez mais indica ter adesão da própria Rede Globo. Ou seja, se trata de uma imensa movimentação da grande burguesia, do regime político e suas instituições.
O manifesto está previsto para ser lançado no dia 11, quinta-feira, na faculdade de direito da USP, que pretende unir com o ato do dia do estudante. O Manifesto seria lido por Celso de Mello, ex-ministro do STF. Não é possível enfrentar o bolsonarismo com que esses mesmos atores responsáveis por abrir caminho para extrema-direita.
Da mesma forma, o PT e Lula vêm usando o "combate ao bolsonarismo" e a "defesa pela democracia" para justificar todo tipo de aliança com a direita, como é de exemplo o vice Alckmin na chapa, e reunir setores da burguesia. É urgente o combate ao bolsonarismo, uma ameaça aos trabalhadores e trabalhadoras, ao povo negro, mulheres, as LGBTQIA+ e indígenas, mas não será possível com a conciliação de classes.
Lula já disse que sua chapa não é de esquerda, que não vai revogar as reformas e não propõe nenhuma mudança estrutural no regime político autoritário que foi degradado com o golpe institucional. Lula-Alckmin não vão abrir caminho para resolver as demandas da classe trabalhadora e o povo pobre, menos ainda agora que o país não tem condições econômicas para concessões como foi no segundo governo Lula, e sim tendem a atacar como fez no primeiro governo com a reforma da previdência e medidas neoliberais.
É preciso uma política independente dos patrões, dos grandes banqueiros, do agronegócio, da direita, os trabalhadores e trabalhadoras precisam tomar o controle da situação política em suas mãos sem confiança na aliança com a direita, mas com os setores explorados e oprimidos, inimigos da extrema-direita bolsonarista. As centrais sindicais e a UNE precisam convocar um plano de lutas independente para barrar os ataques e as ameaças golpistas.
O Manifesto é inspirado na “Carta de 77”, lida pelo então ministro Goffredo da Silva Telles Júnior, em meio à Ditadura Militar. Como explicamos nessa nota, a referência é uma operação que oculta o papel central da classe trabalhadora na luta contra a ditadura e também do movimento estudantil, para destacar o papel de um “jurista”, da “sociedade civil” e de instituições do regime. O que eles querem é controlar para que a força dos trabalhadores e da juventude não entre em cena na luta de classes e também seja apagada da história.
No dia 11, dia do estudante, o movimento estudantil precisa ter uma posição independente, apontando um caminho para derrotar Bolsonaro, os cortes na educação e as reformas pela via da nossa luta ao lado da classe trabalhadora, com atos, paralisações, greve e muita mobilização, um plano de lutas que tenha o objetivo de derrotar o Bolsonaro nas ruas e sem confiança na direita, nos banqueiros, empresários e nos agentes do regime que asseguram cada ataque econômico contra a classe trabalhadora. Cada estudante consciente de que é preciso dar uma resposta para essa crise enfrentando a extrema-direita de Bolsonaro e suas ameaças golpistas nas ruas, não pode aceitar que o Dia do Estudante seja utilizado para promover demagogia dos agentes dos ataques e que sirva de palanque eleitoral para a chapa Lula-Alckmin.
Para defender as universidades é necessário impor uma luta pela revogação de cada um dos cortes e da PEC do Teto do Gastos, que serve para banqueiros da Febraban sugarem cada vez mais recursos da educação através da dívida pública e aumentarem suas fortunas. E defender junto a revogação da reforma trabalhista, da previdência, o que só pode se dar contra, e não junto com esses empresários que até ontem eram parte de sustentar Bolsonaro, mesmo em meio à sua política genocida na pandemia.
E para conquistar essas demandas precisamos defender sim uma ampla unidade nas ruas, que é o contrário de uma unidade com um punhado de capitalistas parasitas das riquezas, uma unidade da classe trabalhadora, dos estudantes e dos movimentos sociais que como disse o professor Ricardo Antunes em entrevista no Esquerda em Debate, traga a burguesia para o nosso ringue: a luta de classes. Unificando desde a base de cada universidade, junto aos DCEs e os CAs, para recuperar o legado do movimento estudantil de luta contra a ditadura, e nos auto-organizando desde as assembleias de base e unificando com as lutas operárias, que de fato podemos criar a única força social capaz de derrotar a extrema-direita e os ataques às universidades e ao conjunto da população. Esse legado que toda a imprensa quer apagar quando tira da poeira uma carta de empresários de 1977 como referência a que está sendo articulada agora como responsável pela derrota da ditadura.
Foram exemplos como os estudantes da Marcha dos 100 mil e a batalha por fundir-se às greves de Contagem e Osasco dos anos 60 e o ascenso operário iniciado no ABC nos anos 70, com enorme apoio de artistas e setores populares, o que colocou a ditadura de joelhos.
Declaração da Faísca Revolucionária: O dia do estudante não pode ser ao lado dos patrões e banqueiros que precarizam a educação
Desde a Faísca Revolucionária é essa a defesa que fazemos em cada reunião de construção do dia 11, chamando a unidade com os estudantes e organizações que se colocam como críticas à conciliação petista e a saída meramente eleitoral para Bolsonaro e seus ataques, para exigir da UNE um plano de lutas efetivo, que seja independente de todos os setores da burguesia e da direita que só nos atacam.
Editorial MRT | Contra o golpismo de Bolsonaro e as reformas: manifestações e greves sem banqueiros e empresários
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