Neste último sábado, o entrevistado pelo programa Esquerda em Debate foi Jorge Grespan, professor de História na USP e autor dos livros Negativo do Capital e Marx e o modo de representação capitalista. O programa, impulsionado pelo Esquerda Diário e pelo suplemento Ideias de Esquerda, com Diana Assunção, promove debates entre intelectuais e militantes de esquerda acerca dos principais temas da atualidade, visando também contribuir na discussão sobre como combater Bolsonaro, o regime político e o bolsonarismo, superando a conciliação de classes petista.
O debate se iniciou com a exposição do entrevistado sobre a situação internacional, marcada pela profunda crise capitalista aberta em 2008 e aprofundada agora a guerra da Ucrânia, onde é feito um resgate da teoria do valor de Marx para jogar luz às dinâmicas estruturais do capitalismo imperialista. Dando sequência à discussão, foram abordados aspectos centrais da teoria marxista na atualidade, tendo em vista que conforme se aprofunda a crise é notório que tem crescido o interesse e simpatia da juventude em diversos lugares pelo socialismo, ainda que de maneira difusa, como nos EUA que hoje passa por uma onda de sindicalização da juventude - a Geração-U. Logo em seguida o professor Grespan expõe aspectos da teoria do valor, contida na obra magna de Marx O Capital, demonstrando as expressões concretas desta teoria na realidade social do capitalismo. Foi colocado também pela entrevistadora como neste contexto se faz fundamental a luta pela unidade das fileiras operárias, combatendo os elementos de opressão que se ligam à exploração capitalista e aumentam a desigualdade e fragmentação dos trabalhadores.
Passando depois para uma troca relacionada a base dialética-materialista da exposição de Marx, Grespan apresentou como na verdade o que se desenvolve enquanto método de apreensão da realidade concreta em movimento, partindo de suas contradições, para um sentido radical de transformação na verdade tem como origem a própria dinâmica da sociedade capitalista, superando assim o idealismo da dialética hegeliana, acabando por invertê-la. E por fim, foi abordada a questão da política atual, tanto nacional como internacionalmente, e sobre a contradição crescente entre capital e trabalho que se torna impossível de conciliar, tal qual tentam hoje a chapa Lula-Alckmin e todos os setores da frente ampla.
Neste sentido também se coloca urgente a necessidade de construir uma alternativa de esquerda que supere a conciliação de classes do PT e suas burocracias sindicais, defendendo os princípios do marxismo revolucionário para enfrentar a extrema-direita efetivamente na luta de classes de maneira independente da direita e da burguesia.
