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Grupo de Estudos Marxismo e Luta de Classes
Mais de 20 estudantes da UnB debatem materialismo e dialética no jovem Marx
Yuri Capadócia

Com a participação de mais de 20 estudantes de diversos cursos da UnB, a sessão explorou a trajetória de formação do pensamento de Marx em sua apropriação da filosofia alemã até a constituição do método materialista dialético histórico.

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Nessa segunda sessão do grupo de estudo organizado pelo coletivo Faísca e o Esquerda Diário, demos início a leitura das conferências que constituem a biografia escrita por David Riazanov, abordando as 3 primeiras conferências. Diferente de outras biografias, o bolchevique Riazanov opta por iniciar a obra não pelo nascimento de Marx e Engels, mas através da descrição do tempo histórico e das circunstâncias desse período que influíram na formação do pensamento desses dois revolucionários.

Dessa forma, a gênese do pensamento de Marx e Engels começa na obra por dois grandes acontecimentos do período: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, desenvolvidos ao longo da conferência I. Através da pergunta “em quais circunstâncias históricas e também sociais, Marx e Engels nasceram e se desenvolveram?”, o grupo buscou explorar esse vínculo entre as transformações na esfera produtiva e na esfera política que confluíram no pensamento do período, seguindo a aplicação do método dialético materialista histórico aplicado pelo autor.

A Revolução Industrial transformou o modo de produção marcando a passagem da burguesia comercial para a burguesia industrial, que através do violento processo de acumulação primitiva, com a expropriação dos camponeses, intensos fluxos migratórios para as cidades e a concentração dos artesãos nas manufaturas, resultou no surgimento de uma nova classe: o proletariado. Concomitantemente, essa burguesia ascendente também buscava tomar o poder político nas suas mãos, destronando os reis e sua prerrogativa divina ao poder. Nesse sentido, a Revolução Francesa emerge como o coroamento dessa transformação política, pautada nos ideais burgueses de “igualdade, liberdade e fraternidade”.

Essas transformações impactaram o pensamento da época, agregando novos elementos ao velho debate filosófico entre a relação do ser e o pensar. A partir disso, foi debatido a diferença entre a filosofia idealista e a materialista, ressaltando os limites das duas concepções em sua abordagem da realidade. Como parte do processo histórico de secularização das ideias colocado pelo período, filósofos como Kant e Hegel, complexificaram a perspectiva idealista, sem contudo romper com o idealismo, cada um à sua maneira, preservando uma noção de que a Ideia determina a materialidade.

Hegel, porém, formula a dialética como o fundamento do movimento da história, ressaltando o elemento da transformação. Esse foi o aspecto revolucionário da filosofia de Hegel que buscamos compreender como Marx se apropriou, colocando a dialética de pé, rompendo de vez com o idealismo de seu mestre e mesmo do círculo de jovens hegelianos do qual Marx e Engels fizeram parte.

Nesse sentido, abordamos como Feuerbach e sua crítica materialista a Hegel cumpriram um papel para que se superasse o idealismo. Entretanto, ainda faltava a superação dialética de toda essa trajetória da filosofia alemã que só Marx alcançaria, a partir da afirmação da práxis, da capacidade do sujeito de transformação da realidade: “os filósofos apenas interpretaram o mundo de diferentes maneiras; porém, o que importa é transformá-lo”.

Desembocando na última parte de nossa discussão, e retomando o contexto histórico que perpassou o desenvolvimento desse pensamento, vimos como o proletariado se consolida enquanto classe ao longo desse período, com o fortalecimento de expressões do movimento dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que se esgota os anseios revolucionários da burguesia. Extraindo as lições da própria Alemanha, Marx vê como a burguesia torna-se cada vez mais conservadora e incapaz de levar a cabo as suas próprias tarefas democráticas. Da aplicação do método do materialismo histórico dialético, do socialismo científico, Marx irá deduzir que o papel revolucionário de transformação da sociedade e emancipação da exploração, na sociedade capitalista, só pode ser desempenhado pelo proletariado.

A partir dessa conclusão, a tarefa se trata de organizar a classe trabalhadora para a tomada do poder. Por isso que Marx se engaja de cabeça no incipiente movimento dos trabalhadores ajudando a estruturá-lo, momento que iremos abordar na próxima sessão do grupo de estudo dia 06/12 com o tema “O Manifesto Comunista e a Primavera dos Povos: a política em Marx”.

Chamamos a todos os interessados em participar, na sala 005 do PJC, às 17h30.
A bibliografia obrigatória serão as conferências 4,5 e 6 do livro “Marx e Engels”. Você pode conferir a ementa e ter acesso aos textos no seguinte link.

Se preparem para seguirmos com esses debates pesados e apaixonantes!

 
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