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Bloqueios nas estradas
O que quer Bolsonaro com seu silêncio?
Thiago Flamé
São Paulo

Escrevemos este artigo na manhã de terça feira e, mesmo depois de seu filho, Flávio Bolsonaro reconhecer a derrota, ainda que não diretamente, Bolsonaro ainda permanece em silêncio. O que ele quer com isso?

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Enquanto Bolsonaro se cala, ao longo do país se desenvolveram bloqueios de estradas em um lockout patronal com conteúdo golpista. Chegaram a 300 bloqueios, que contaram com o apoio passivo da PRF, e em alguns vídeos que circularam até incentivando, dando mostras inequívocas do seu bolsonarismo nas eleições de domingo. Apesar da pressão do STF, que ameaça prender o diretor da PRF, a conivência criminosa continuava, ainda que progressivamente começa a diminuir os bloqueios, o que há que ver se vai se manter.

Em alguns pontos do país, em locais onde Bolsonaro teve grande votação, como no Espírito Santo, a classe trabalhadora deu mostras que não vai ficar calada frente às ações bolsonaristas. Em pelo menos dois pontos, os trabalhadores tomaram em suas mãos a tarefa de desobstruir as vias. Na Rio-Santos foram os trabalhadores dos estaleiros que desceram dos fretados para desobstruir as ações bolsonaristas. Não podemos esperar que o STF, que pactuou com o diretor do PRF no domingo, "resolva a situação". A classe trabalhadora coloca em prática, mostrando o caminho.

Para derrotar o bolsonarismo, só com a mobilização da classe trabalhadora. Na medida em que os bloqueios continuem, essas ações devem crescer. As centrais sindicais, a começar pela CUT, deveriam convocar o conjunto da classe trabalhadora a cortar a ameaça golpista pela raiz, nacionalizando o exemplo capixaba e dos estaleiros, articulando também um programa contra o conjunto de ataques econômicos sentidos pela maioria do povo. O bolsonarismo se combate assim, nas ruas, com medidas efetivas de luta, sem nenhuma confiança nas instituições e no STF.

Mas com seu silêncio e essas ações, o que Bolsonaro pretende? É impossível adivinhar o que se passa nos seus cálculos, mas podemos traçar algumas hipóteses.

Talvez no seu íntimo ele esperasse que, junto com os bloqueios, se dessem manifestações maiores que lhe permitissem angariar mais caldo social para seu discurso reacionário, com maiores questionamentos às eleições. Mas muito mais que as exortações impotentes do STF, o pequeno número de pessoas que se mobilizou apesar da enorme movimentação de um setor da patronal reacionária do agronegócio articulado com caminhoneiros, bem como as pequenas ações que mostram que a classe trabalhadora tem disposição para resistir, mostram que esse caminho seria uma aventura. Mais ainda, o conjunto de declarações de parabenizações dos principais países do mundo à eleição de Lula, entre eles EUA e Israel, afasta qualquer possibilidade efetiva de golpe, como já era previsto.

Uma segunda hipótese, com dois possíveis desdobramentos, ganham força. Bolsonaro quer dar uma demonstração de força, esticar a corda, para negociar sua posição quando sair da presidência. Uma chantagem para evitar as dezenas de processos que correm contra si, e também para se manter como a principal figura de oposição. Essas ações têm esse sentido de mostrar qual atuação na oposição terá a extrema-direita, buscando promover ações de rua, e sempre que possível com ajuda de setores patronais e das polícias. Nesse sentido, pode ser que ele só venha a se pronunciar quando as ações reacionárias percam força, para manter sua base mais aguerrida próxima a ele. Ou, se elas seguem se desenvolvendo, não podemos descartar que Bolsonaro apareça ao fim se posicionando como pacificador, pedindo o fim dos bloqueios ou, ao contrário, que o próprio exército entre em cena se separando de Bolsonaro para fazer se postular demagogicamente como defensor da democracia, se relegitimando como força da ordem.

Seja qual for o cenário, a entrada da classe trabalhadora em cena pode mudar tudo e inverter a balança a nossa favor. Por isso exigimos das centrais sindicais que convoquem greves em todo o país para que a classe trabalhadora tome em suas mãos a tarefa de combater o bolsonarismo que mais uma vez mostrou que não desapareceu com as eleições e enfrentar o conjunto dos ataques que afetam as condições de vida das massas.

 
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