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São Paulo
É preciso enfrentar o bolsonarismo e as privatizações de Tarcísio de Freitas em São Paulo
Marcella Campos

Está colocada uma grande tarefa para a esquerda em todo o estado de São Paulo diante do novo governo Tarcísio.

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Logo depois do segundo turno das eleições o governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas, reacionário do Republicanos e ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, tirou férias e viajou com a família para os Estados Unidos, passando alguns dias sumido do holofote da mídia que está totalmente voltada para cobrir o governo de transição federal.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro que é o impulsionador de Tarcísio de Freitas também decidiu usar a tática do “sumiço” durante uns dias, enquanto por baixo ele e sua família seguem incentivando manifestações golpistas e protofascistas pelo país.
Está claro que o processo eleitoral não foi capaz de derrotar o bolsonarismo que se fortaleceu no parlamento elegendo bancadas expressivas pelo país e para compor o legislativo em Brasília. Ainda que a vitória de Lula abale os planos mais diretos de Bolsonaro, a vitória de Tarcísio de Freitas em São Paulo também mostra que o bolsonarismo segue vivo e precisa ser combatido.

A mídia paulista órfã do PSDB e a direita liberal no estado de SP, que articulou o golpe institucional de 2016 que fortaleceu a extrema direita, agora tenta fazer uma “higienização” da figura de Tarcísio de Freitas, mostrando o governo eleito como “técnico”, tentando camuflar seu bolsonarismo. O fato é que não existe espaço para dúvida e se já não bastasse a campanha eleitoral que fez colado na família Bolsonaro pelo Republicanos, partido reacionário ligado à Igreja Universal, a equipe de transição escolhida pelo governo de transição paulista derruba uma por uma as hipóteses de um Tarcísio de Freitas com cara de direita paulista liberal pura.

Por outro lado, Tarcísio de Freitas dá sinais de que adotará uma política ambígua para sobreviver em SP e ser adotado pela burguesia local, ligada ao mercado financeiro e grandes empresários, além de grandes produtores agrícolas no seu interior. Isso porque neste momento toda a política nacional passa pelo pacto que se costura para a transição ao governo Lula-Alckmin, e Tarcísio de Freitas precisa mostrar serviço na defesa dos interesses da elite paulista – e principalmente paulistana e da Grande São Paulo – nos acordos e negócios com o governo federal, não por acaso jornais como Estadão e Folha de SP seguem afirmando sempre que possível que o governador terá que negociar com Lula e Alckmin para cumprir suas promessas de campanha de privatizações, grandes obras e reforço na política de segurança pública.

A ligação com o PSD de Kassab também precisa ser levada em conta para entender como tentará se localizar o futuro governo de SP, já o futuro secretário de governo de São Paulo e dono do PSD, apoia nacionalmente o governo Lula e no estado ganhou peso e será braço direito de Tarcísio de Freitas, representando a direita dura de SP no próximo governo, que tem sua origem no estatismo de obras paulista e no malufismo. O próprio Kassab já declarou que buscará fazer Tarcisio uma candidatura presidencial para as próximas eleições.

O que Tarcísio quer é legitimar o bolsonarismo na elite liberal e mercado, reunindo os setores conservadores paulistas para fazer do estado um possível aglutinador bolsonarista, dando vazão aos setores reacionários, reunindo o liberalismo de Guedes com as pautas ideológicas bolsonaristas, ou seja, quer reagrupar diversos setores do bolosnarismo, junto com setores da direita tradicional do estado de São Paulo.

A equipe de transição de Tarcísio de Freitas é composta por nomes do projeto privatista, direita conservadora e nomes do bolsonarismo, são vários os exemplos de como o governador do Republicamos deu espaço para nomes das pautas ideológicas e conservadora em áreas como educação, junto ao forte privatismo, e direitos sociais e mulheres. São setores ligados às igrejas, que se dizem contra ideologia de gênero e o direito ao aborto, a favor do Escola sem Partido e o ensino domiciliar. Além disso, ao gosto da elite agrária do interior do estado, juntará a secretaria de meio ambiente com a de infraestrutura e transportes.

Para a segurança pública, apesar de ter Rodrigo Garcia do PSDB, os nomes do alto comando da polícia militar que foram nomeados para a equipe de transição e cotados para a serem secretários são todos ligados a Bolsonaro e defendem a “linha dura” da polícia e na administração penitenciária. Familiares de Bolsonaro e Vinicius Poit (NOVO) também entram, este último não é uma surpresa, se olhamos para sua campanha ao governo de SP no primeiro turno, estava bastante alinhado à política reacionária de Tarcísio de Freitas.

O que fica claro é que não será um governo “light” como tenta transmitir a mídia burguesa. Tarcísio de Freitas tem sua origem no exército que massacrou o povo haitiano, segue defendendo o governo Bolsonaro e já se mostrou bastante alinhado às pautas conservadoras. A verve privatista tampouco é contraditória com seu bolsonarismo, ainda que faça um duplo discurso e possa num primeiro momento evitar ataques e conflitos com categorias de trabalhadores organizadas para poder assentar o governo, não há dúvida que haverá mudança no comando do estado de São Paulo, passando da direita psdebista que construiu o caminho do golpe institucional de 2016 e para Bolsonaro, para um representante direto da extrema direita, que se apoiará na direita dura paulista.

A burguesia e o regime político da ofensiva golpista apostou suas fichas num novo governo conciliador de Lula, agora com Alckmin e outros representantes da direita para impedir que a fome, a pobreza e os inúmeros ataques aos nossos direitos levantem mobilizações e uma reação dos trabalhadores e da população. Nesse sentido, é preciso olhar com atenção para o rechaço que a cidade de São Paulo apontou na eleição contra Tarcísio e Bolsonaro, já que reúne trabalhadores de categorias estratégicas como do metrô de São Paulo e rodoviários da cidade e Grande ABC, e categorias gigantescas que têm apelo social, como professores estaduais com quase 200 mil trabalhadores sendo sua maioria na capital e de mulheres, além de trabalhadoras da saúde que se mobilizaram durante a pandemia.

Também os movimentos sociais por moradia, pelo direito das mulheres, movimento negro e o movimento estudantil, que levou à frente a primeira grande luta contra Bolsonaro nas manifestações de maio de 2019 e mais recentemente derrotaram os cortes nas verbas das universidades, terão responsabilidade de fazer de São Paulo a ponta de lança contra Tarcísio de Freitas e o bolsonarismo, que seguem existindo e na eleição, apesar da derrota direta de Bolsonaro, conseguiram pontos de apoio importantes para se manterem com uma base social de extrema direita ativa.
O PT e o petismo sindical da CUT e CTB, que dirigem grande parte dos principais sindicatos do estado e de São Paulo, como parte da frente ampla da eleição e agora na composição do governo, cedem espaço para as chantagens e imposições do mercado financeiro e da burguesia. Não há qualquer indício de que irão organizar a luta contra o governo de SP, a composição reacionária dos deputados na Alesp e o bolsonarismo golpista que saiu às ruas.

Está colocada uma grande tarefa para a esquerda em todo o estado de São Paulo diante do novo governo Tarcísio. Todas as medidas de articulação são importantes e devem avançar num sentido de coordenar a nossa mobilização para enfrentar o bolsonarismo e todos os ataques e reformas. Por isso, viemos participando das reuniões do Comitê de. Lutas pelas Liberdades Democráticas e Direitos Sociais, impulsionado pela CSP-Conlutas e outros setores da esquerda e consideramos que é fundamental coordenar a esquerda também para exigir que os sindicatos organizem planos de luta, junto aos movimentos sociais e estudantil, para romper de uma vez por todas com a trégua que estabeleceram há anos e agora querem fortalecer para dar maior estabilidade ao governo de Lula e Alckmin, e para enterrar o bolsonarismo e as reformas, exigindo a revogação de todas elas, trabalhista, previdenciária e do ensino médio.

 
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