“A gente primeiro fala que estamos reformando isso daqui (Previdência) e lançando essa proposta (carteira verde a amarela) para ser regulamentada", explicou ao Correio do Povo após negar que a proposta exigiria mudança na PEC da Reforma da Previdência atual.
A proposta, segundo ele, busca dar uma resposta ao cenário de informalidade no país, que atinge 46 milhões das 96 pessoas consideradas economicamente ativas no país. Praticamente 48% da força de trabalho. A “solução” de Guedes é regular essa informalidade, com uma nova proposta de contrato, que na prática legaliza a falta de direitos desses setores, para incluí-los no sistema previdenciário. Reitera essa lógica da extrema-direita neoliberal de justificar a cada vez maior retirada de direitos como forma de se criar empregos.
“É o que o presidente (Jair Bolsonaro) tem dito, talvez a gente esteja indo em direção a uma escolha entre dois sistemas. Você pode escolher um sistema que tem muitos direitos e não tem emprego e um outro sistema onde você tem muitos empregos e esses direitos são os que você escolhe ter".
Algo que foi prometido com a reforma trabalhista, e que nunca aconteceu. O Brasil está entre os países com os piores índices de inflação e desemprego na América do Sul, ficando na 4ª pior posição, atrás apenas da Guiana (15,8%), Suriname (11,2%) e Colômbia (10,6%). São 10,6 milhões de pessoas sem trabalho, o que corresponde a 9,8% da população brasileira. A única coisa que a reforma trabalhista promoveu foi essa situação de quase metade da população na informalidade, com estados chegando até 70%, além da banalização de contratos temporários e o aprofundamento da terceirização, garantida após decisão do STF que regulou a terceirização de atividades fins.
Guedes não deu maiores detalhes sobre a proposta de nova capitalização que quer propor em pauta no Congresso, ou ainda se deverá manter a proposta de Carteira de Trabalho Verde Amarela que havia proposto em 2020. Se trata de uma nova forma de contrato de trabalho, que parte do princípio de “baratear” a contratação para o patrão, com todo tipo de isenção, à custa da precarização das relações de trabalho e da vida do trabalhador, sobretudo o mais jovem. Além disso, incluía ataques como aumento da jornada de trabalho para bancários, propunha trabalho aos domingos, e contratos por metade de um salário mínimo.
Saiba mais sobre a proposta da Carteira de Trabalho Verde Amarela aqui.
Essa proposta mostra que essa extrema-direita representa os interesses dos empresários que querem sugar todo o nosso trabalho para garantir seus lucros. Foi nesse governo que um punhado de bilionários brasileiros puderam aumentar em R$265 bilhões as suas riquezas em meio a pandemia. Quer com essa proposta aprofundar ainda mais essa política em meio ao arrocho dos salários e aumento da fome no país.
É necessário combater essa política nas ruas! Esse projeto da extrema-direita não vai deixar de existir como alternativa para os grandes empresários caso ele perca as eleições. Pois inclusive os banqueiros da Febraban, os industriais da Fiesp e setores do agronegócio que assinam a carta “em defesa do estado democrático de direito” do dia 11 de Agosto, se distanciando da sua aventura golpista, apoiam essa agenda econômica do Paulo Guedes.
Bolsonaro e o bolsonarismo só poderão ser varridos pela força organizada do conjunto dos trabalhadores, unificando o conjunto dos setores explorados e oprimidos para dar a sua saída para a crise capitalista e os ataques, não só da extrema-direita, mas também do STF e da direita tradicional que apoia a chapa Lula-Alckmin. Essa chapa que se comprometeu a não tocar nas reformas e privatizações, não vai dar uma resposta para a crise favorável aos trabalhadores, pois segue conciliando com o capital financeiro, o agronegócio, todo tipo de empresário que não vai abrir mão das riquezas que ergueram às custas do nosso trabalho.
Somente uma saída independente dos trabalhadores, da juventude, das mulheres, negros e LGBTQIA+ e dos povos indígenas, é que pode inverter as prioridades e impor a revogação da reforma trabalhista, da previdência, junto com a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, assim como o ajuste automático dos salários conforme aumenta a inflação.
Uma bandeira como essa é o que pode unificar empregados e desempregados, trabalhadores formais e informais, terceirizados, em uma luta por emprego com direitos para todos, que só pode ser atingido com a conquista da distribuição das horas de trabalho entre empregados e desempregados. É pelo objetivo de arrancar esse programa com a força organizada da nossa classe nas ruas, greves, enfrentamos aos lucros capitalistas, que apresentamos as candidaturas do MRT, como a do Marcelo Pablito, pelo Polo Socialista Revolucionário.
E fazemos uma exigência a que a CUT e CTB, assim como a UNE, rompam a sua em função dos acordos do PT com nossos inimigos, e construam um plano de luta organizado em cada local de trabalho e estudo para combater Bolsonaro, a sua base de extrema-direita e seus ataques, por um programa que sejam os capitalistas que paguem pela crise.
|