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Denúncia
“Tem gente desmaiando em cima do rodo”: terceirizadas da UnB são demitidas após licença maternidade
Rosa Linh
Estudante de Ciências Sociais na UnB

Segundo denúncia, a empresa terceirizada RCA Produtos e Serviços LTDA , além de promover assédio moral, perseguição e horas extenuantes de trabalho, está demitindo mães de família após a licença maternidade, trabalhadoras doentes e que estão no INSS na UnB. Esse é o cenário das universidades no governo Bolsonaro, tendo a Reitoria “progressista” como cúmplice direto desses absurdos

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A equipe do Esquerda Diário teve acesso a denúncias de que a empresa terceirizada de limpeza RCA Produtos e Serviços LTDA está demitindo dezenas de mães de família após a licença maternidade.

De acordo com a denúncia:

“Cumpri minha licença maternidade e agora minha estabilidade acabou. Estou cumprindo aviso prévio, tenho uma filha de 1 ano e sou mãe solo. Estão mandando todas embora, as mais ‘velhas’ de UnB, as doentes e as que estão no INSS, as mães de família. Tem gente que tem 15, 20 anos de UnB, tá todo mundo sendo demitido. ’A UnB não precisa de vocês, estamos reduzindo o quadro de funcionários’ é o que dizem para nós. Mas tem gente sendo contratada no Minhocão. Não se importam com a gente, fazem a gente se sentir que nem lixo, como fica um pai e uma mãe de família? Para a UnB, o trabalhador não pode constituir família se não é mandado embora.”

Sobre as condições de trabalho na UnB, disse:

“Nós trabalhamos por 10, tem só 3 em cada prédio, faça chuva ou faça sol. E com ameaça ainda, de que tem gente que quer sua vaga. Eu não tenho valor? Passo mais tempo na UnB do que em casa, a UnB é minha casa. Estamos sofrendo perseguição. A gente vai trabalhar chorando, chora no ombro uma da outra porque tem que fazer serviço de jardinagem, limpar um prédio, limpar outro, varrer até mesmo estacionamento! É tristeza psicológica mesmo, não estamos dando conta do trabalho, e se chega 5 minutos atrasado ainda chamam sua atenção na frente de todo mundo. Tem gente que já desmaiou em cima do rodo, limpando o chão”

Já sobre o descaso da Reitoria, respondeu:

“A Reitoria não faz nada, é conivente, não move uma palha, passa a mão na cabeça das empresas. A preposta que está aí não dá mais. E já demitiram também na jardinagem, não pagaram os porteiros.”

E em relação ao papel que os estudantes podem cumprir na luta junto dos trabalhadores:

“Os estudantes têm que reclamar, têm que se indignar, é como falam né quem cala consente. Porque se continuar assim, a UnB vai virar um lixão, não estamos dando conta. Está tudo ficando sujo, os estudantes têm que reclamar da empresa”

Outra denúncia que recebemos, de outra demissão:

“Eu retornei do aviso prévio, e o que mais me revolta é que demoraram para depositar o dinheiro. Veio um valor x, com 16 dias de atraso, e uma parte do FGTS na outra conta. Mas se eu começar a pegar esse dinheiro nessas contas e começar a resolver minha vida, daqui a pouco não vou ter nenhum real, eu preciso do meu seguro desemprego, preciso do dinheiro que é direito meu. Já liguei lá na UnB e falaram para voltar sexta, liguei de novo e falaram para esperar a outra sexta, e nada!”

Essa situação não é de hoje. O Esquerda Diário já denunciou a morte de uma terceirizada diante do descaso da empresa e da Reitoria com EPIs durante a pandemia, a demissão arbitrária de terceirizados da portaria e da limpeza, assédio moral e perseguição, bem como o calote do pagamento da rescisão na troca de empresa da portaria.

Leia mais: "Não tenho família, pago aluguel só, tenho medo": Reitoria da UnB põe 94 terceirizados na rua

A UnB é uma das melhores universidades da América Latina. Ao mesmo tempo, é a Reitoria enquanto instituição, correia de transmissão dos interesses do Estado e dos capitalistas, que faz com que toda a ciência, tecnologia e conhecimento produzido nela sirva aos lucros privados de empresas em parcerias público-privadas, com acordos com a gigante chinesa Huawei, ao agronegócio, etc. Nesse sentido, a Reitoria de Márcia Abrahão, que se orgulha em se dizer feminista e defensora da soberania da ciência brasileira ao receber o ex-presidente Lula na UnB, é a mesma quem aplica os ataques à educação de Bolsonaro, é a mesma que propaga o machismo estrutural na universidade mantendo o trabalho precário de mulheres negras e da periferia, descarregando a crise nas costas das terceirizadas, com corte de bolsas e permanência aos estudantes e arrocho salarial dos técnicos e professores.

Essa é a situação da classe trabalhadora brasileira no governo de Bolsonaro e dos militares, que amarga a alta da inflação, as demissões e o trabalho precário. A reforma trabalhista, a lei de terceirização irrestrita e o conjunto de reformas passados após o golpe de 2016 por Bolsonaro e Temer com apoio e aval do capital financeiro, do Congresso e do STF está escravizando nossa classe.

A Comissão dos estudantes e Terceirizados da UnB chamou a Comunidade Universitária a exigir da Reitoria e da empresa RCA o imediato cancelamento das demissões das trabalhadoras terceirizadas da limpeza. A Reitoria precisa garantir que não haverá mais demissões e que os trabalhadores sejam devidamente pagos.

O Esquerda Diário e a Faísca Revolucionária, coletivo pró-operário e socialista do movimento estudantil, fazem um chamado ao conjunto dos Centros Acadêmicos, ao DCE e as organizações da esquerda a se mobilizarem contra essas atrocidades exigindo o imediato cancelamento das demissões. Para derrotar o bolsonarismo, as reformas, além de avançar para a efetivação de todas e todos os terceirizados sem a necessidade de concurso público, precisamos da unidade dos estudantes, professores e trabalhadores, efetivos e terceirizados, não nos aliando com a direita e os patrões!

Nós do Esquerda Diário enfatizamos que nossa mídia, que não recebe dinheiro nem de patrão nem de governo, está aberta a toda e qualquer denúncia das e dos terceirizados da UnB. Estamos juntos na luta!

 
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