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BARBÁRIE CAPITALISTA
“Ele foi bloqueado porque morreu no caminho da entrega”, diz irmã de Yuri sobre iFood
Redação

A fala é da irmã gêmea de Yuri que, junto com sua família, convive com a dor da perda do entregador somada com o total descaso da empresa iFood diante da morte de um trabalhador a caminho da entrega. Não vamos aceitar que os lucros deles sejam pagos com sangue operário! Nos somamos à família e pedimos Justiça por Yuri!

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É um absurdo completo que seja normalizado o fato de um jovem trabalhador perder sua vida a caminho da entrega do lanche pelo aplicativo. É inadmissível o que o iFood tem feito, negando-se a prestar assistência à família de Yuri, pois já são três meses na espera do auxílio-funeral e do seguro de vida prometidos pela empresa. O jovem de 24 anos que saiu para trabalhar no último dia 15 de maio e não voltou mais para casa, representa milhares de cidadãos brasileiros desempregados que precisam se submeter às condições precárias de trabalho oferecidas no cenário de crescente aprofundamento da crise capitalista, que sob o slogan de que cada um pode ser empreendedor e seu próprio patrão, atropela direitos trabalhistas básicos.

Ao receber um vídeo do acidente em seu whatsapp, Yago (29 anos e irmão de Yuri), reconheceu a placa da moto e saiu de onde mora, em Sepetiba, junto com sua irmã, em direção à Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. Os dois se depararam com a cena do corpo do irmão ao lado do lanche que seria entregue naquele dia. Diante do ocorrido, a empresa, que havia inclusive divulgado 4 novas coberturas de seguro para os “parceiros”, incluindo o auxílio-funeral de 5.000 reais, negou o pedido da família alegando que Yuri estava cadastrado irregularmente no aplicativo. O iFood alegou que parte dos dados cadastrais do jovem eram atribuídos a terceiros, justificando que, por infringir os termos de uso da plataforma não seria possível garantir o seguro, disponibilizando apenas o apoio psicológico que tampouco foi um elemento ao qual a família teve acesso.

A situação irregular apontada pela empresa é, na verdade, corriqueira entre os entregadores, tendo em vista que os mesmos sofrem bloqueios arbitrários que inviabilizam o trabalho, mas precisam continuar trabalhando para garantir seu sustento. Os bloqueios se assemelham a demissões provisórias ou definitivas, mas que não permitem que o trabalhador apresente defesa ou sequer receba avisos prévios.

Leia mais em: Como organizar e fortalecer a luta dos entregadores

Após contato com a seguradora MetLife, sob orientação do iFood, a família recebeu o retorno de que não seria possível pagar o seguro, já que não houve comprovação da ocorrência do acidente na rota de entrega pelo aplicativo. Além disso, constatou-se que o iFood não pagou o “prêmio”, que seria o valor pago à seguradora para que os “parceiros” tivessem acesso à proteção… O testemunho de funcionários do local em que Yuri fez a retirada do pedido, afirmando sua presença no local antes do acidente, não foi considerado.

As falas de Luciana, irmã gêmea de Yuri, materializam o fato de que os lucros dos capitalistas são pagos com a vida dos trabalhadores, que a irregularidade de sua conta só aparece no momento em que se demanda a responsabilização da empresa com o seguro:

“Ele foi bloqueado porque morreu no caminho da entrega”

“Enquanto era conveniente, o Yuri podia rodar burlando o sistema na cara deles. Mas na hora do seguro, aí não pode”

Empresas como iFood, Uber, Rappi, 99, são empresas que se vangloriam da demagogia liberal de trabalhar por conta, enquanto na verdade significa um retrocesso gigantesco nos direitos dos trabalhadores, como trabalhar até 12 horas por dia em cima de uma bike, sem direito à férias, finais de semana e recessos. Esses empregos atingem principalmente a juventude negra, que morre sistematicamente no Brasil, seja pelas mãos da polícia, seja consequência do trabalho intermitente, sem direitos, sem proteção, e no caso de Yuri, sem sequer o seguro que a família tem direito. O iFood lava suas mãos, enquanto é responsável pela precarização da vida de milhares de jovens.

O caso de Yuri não é isolado. Compõe uma teia de reestruturação produtiva que emerge diante da crise capitalista que busca cada vez mais novas formas de aprofundamento da exploração. O governo reacionário de Bolsonaro e Mourão junto aos militares é responsável por dar continuidade aos ataques aos trabalhadores, com o projeto ultra-neoliberal de Paulo Guedes, a reforma trabalhista e da previdência. A autorização para redução de salários sem acordos coletivos e para suspender contratos, segue empurrando milhares de trabalhadores para a informalidade.

Por isso não acreditamos em saídas que passem pela conciliação com empresários e com a direita, tendo em vista que são esses setores os que estão na linha de frente empenhados em precarizar até a última gota as condições de vida da classe trabalhadora. A aliança de Lula com Alckmin, por exemplo, está longe de se mostrar como uma saída que vá garantir os direitos trabalhistas, já que não se fala uma linha sobre a revogação das reformas e a tendência é que se mantenham todos os ataques. A união com a FIESP e Febraban, na leitura da Carta pela democracia no último 11 de Agosto também não se mostra como uma saída, considerando o comprometimento dos industriais e banqueiros com seus próprios lucros e, logo, com a exploração capitalista.

Exigimos justiça por Yuri, para que sua família possa receber todos os direitos diante de uma perda tão revoltante e tamanho descaso da empresa iFood com a morte do jovem e com a situação de tantos trabalhadores! É fundamental que todas as entidades sindicais e estudantis se unam à luta dos entregadores, fortalecendo a criação de fortes sindicatos para enfrentamento com os patrões, através de assembleias nos espaços de auto-organização, com greves e piquetes votados junto a atos de rua, para que sejam os capitalistas que paguem pela crise!

 
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