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Tragédias capitalistas
Frente às enchentes em Campinas, é preciso impor um programa operário e anticapitalista
Redação

Nos primeiros dias do ano, Campinas registrou diversos pontos de alagamentos, enchentes, quedas de árvores e falta de energia devido às fortes chuvas na região e o planejamento governamental de uma cidade para poucos, situação que levou a cidade a decretar estado de atenção e estado de alerta.

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Pontos conhecidos pela população devido a recorrência de alagamentos foram um dos principais locais a serem afetados com as fortes chuvas, como as avenidas Princesa D’Oeste e Francisco José de Camargo Andrade. Outros pontos da cidade sofreram com enxurradas como o distrito de Sousas, onde diversas famílias ficaram desabrigadas, perdendo seus bens adquiridos ao longo de uma vida de trabalho, e em Barão Geraldo e no Cambuí pessoas ficaram ilhadas.

No dia 28 de dezembro, já havia registro da morte de um trabalhador de 36 anos que morreu quando seu carro foi atingido por uma árvore, no bairro Bosques, em Campinas. Outras cidades da região como Socorro, Indaiatuba, Monte Mor e Arthur Nogueira também foram fortemente afetadas.

Um deslizamento de terra na noite desta quarta-feira (4) também bloqueou os dois sentidos da Rodovia Engenheiro Constâncio Cintra (SP-360), entre Amparo (SP) e Morungaba (SP).

Segundo a Defesa Civil de Campinas, o município permanece em estado de atenção até a próxima sexta-feira (6). Na última segunda-feira, a Defesa Civil do estado também emitiu alerta para toda região de Campinas e outras regiões de São Paulo, com risco de chuvas com ventos fortes e granizo.

Mas uma vez a classe trabalhadora e a população de conjunto tem que se enfrentar com as grandes chuvas invadido suas casas e causando as mais diversas tragédias, situação essa que é de responsabilidade dos governos, do governo municipal de Dário Saadi (Republicanos) que demonstra ainda mais o seu descaso com a população, quando frente ao caos causados por essas tragédias capitalistas, ainda aumenta o valor do transporte público para R$5,90 e empurra a população mais à miséria em meio à crise econômica, e do governo estadual que agora é governado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas que é inimigo da classe trabalhadora e que vai atuar para o benefícios dos grandes empresário. Em relação ao último governo federal, Bolsonaro cortou mais de 75% das verbas em 2021 de combate a desastres ambientais.

Já o PT, que assumiu há poucos dias a presidência, nos 13 anos em que governou o país e nos estados onde governou nos últimos anos, mostrou sua disposição em fazer acordos com as mineradoras, como foi com a Vale responsável pelos crimes de Mariana e Brumadinho.

Em nome dos lucros se promove uma desenfreada exploração dos recursos naturais alterando o equilíbrio do planeta e provocando mudanças cujas consequências são mais sentidas pela população pobre e trabalhadora. São anos de recordes de queimadas e destruição de biomas que afetam o clima e a natureza. As cidades ordenadas a partir das necessidades do lucro, com expansão precária, falta de saneamento básico e infraestrutura, e o descaso dos governos capitalistas agravam ainda mais essa situação.

Como consequência, todo começo de ano a população enfrenta e sofre com fortes chuvas, enchentes e alagamentos em cada canto do país. De norte a sul, vemos famílias desabrigadas ou que perderam tudo, além das vítimas fatais. Uma tragédia social, fruto da irracionalidade capitalista e do descaso dos governos. O governo federal, os governadores, prefeitos e empresários são responsáveis por essa situação. Para solucionar esse grande problema é necessário que as centrais sindicais, as entidades estudantis e os movimentos sociais organizem nossa luta para impor aos governos e empresários um plano de emergência que seja controlado pelos trabalhadores e a população, única solução possível para de fato conseguir resolver a destruição causada pelas enchentes e evitar novas tragédias.

Precisamos de um plano emergencial de obras públicas sob controle dos trabalhadores e gestão popular

A resposta para essa situação passa em primeiro lugar por um plano de emergência no qual as famílias desabrigadas, desalojadas ou em área de risco sejam transferidas para locais seguros como hotéis e moradias desocupadas, assim como a abertura de restaurantes públicos para garantir a alimentação da população que está ainda mais exposta a pandemia do coronavírus ou a outras doenças com a influenza, dengue, febre amarela, etc. Deve-se colocar de pé um plano de obras públicas que possa reconstruir estradas e rodovias destruídas. Também é necessário garantir o atendimento integral à saúde, com assistência social, psicólogos e todo apoio necessário para que as vítimas possam superar os problemas físicos e psicológicos gerados por essa tragédia.

O plano de obras públicas é o que pode garantir a construção de moradias seguras, ampliação do saneamento básico, construir sistemas de captação de águas, coleta de lixo e da infraestrutura das cidades evitando novas tragédias com uma profunda reforma urbana, retirando as pessoas de potenciais áreas de risco através do combate à especulação imobiliária e da construção de moradias para todos. O que deveria ser acompanhado pela revogação da lei que permitiu a privatização do saneamento básico em 2021 e colocar esse serviço essencial como uma responsabilidade de uma empresa estatal sob gestão dos trabalhadores. Essa reorganização dos espaços urbanos a partir da gestão dos trabalhadores e controle popular, é o que permitiria que os interesses da população e não a serviço dos projetos de urbanização elitista como acontece em muitas cidades do país fosse o que ordenasse os projetos de reconstrução das cidades, e ser um ponto de apoio no enfrentamento da miséria social que afeta milhares de pessoas em todo país.

As universidades podem cumprir um papel muito importante colocando suas pesquisas e o conhecimento a serviço dos trabalhadores e da população. Em aliança com os trabalhadores, poderiam auxiliar com especialistas e na formação de novos profissionais que possam levar adiante esse plano. Os estudantes podem organizar comitês de apoio e solidariedade para se colocar lado a lado dos trabalhadores e da população para as medidas que forem necessárias nesse processo.

O orçamento para garantir esse plano deveria sair em primeiro lugar do confisco de bens grandes empresas responsáveis pela destruição ambiental, como a Vale, a Vallourec, entre outras. Essas empresas, algumas que foram privatizadas para atender melhor aos interesses dos empresários, são diretamente responsáveis pelos desastres causados pelo aumento das chuvas e devem imediatamente arcar com as consequências da sua exploração irracional. Assim como a taxação das grandes fortunas, com impostos progressivos, e através do não pagamento da dívida pública.

Os grandes latifundiários deveriam ter sua produção expropriada e destinada à população afetada pelas enchentes, não podemos continuar convivendo com as filas do osso enquanto, somos um país que tem capacidade de alimentar toda a população, e um dos maiores exportadores de carne no mundo. A fome que já era uma dura realidade tende a aumentar como consequência direta dos impactos ambientais. Os agricultores familiares que hoje são responsáveis pela produção dos alimentos consumidos em nosso país devem ser parte dos setores com os quais se façam parcerias para abastecer os restaurantes públicos. Além dessas medidas, é preciso acabar com os subsídios de empresários, junto ao não pagamento da criminosa dívida pública que enriquece banqueiros bilionários.

Em um plano como esse, os desempregados poderiam trabalhar nos restaurantes, nas obras de reconstrução e em todas as tarefas necessárias, com um salário digno e não o mísero salário mínimo atual, combatendo assim o desemprego, a fome e os ataques aos trabalhadores que foram aprofundados com as Reformas Trabalhista, da Previdência, a terceirização irrestrita, entre outras medidas que ampliaram a exploração do trabalho e a precarização.

Como poderíamos conquistar esse programa?

Mas essas medidas que afetam os lucros capitalistas jamais seriam adotadas pelos governos que buscam administrar esse mesmo Estado capitalista. Mesmo as medidas mais elementares como as obras de prevenção são secundarizadas pelos governantes. A única forma de levar adiante esse plano é com a auto-organização da classe trabalhadora e da população, para que cada uma dessas medidas sejam geridas pelos trabalhadores, com o controle popular, sem empresários ou patrões. E com isso, apontar o caminho para a revogação da mentirosa reforma trabalhista e todas as reformas, que não geraram mais emprego como prometeram, apenas mais informalidade e facilitou as demissões. Diante da enorme paralisia das centrais sindicais, como a CUT e CTB que diretamente apostaram tudo na eleição de Lula-Alckmin e sua frente amplíssima, pode parecer algo muito distante. Mas quando vemos que é justamente pela auto-organização dos trabalhadores e da população, com as campanhas de solidariedade, limpeza coletiva, como acontece em Socorro, o que tem garantido que as consequências da tragédia não sejam ainda piores, é que podemos reforçar nossa confiança na construção de um caminho operário e popular de resposta a essa crise.

Para isso, é preciso que a esquerda se unifique para batalhar em cada local de estudo e trabalho para que os sindicatos, entidades estudantis e os movimentos sociais construam uma grande campanha por um plano de emergência controlado pelos trabalhadores e a população para responder à crise. Isso seria potencializado se partidos como o PSOL colocassem seus mandatos parlamentares a serviço dessa batalha, assim como as centrais sindicais da esquerda como CSP-Conlutas e as Intersindicais, e os setores da oposição de esquerda na UNE. Essa unidade poderia fortalecer a revolta dos trabalhadores e a comoção diante das enchentes, mostrando um caminho de organização. Construindo assim a força necessária para impor as grandes centrais sindicais como a CUT e CTB, uma frente única na luta da classe trabalhadora e da população por um plano de emergência. Essa é a política e o programa que nós do MRT defendemos em cada local que atuamos buscando de fato apontar um caminho operário e anticapitalista para responder os problemas imediatos e também os estruturais causados pela ganância capitalista.

 
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