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Eleições 2022
Eduardo Leite, o legado de arrocho salarial e privatizações no RS não são uma alternativa para nossa classe
Diego Nunes
Nossa Classe - Educação

Durante 4 anos de Bolsonarismo vimos o avanço da privatizações e ataques descarregados nas costas dos trabalhadores, que sofreram com demissões e precarização. Onyx Lorenzoni é o representante mais asqueroso de Bolsonaro nessas eleições, e quer aprofundar em privatizações e desmonte da educação e da saúde. Mas, para derrotar esse projeto bolsonarista, é preciso fortalecer uma alternativa de organização e luta dos trabalhadores, o que passa longe dos planos de Eduardo Leite que, nas eleições de 2018, apoiou Bolsonaro.

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Na foto Leite e Onix em 2019 em um cumprimento caloroso. Foto de Gustavo Mansur/Divugação Palácio Piratini

Leite se gaba de ter colocado as contas do estado em dia. Mas às custas de quem? A vitória neoliberal se deu com congelamentos salariais, privatizações e precarização do trabalho. E quais as contas que ele omite para proteger a classe capitalista gaúcha que é quem ele verdadeiramente representa? Para manter um fluxo bilionário de dinheiro público do estado nas mãos dos credores da fraudulenta dívida pública com a União, o governo Eduardo Leite privatizou empresas públicas e manteve salários de servidores e trabalhadores da educação congelados durante a maior parte de seu mandato, fazendo distinção entre professoras(es) e funcionárias(os) de escola, já que as funcionárias não receberam nenhum centavo de reposição e professoras receberam muito abaixo dos 47,8% defasados desde 2014.

Antônio Britto (governador do então PMDB) fez um acordo em 1998 com FHC de pagar cerca de R$ 9 bilhões à União decorrentes de um endividamento renovado, com juros de 6% em base ao índice IGP-DI. Desde então, o estado já pagou cerca de R$ 40 bilhões e ainda deve R$ 73 bilhões. Que conta insana é essa? E para quem vai esse dinheiro? É isso que Leite e nenhum outro candidato conta para os eleitores, justamente porque não são esses políticos, representantes da burguesia, que pagam essa conta, quem paga é a massa trabalhadora, que não chega ao fim do mês devido à precarização do trabalho, que pena o sucateamento e privatização dos serviços públicos e o congelamento de salários que são engolidos pela inflação.

O que o “sensato” e “equilibrado” Eduardo Leite chama de equilíbrio das contas públicas é exatamente isso: honrar com um fluxo bilionário, sob juros ultra abusivos, de dinheiro público para a União, que por sua vez repassa para os grandes credores da dívida pública nacional, empresários e banqueiros nacionais e estrangeiros. A contrapartida para negociar essa chantagem absurda em juros que superam qualquer agiotagem é entregar as empresas públicas para as mãos da chamada iniciativa privada. Em outras palavras, é como se os grandes capitalistas dissessem: você entrega empresas públicas de serviços estratégicos e a gente recalcula o quanto você deve pagar desta “dívida” e em que prazo. Esconder isso das famílias gaúchas, bem como esconder os bilhões sonegados e concedidos em isenções fiscais para os maiores empresários do RS, significa manter permanentemente a crise sendo descarregada sobre as costas dos trabalhadores e trabalhadoras que carregam este estado nas costas.

No Twitter, Leite demagogicamente afirma: “Não é jogando o problema para debaixo do tapete que iremos resolver os problemas. Com a adesão ao RRF, vamos economizar, ao longo da década, R$ 19 bilhões. Com a geração de atividade econômica, geraremos receita para o pagamento da dívida com a União”. RRF, o famigerado Regime de Recuperação Fiscal, ganha essa nomenclatura para não ser chamado do seu verdadeiro nome: fraude e assalto aos cofres públicos. Pelo RRF foram autorizadas as privatizações da CRM, da Sul Gás e da CEEE, esta última uma empresa estratégica e que foi vendida pelo valor simbólico de apenas 100 mil reais. Por outro lado, um programa dos trabalhadores que exija o confisco dos bens dos grandes sonegadores gaúchos poderia, isso sim, gerar receita imediata para resolver todos os problemas do povo trabalhador gaúcho.

Nesta campanha Leite avança seus planos para o que falta do Banrisul para ser privatizado, afirmando em seu twitter que: “A discussão sobre a privatização do Banrisul não pode ser tabu, deve ser feita com calma (...)”. A lógica é a de entrega total das empresas públicas e até do banco do estado para negociar a fraude da dívida com a União. Uma dívida que, mesmo negociando, é só adiada, nunca quitada ou perdoada.

Leite e Onyx Lorenzoni, os dois candidatos que estão à frente nas pesquisas, disputam levar a frente este projeto que massacrou os trabalhadores da educação, levando alguns ao suicídio inclusive. Imagine o poder de compra do seu salário ser reduzido à metade, você perder todo um plano de carreira pelo qual planejava sua vida, ao mesmo tempo ver subir o preço dos alimentos e dos medicamentos, ter que fazer empréstimos para alimentar a sua família e entrar numa bola de neve de endividamento, tudo isso em meio a uma pandemia onde governo ainda exige que você tire do próprio bolso um celular e internet para trabalhar. E para completar, vê o total sucateamento do IPE-Saúde. Essa é a realidade de uma categoria majoritariamente feminina que vem sendo precarizada paulatinamente em nome de “equilibrar as contas do estado”, nas palavras de Eduardo Leite.

Leite mente descaradamente também quando afirma: “Quando assumimos, pagávamos o completivo para chegar ao piso nacional do magistério. Agora, os professores recebem 10% a mais acima do piso.” Os mirabolantes cálculos do próprio governo Leite retiraram a reposição salarial dos direitos dos professores, que perderam benefícios como triênios e gratificação por trabalhar em escolas de difícil acesso etc. Leite fez propaganda de que deu 32% de reposição para o magistério, outra tremenda mentira, pois apenas 14% da categoria recebeu esses 32% - que ainda assim não repõem os 47,8% de defasagem do salário, congelado desde o governo Sartori. É preciso lembrar que as funcionárias da limpeza e da merenda das escolas, sem as quais não é possível manter as escolas abertas, não receberam sequer um centavo de reposição salarial. Houve também os descontos arbitrários e aumento da alíquota para aposentados e a quase destruição do IPE-Saúde com cortes enormes e atrasos de pagamentos, levando ao descredenciamento de várias instituições e especialistas que atendiam pelo IPE.

A direita e a extrema direita estão à frente nas pesquisas eleitorais no RS para seguirem descarregando - ainda que não com projetos idênticos, mas muito semelhantes - a crise capitalista sobre os trabalhadores. Mas e o PT e o PSOL? Não formaram uma chapa juntando Edegar Preto e Pedro Ruas para apresentar um programa diferente? Infelizmente, quem lê o programa da chapa PT\PSOL esperando a revogação dos retrocessos, privatizações e reformas da com a cara na parede.

É preciso nos inspirarmos na história de luta dos trabalhadores gaúchos, que em 2017 travaram uma forte greve contra os ataques aos professores, para enfrentar o Bolsonarismo, os ataques e reformas. A saída para os trabalhadores gaúchos passa pela auto-organização em cada local de trabalho, estudo e moradia para batalhar pelo não pagamento da dívida pública do estado com a União, pelo fim das isenções fiscais e o confisco dos bens dos grandes sonegadores do estado. É preciso exigir também a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial para combater o desemprego e a precarização. Essa luta passa pela exigência de que as direções sindicais como a direção do CPERS sindicato (PT\PCdoB) saia da paralisia e da trégua que deu ao governo Leite, apaziguando as ruas para apostar nas urnas em aliança com a direita, e organize pela base a resistência e um plano de lutas para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Nós do MRT, nessas eleições para o governo do estado, apostamos na necessidade de preparar e reagrupar a vanguarda com uma política de independência de classes. Por isso, diante da única candidatura que mantém delimitação da política dos capitalistas, declaramos voto em Rejane de Oliveira do PSTU. A nível federal, declaramos voto em Vera Lúcia e Raquel Tremembé para presidência e lançamos pelo MRT, no Polo Socialista Revolucionário, Valéria Muller para deputada federal: uma candidatura feminista e socialista, que, para muito além das eleições e de qualquer projeto de mudança estritamente institucional, está a serviço de organizar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras contra esse sistema de miséria, exploração e opressão.

 
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