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Censo 2022
Com possibilidade de falta de salários, pesquisadores do IBGE abandonam postos de trabalho
Redação

Respondendo ao cenário precário de condições de trabalho às quais são impostos, pesquisadores do IBGE abandonam censo e denunciam situações de assédio sexual, injúria racial, assédio verbal e ameaças durante as pesquisas, questões que se somam aos atrasos de pagamento que os obrigam a exercer o trabalho sem estrutura básica de alimentação e transporte.

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O instituto alega normalidade para os números, mas suaviza o peso do contexto que combina assédios e ameaças com os atrasos de salário, impossibilitando inclusive a própria realização do trabalho, como declarou Plínio Arraes, que compõe a União dos Recenseadores em Salvador (BA), e relatou que as pessoas não tem dinheiro para trabalhar.

Como apontamos aqui, há grande atraso dos setores censitários concluídos, o que indica a situação precária de trabalho que se aprofunda diante dos cortes de verbas do governo Bolsonaro e do novo regime para temporários dentro do sistema da nova reforma trabalhista aprovada no governo Temer e continuada pelo governo da extrema direita.

Com o número de recenseadores atualmente em 95.448 (52,2% do total de vagas), o IBGE adiou para dezembro o fim da coleta de dados, que até o momento atingiu somente 48% da população prevista. Em entrevista, o diretor do IBGE, Cimar Azeredo, atribuiu a um suposto "mercado de trabalho aquecido" o atraso no Censo e minimizou a influência dos atrasos nos pagamentos dos trabalhadores temporários que vem sendo denunciados.

Os relatos dos trabalhadores são fortes e consolidam a soma do descaso brutal em relação aos seus direitos. Tatiane Oliveira Souza conta sobre a sobrecarga cotidiana, a recusa de moradores em responder o censo e a quantidade de trabalho: "Sou uma mãe de família que viu no Censo uma oportunidade de aumentar a renda, mas a gente enfrenta muitas questões. Só queremos trabalhar com dignidade..

As paralisações dos trabalhadores tem sido um espaço de organização pelas seguintes demandas;

  • Correção dos valores por produção e pesquisa (segundo os recenseadores, os valores são de 2020 e precisam ser corrigidos pela inflação);
  • Aumento de 50% para 80% no pagamento adiantado por setor;
  • Aumento da taxa máxima de 5% para 20% de recusas em responder ao questionário;
  • Mudança na calculadora do IBGE para inserir taxas reais e dar transparência de quanto irão receber;
  • Pagamento antecipado do transporte;
  • Canal de atendimento para o recenseador;
  • Comunicação extrajudicial para quem se recusar a responder ao Censo;
  • Pagamentos de todos os débitos atrasados do IBGE…

A partir do Esquerda Diário, fizemos a cobertura de paralisações dos trabalhadores:

Em Recife: Recenseadores em greve em Recife se manifestam em frente à sede estadual do IBGE

Acompanhe uma denúncia enviada ao Esquerda Diário: “Nos contratam em condições sub humanas, quem desistir colocam outro no lugar”

Em Natal/RN, trabalhadores também paralisaram e relataram as condições precárias de trabalho às quais estão submetidos: "Fizemos concurso público pra receber menos que um salário mínimo" declaram recenseadores de Natal/RN

As mobilizações dos trabalhadores causaram descontentamento no IBGE, que conduziu ameaças às vésperas da paralisação, como apontamos aqui: IBGE ameaça recenseadores às vésperas da paralisação

A caracterização absurda do cenário reflete o corte bilionário de Bolsonaro para a realização do censo de 2022, que é quase 50% menor que o orçamento indicado em 2019. O que demonstra que é urgente a união entre efetivos e temporários para que sejam barrados os ataques, já que, como vimos no último domingo de eleições, a força da extrema direita se consolida no país e precisa ser derrotada na luta de classes, não apenas pela via eleitoral, que cumpre a função de canalizar as revoltas e passivizar as massas, prática recorrente das centrais sindicais como a CUT dirigida pelo PT e a CTB, dirigida pelo PC do B. Por isso fazemos aqui um chamado para que estas centrais se unam aos trabalhadores do IBGE, junto aos estudantes representados pela UNE, colocando em xeque a reforma trabalhista aprovada em 2017 justamente com a trégua dessas organizações, para derrotar Bolsonaro e os ataques pela classe trabalhadora e seus métodos de luta.

 
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