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Declaração
Construir um forte 8 de março nos locais de estudo e trabalho, independente dos governos e patrões
Pão e Rosas
@Pao_e_Rosas

Se organize com o feminismo socialista do Pão e Rosas

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Prestes a fechar o ano de 2022, a força das mulheres e da diversidade se fez sentir em todo o mundo. No ano em que todo o planeta virou os olhos para assistir ao mundial de futebol masculino, foram várias as manifestações contra a autocracia religiosa LGBTQIAP+ fóbica do Catar, contra a violência imperialista contra a Palestina e em defesa da luta as mulheres no Irã contra a autocracia religiosa que assassinou Mahsa Amini. Seja nas lutas das professoras em MG, no PI, RN, nas terceirizadas em luta pelos seus salários nas universidades federais e internacionalmente, na luta das trabalhadoras da saúde, nas manifestações massivas no Irã ou nas mais recentes lutas no Peru as mulheres seguem sendo o fio vivente no qual se entrecruzam todas as grandes contradições da sociedade, como maioria entre informais, desempregades e famintes do mundo também somos maioria da classe trabalhadora mundial, a que faz com que tudo se mova e sem a qual nada existe, e vamos rumo a um 8 de março onde queremos que nossa força seja sentida. Para isso devemos nos organizar em cada local de estudo e trabalho para lutar por nossas demandas.

No Brasil, viemos de quatro anos de Bolsonarismo, que com toda a misoginia que a extrema-direita reuniu avançaram contra os direitos das mulheres e des oprimides, zerando orçamentos que já eram defasados na saúde e contra a violência, combinado com ataques ao direito ao aborto, contando com o apoio do judiciário machista e do Congresso Nacional. O bolsonarismo foi também uma reação ao próprio movimento de mulheres que em escala internacional vinha demonstrando sua força. Bolsonaro sofreu uma derrota eleitoral ao perder a presidência, mas seus aliados estão no parlamento e a frente de muitos governos, inclusive sua base mais dura segue nas portas dos quartéis pedindo intervenção militar e protagonizando ações bizarras.

No parlamento já deixaram claro, com a tentativa de recolocar em votação ainda esse ano o Estatuto do Nascituro, como não irão abrir mão de suas demandas reacionárias e se sentem à vontade para defender um projeto que não somente significaria retroceder no direito ao aborto até mesmo nos casos em que ele já é legalizado. Não podemos permitir, temos uma grande tarefa para ser levada em unidade por todo movimento de mulheres: barrar os planos da extrema direita e defender o direito ao aborto legal, seguro e gratuito. E para isso precisamos nos inspirar na luta das mulheres em todo mundo, é com nossa força organizada em cada local de estudo e trabalho, a partir de nossos métodos e de forma independente dos patrões e governos que conseguiremos lutar por essa demanda.

Estamos agora há poucos dias da entrada do governo Lula-Alckmin. Assim como em 2002, o PT utilizou o que chamou de "recuo tático" para rifar nosso direito a decidir em troca de negociatas com os mesmos setores que posteriormente foram os pivôs do Golpe Institucional de 2016; agora em 2022 repetem a mesma fórmula. Nomes como Simone Tebet seguem como possíveis ocupantes de cargos no governo, assim como também os escravistas da família Setúbal, donos do Itaú, sem citar aliados como o atual presidente do congresso Arthur Lira, todos defensores incansáveis do Teto de Gastos e da Reforma da Previdência, que atingem justamente as mulheres trabalhadoras com mais força. Exemplos como Simone Tebet, que sempre foi contrária ao direito ao aborto, nos deixa nítido que a representatividade vazia não pode ser alternativa para a luta das mulheres, o feminismo liberal que ela e a Globo representam não se preocupa com a vida das milhares de mulheres que morrem por abortos clandestinos em nosso país. Por isso, não podemos ter dúvidas: é necessário organizar um forte 8 de março desde as bases, com assembleias nos locais de trabalho e de estudo, para termos total independência dos governos e patrões edefender de fato nossas demandas!

Esta independência também é determinante para defender nosso direito de decidir sobre nossos próprios corpos, como vimos na campanha eleitoral, Lula e Alckmin se colocaram contra o direito ao aborto, às vezes tentando se isentar da responsabilidade de suas posições contrárias a esse direito, dizendo que essa decisão caberia ao Congresso , este verdadeiro covil da extrema-direita, inimigo dos direitos das mulheres e LGBTQIAP+, que como citamos anteriormente, é atua contra os direitos elementares pra nós, como o direito ao aborto, sem o qual milhares de mortes ocorrem todos os anos, majoritariamente de mulheres negras. Por isso, nossa luta precisa ser por educação sexual integral nas escolas, contraceptivos de qualidade para não engravidar e aborto legal, seguro e gratuito para não morrer!

O governo eleito de Lula-Alckmin garante que não revogará as reformas, nem o Teto de Gastos, que estrangula a saúde e a educação, o que atinge com mais força as mulheres e oprimides trabalhadores.

Ao final de seu governo, Bolsonaro fez questão de atacar uma última vez a educação desde a presidência, provocando desespero e fome na vida de trabalhadoras terceirizadas em IFEs ao redor do país e também de bolsistas. A terceirização, que escraviza, humilha e divide a classe trabalhadora, atingindo majoritariamente mulheres negras e se tornou irrestrita com o golpista Temer, depois de ser triplicada nos anos de governo do PT. Nas últimas semanas, vimos como as terceirizadas da UFRN, UFRJ e UFMG se levantaram contra o atraso no pagamento dos salários, depois de garantirem dia a dia o funcionamento das universidades, estavam passando fome, sendo ameaçados de despejos e outras calamidades, além da greve de terceirizadas da Unicamp Limeira que se enfrentou com a precarização A terceirização, aprofundada com a Reforma Trabalhista de Bolsonaro, é um recurso que precariza as condições de trabalho e estabilidade e contra ela, defendemos a efetivação imediata sem concurso público. Esses trabalhadores comprovam todos os dias que exercem suas funções, mantendo universidades, escolas, estações de metrô e outros espaços públicos e privados funcionando.

Neste cenário, chamamos todes as companheiras, es companheires, as frentes pela legalização do direito ao aborto, grupos de mulheres e diversidade sexual e organizações políticas que batalham de forma independente do governo eleito, como o PSTU, a CST-PSOL e demais organizações, a dar uma batalha em comum rumo às reuniões de construção do 8 de março no Brasil, pra que se debata com centralidade o combate ao reacionário Estatuto do Nascituro e a defesa do direito ao aborto legal, seguro e gratuito, assim como a revogação integral de todas as reformas. O 8 de março não pode ser uma data corriqueira, precisamos batalhar por reuniões e assembleias nos locais de trabalho e estudo para que de fato possamos ser milhares nas ruas pelos nossos direitos, fazendo exigências comuns à CUT, CTB e UNE para que estes espaços existam.

Defendemos tal atuação em unidade e estes programas que são fundamentais para a vida das mulheres e da diversidade porque para nós do Pão e Rosas são indispensáveis para construirmos as manifestações do 8M no Brasil. Mas sabemos que para acabar com o patriarcado, é necessário destruir o capitalismo. Por isso somos comunistas e queremos acabar com este sistema completamente irracional onde 30% da comida que é produzida é jogada fora, como disse a Myriam Bregman, deputada federal na Argentina e militante do Pão e Rosas. Este sistema onde pelo mesmo trabalho, uma mulher negra recebe 60% a menos que um homem branco e onde o gênero, a sexualidade, a raça e etnia são utilizados para dividir a única classe essencial, a classe trabalhadora. Por isso somos um grupo internacional socialista de mulheres e diversidade que defende uma estratégia revolucionária para mudar a sociedade pela raiz.

Não cabemos no topo capitalista, pois lutamos para que não existam topos. Nos inspiramos no exemplo da grande Revolução Russa, onde os revolucionários do Partido Bolchevique, conquistaram avanços para as mulheres que nem na mais democrática das democracias burguesas era possível sonhar no ano de 1917, como o direito ao aborto, ao divórcio, a socialização do trabalho doméstico, à vida política; revolucionários e revolucionárias que pensavam políticas para libertar as mulheres das amarras do lar, da servidão patriarcal para que pudessem ser sujeitos políticos da transformação da sociedade. Compartilhamos essa perspectiva com companheiras na Argentina, França, Chile, Peru, Bolívia, Venezuela, Uruguai, Costa Rica, México, Estados Unidos, Estado Espanhol, Alemanha e Itália. Na França, fomos parte fundamental da fundação nesta último fim de semana da nova organização revolucionária Revolução Permanente.

Neste sentido, 2023 marca o 4º ano do Podcast Feminismo e Marxismo, que chega neste fim de ano no seu 100º episódio, com um catálogo de ricos debates teóricos, retomada do papel das mulheres na Revolução Russa, Espanhola, Cubana, Haitiana, a memória de mulheres que fizeram história como Rosa Luxemburgo, Larissa Reisner, Flora Tristán e outras e estamos nos preparando para o lançamento de uma nova temporada para o próximo ano! Também vamos ampliar a coleção Iskra Mulher, da Edições Iskra, com uma nova publicação que concentrará elaborações clássicas do marxismo revolucionário sobre gênero, com textos de Engels, Marx, Lênin, Trotski, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kollontai, Inessa Armand e outros.

Convocamos a todes, cada trabalhadora, jovem, LGBTQIAP+ a serem parte junto conosco da construção dessa força para resgatar os fios de continuidade da luta da nossa classe. Construamos um 8 de março independente dos governos e dos patrões, que se enfrente com a extrema direita bolsonarista que seguirá buscando nos atacar, que compartilhemos essas batalhas em cada local de trabalho e estudo e a se organizar conosco no Pão e Rosas, junto à Faísca Revolucionária e o Nossa Classe. Pela anulação de todas as reformas! Pela legalização do aborto e contra o reacionário Estatuto do Nascituro!

 
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