Imagem: Américo Nunes
Embora a federação REDE/PSOL esteja apoiando oficialmente a candidatura de Marília Arraes, Túlio Gadelha declarou seu apoio a Raquel em uma coletiva de imprensa nesta terça (25). O partido REDE Sustentabilidade já havia demonstrado seu projeto claramente pró capitalista, fortemente patrocinado por grandes empresas da iniciativa privada e grandes bancos como o Itaú. Este mesmo partido, dito “verde”, votou mais de uma vez ataques contra os trabalhadores, como por exemplo a reforma da previdência de Temer, além de se aliar frequentemente com partidos da direita tradicional e ter sido conivente com a repressão de professores de São Paulo enquanto colaborava com ataques à educação. Não podemos esquecer também que a REDE tem como principal figura pública Marina Silva, que sempre foi publicamente contra o direito das mulheres na pauta de legalização do aborto e apoiou o golpe institucional.
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De Túlio Gadelha e da REDE Sustentabilidade portanto não existe espanto em apoiar uma candidata do PSDB, claramente apoiada pelo bolsonarismo e a extrema direita pernambucana. Gadelha rompeu com o PDT apenas em 2021 quando uma importante base de seu partido já tinha votado a favor do impeachment da Dilma Rousseff em 2016. Enquanto estava filiado ao PDT foi diretor do ITERPE (Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco) no governo Eduardo Campos (PSB). Além disso, ele e seu antigo partido sempre foram base de apoio ao governo do PSB e compunham juntos a Frente Popular no estado. Túlio Gadelha sempre levou a frente um política de apoio às oligarquias regionais. Não é um detalhe que Túlio apoie Raquel Lyra num momento em que as forças bolsonaristas no estado estejam abertamente ou indiretamente apoiando a candidatura de Raquel. Se alinhar com um projeto desses que se apoia na precarização do trabalho e privatista só mostra que os longos anos no PDT e ao lado do lhe ensinaram estar do lado da burguesia e não dos trabalhadores.
A contradição fica com o PSOL, apesar dos protestos de sua diretoria estadual, a organização segue o caminho do completo abandono de qualquer princípio de independência de classe com objetivos puramente eleitoreiros, como desenvolvemos aqui. Ao estabelecer uma federação com a REDE está jogando fora qualquer possibilidade de defesa de um programa anti-capitalista e operário já que devem atuar em conjunto com mesmo programa e estatuto durante 4 anos. Nem mesmo os objetivos eleitorais que o PSOL-PE se colocou conseguiu se efetivar, porque os votos que caíram para a federação REDE-PSOL ajudaram a eleger Túlio Gadelha que agora abraça sem nenhum remorso Raquel Lyra. Esse resultado eleitoral deixou de fora Robeyoncê (REDE-PSOL) como suplente dele.
Mas esta contradição já vem se apresentando desde muito antes, agora dando um salto com a federação REDE/PSOL que irá durar, segundo as novas leis, quatro anos compartilhando um programa explícitamente burguês.
Mas a falta de qualquer princípio de independência de classe do PSOL também se expressa estadualmente no apoio oficial à campanha de Marília Arraes, atualmente no partido Solidariedade, fundado pelo mafioso sindical Paulinho da Força, que possui um projeto político neoliberal e que tão pouco oferece qualquer alternativa a classe trabalhadora.
Já para Raquel Lyra o apoio de Gadelha cai como uma luva para sua demagogia de “neutralidade” perante as eleições presidenciais, enquanto por baixo abraça o apoio de candidatos abertamente bolsonaristas. Não à toa Túlio Gadelha fez questão de ir com adesivo de Lula grudado no peito à comitiva de imprensa, uma via de desarmar as críticas às alianças bolsonaristas de Raquel podendo seguir demagogicamente com sua fachada de neutralidade.
A bancarrota da política eleitoreira, oportunista e conciliadora do PSOL apenas comprova que o caminho de conciliação com a direita, com a burguesia e os patrões, assim como também faz a chapa Lula-Alckmin, em nada fortalece a esquerda, a classe trabalhadora e os setores oprimidos, ao contrário, abre caminho para o fortalecimento da extrema direita.
Como explicamos neste texto Marília Arraes não representa nenhuma alternativa para enfrentar Raquel Lyra e a direita.
Por isso em Pernambuco o Esquerda Diário e o MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores) vem defendendo que o único caminho para enfrentar o bolsonarismo e a extrema direita é através da nossa organização, usando os métodos da luta de classes, sem nenhuma aliança com a burguesia, as oligarquias e a direita.
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