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Assembleia Geral da ONU
Bolsonaro na ONU: tom eleitoral, reacionário, em defesa das reformas e privatizações
Cássia Silva

Hoje, Bolsonaro foi o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU. Não faltaram mentiras e demagogias em torno de "desenvolvimento sustentável", "crescimento econômico" e do Auxílio Brasil. Bolsonaro aproveitou o espaço para fazer campanha eleitoral e mandou sinalizações internacionais importantes, como sua posição contra sanções à Rússia, sobre a Guerra na Ucrânia. Não parando por aí, fez questão de reivindicar cada uma das reformas e privatizações, como a burguesia gosta, desmascarando qualquer demagogia. Afinal, quem está pagando as contas da crise econômica no Brasil são os trabalhadores, os setores oprimidos e o povo pobre.

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Dessa vez, Bolsonaro fez um discurso totalmente lido e controlado para não criar alvoroço. Além de fazer campanha eleitoral com suas demagogias e mentiras, se posicionou contra as sanções econômicas da OTAN à Rússia, impostas com mais força a partir da Guerra na Ucrânia em que tanto Putin como Biden apresentam bandos reacionários. Falou o que os capitalistas mais gostam de ouvir sobre o Brasil, justificando o que chamou de "desenvolvimento sustentável" e "crescimento econômico" com a aprovação das reformas e privatizações.

Ressaltou o 7 de setembro deste ano, que foi parte da sua campanha eleitoral: "Neste 7 de setembro, o Brasil completou 200 anos de história como nação independente. Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade".

O aspecto controlado de seu discurso, pode ser visto no trecho à la João Doria, ex-governador de São Paulo tucano, empresário que fez demagogia com as vacinas, enquanto centenas de milhares morriam por covid em meio à pandemia (que vale lembrar que é de responsabilidade do negacionismo de Bolsonaro e também de Doria, afinal, não foram garantidos testes massivos, liberação remunerada dos setores não-essenciais, assim como havia escassez de EPIs para a linha de frente): "Em paralelo, lançamos um amplo programa de imunização, inclusive com produção doméstica de vacinas. Somos uma nação com 210 milhões de habitantes e já temos mais de 80% da população vacinada contra a Covid-19. Todos foram vacinados de forma voluntária, respeitando a liberdade individual de cada um".

Reacionário, Bolsonaro disse: "No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país. Somente entre o período de 2003 e 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político, e em desvios, chegou à casa dos US$ 170 bilhões. O responsável por isso foi condenado em três instâncias, por unanimidade. Delatores devolveram um bilhão de dólares, e pagamos para a bolsa americana outro bilhão por perdas de seus acionistas. Este é o Brasil do passado", se apoiando na prisão e proscrição de Lula promovida pelo Judiciário autoritário em 2018 e na Lava-Jato.

Bolsonaro foi nefasto ao justificar as privatizações fazendo discurso de demagogia com a população da região Nordeste do país: "Levamos adiante uma abrangente pauta de privatizações e concessões, com ênfase na infraestrutura. Concluímos o projeto de transposição do Rio São Francisco, levando água para o Nordeste brasileiro. Adotamos novos marcos regulatórios, como o do saneamento básico, o das ferrovias e o do gás natural. Além disso, melhoramos o ambiente de negócios, com a lei de liberdade econômica e a lei de start-ups".

"Como resultado, criamos oportunidades para o jovem empreender e ter empregos de qualidade", disse Bolsonaro, como se não tivéssemos jovens com bags em cima de bicicletas rodando dias a fio sem dormir para ganhar nem um salário mínimo por mês, como se neste ano não tivéssemos nos revoltado com o assassinato do congolês Moise Kabagambe a pauladas na Tijuca, Rio de Janeiro, fruto da Reforma Trabalhista.

E ainda não teve a vergonha na cara de afirmar o engrandecimento do agronegócio em meio à crise, com milhares na fome, afinal, são eles que financiam em milhões sua campanha: "Hoje, somos um dos maiores exportadores mundiais. Isso só foi possível graças a pesados investimentos em ciência e inovação, com vistas à produtividade e à sustentabilidade. Faço aqui um tributo à pessoa de Alysson Paulinelli, candidato brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz, por seu papel na expansão da fronteira agrícola brasileira com o uso de novas tecnologias. Este ano, o País já começou a colheita da maior safra de grãos da nossa história. Estima-se pelo menos 270 milhões de toneladas. O Brasil também, em poucos anos, passará de importador a exportador de trigo". A menção à Alysson Paulinelli, vale lembrar, é a menção ao Ministro da Agricultura de Ernesto Geisel, do período da ditadura militar no Brasil.

A classe trabalhadora, as mulheres, os negros, os povos originários, as LGBTQIAP+ e o povo pobre no Brasil e no mundo todo amargam a crise econômica. No Brasil, se acumulam escândalos de filas do osso, do lixo, carne é artigo de luxo. A população é relegada à fome, ao desemprego e à inflação.

Esse descarrego da crise em nossas costas são decorrentes também da Guerra na Ucrânia, com a elevação do preço do petróleo internacional, encarecendo aqui as nossas condições de vida. Mas também são fruto exatamente do que Bolsonaro fala para agradar os monopólios imperialistas ocidentais, são fruto da aprovação, implementação e aprofundamento da Reforma Trabalhista, da Reforma da Previdência, da privatização da Eletrobras e da entrega da Petrobras ao capital privado. Bolsonaro e Guedes, junto ao Congresso e ao Judiciário, são os responsáveis por cada gota de recurso nosso sugado em defesa dos lucros capitalistas.

Por isso, é necessário defender uma política de independência de classe dentro e fora do Brasil. É preciso repudiar as reacionárias tropas russas na Ucrânia, exigindo sua imediata saída da Ucrânia, ao mesmo tempo que repudiar veementemente a ingerência militar e o financiamento de armas promovido pela OTAN e o imperialismo norte-americano na Europa, assim como às sanções à Rússia. Justamente por entender que quem paga mais profundamente essas sanções é a classe trabalhadora russa, que inclusive não deixa passar, como pudemos ver com suas greves selvagens no início do conflito. Ou também como pudemos ver com as manifestações de trabalhadoras da saúde que aliaram suas pautas salariais e de condições de trabalho dizendo "não à guerra" e "não ao rearmamento europeu".

No Brasil, é preciso defender um programa dos trabalhadores unificados nas lutas e nas ruas com os setores oprimidos e o povo pobre, pela redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, por reajuste salarial igual à inflação, pela estatização da grande indústria alimentícia, sob gestão dos trabalhadores e controle popular.

Para combater Bolsonaro, o bolsonarismo, o conjunto da extrema-direita e os ataques, é urgente essa unidade, sem aliança com a direita, como Alckmin, como faz Lula e o PT. Nessa semana, a conciliação de classes já incluiu o golpista institucional de 2016 Henrique Meirelles em sua campanha, que diz que a Reforma Administrativa vai ser rigorosa e que a solução para o Teto de Gastos é fechar estatais.

Veja também: Henrique Meirelles anuncia apoio a Lula e anima capital financeiro, confiante na manutenção dos ataques

Bolsonaro não nos engana! Pela unidade dos trabalhadores contra ele e sua corja, sem aliança com a direita! Que os capitalistas paguem pela crise!

 
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