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Golpistas
Agro, empresários e políticos bolsonaristas estão entre financiadores de atos e acampamentos golpistas, revelam investigações
Redação

Conforme avançam investigações em busca dos financiadores dos acampamentos golpistas em quartéis que se instalaram país afora após a derrota de Bolsonaro nas últimas eleições, bem como dos responsáveis pela organização dos comboios que compuseram os atos golpistas do último domingo (08/01), revelam-se mais e mais nomes do agronegócio, empresários com ligação próxima a Bolsonaro e políticos do Partido Liberal, do ex-presidente, em vários estados do país, um bom número concentrado em SP.

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Imagem: Reuters

Nos dias seguintes aos atos bolsonaristas que tomaram Brasília no último domingo, 08/01, durante os quais golpistas invadiram prédios da Esplanada dos Três Poderes, com completa complascências das forças de repressão, investigações levadas a frente por diversos órgãos têm trazido a tona mais informações acerca dos organizadores e financiadores das ações. Desde o fretamento de ônibus, que foram em comboio rumo à capital, até o fornecimento de comida e outros suprimentos a acampamentos golpistas, empresários e políticos ligados a Bolsonaro e ao bolsonarismo figuram entre os que possibilitaram as ações que clamam por golpe militar e negam a derrota eleitoral do ex-presidente.

As primeiras informações foram tornadas públicas já no começo da semana. Na terça-feira (10/01), o ex-governador do Maranhão e Ministro da Justiça, Flávio Dino, declarou que investigações sendo conduzidas desde domingo já haviam identificado financiadores principalmente ligados ao fretamento de ônibus e compra de passagens para o DF. Naquele momento, ainda sem divulgar nomes, o ministro declarou que se tratavam principalmente de pessoas das regiões Sul e Centro-Oeste do país, uma grande parte de empresários do agronegócio, comerciantes e os chamados “CACs” - aqueles que compram armas sob o pretexto de “colecionadores de armas, atiradores desportivos e caçadores”, que tiveram restrições fortemente flexibilizadas pelo governo Bolsonaro.

As informações se alinham com fatos que eram conhecidos desde antes da posse de Lula em janeiro, quando nomerosas personalidades políticas e empresariais - especialmente ligados ao agronegócio e das regiões apontadas por Dino - foram identificados como tendo ligação com os acampamentos golpistas em frente a quartéis. Entre estes, empresários do agronegócio como Jorge José de Moura e Henrique Luís Cardoso Neto, que financiaram locautes em rodovias do Acre, Victor Cezar Priori, de Goiás e Argino Bedin, do Mato Grosso, conhecido na região como “pai da soja”. Além do agro, membros das polícias e militares, como Abrahao Vinicius Batista Possidonio e Anderson Alves Pontes Garcias, policial penal e sargento da PM, respectivamente, do Ceará, e o Tenente Coronel Zucco, que também é deputado federal pelo Republicanos no Rio Grande do Sul. Finalmente, empresários e personalidades ligadas ao ramo do comércio, como Cristiano Rodrigues dos Reis (gerente de vendas da empresa de tratamento capilar Dicabelo e e líder do "Movimento Direita BH") e Esdras Jonatas dos Santos (sócio da marca Lemy), de Minas Gerais, e Emílio Dalçoquio Neto, de Santa Catarina, herdeiro de empresa transportadora e cabo eleitoral do bolsonarismo em seu estado.

Estes mesmos setores estiveram por trás da organização dos locautes de caminhoneiros em várias estradas interestaduais do país nos dias seguintes ao resultado do segundo turno das eleições presidenciais em outubro. Além de organizarem e financiarem os acampamentos nas estradas, bem como o fretamento de “manifestantes” foram flagrados distribuindo carne e pagando churrascos nos atos enquanto a população amargava no desemprego e na fome.

Agora, uma lista preliminar de nomes divulgada pela Advocacia Geral da União na última quinta feira (12/01) constando 52 nomes de financiadores, montada a partir de registros de fretamento cedidos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), indica que mais da metade - 26 no total - são provenientes do estado de São Paulo. Todos da lista tiveram seus bens bloqueados pela Justiça a pedido da AGU.

Entre os financiadores, estão o político Carlos Eduardo, conhecido como “Dú Sorocaba”, vereador cidade de São Pedro pelo PL de Bolsonaro e o empresário João Carlos Baldan, que fretou ônibus para transportar golpistas da cidade de São José do Rio Preto, no interior de SP, a Brasília. Dos 26 nomes de SP, quatro foram presos já no domingo, em Brasília, após participarem das invasões.

É preciso responsabilizá-los. Mais que isso, é preciso atacar os interesses desses setores no país, a começar pelo agronegócio, que mata sistematicamente dezenas de lutadores do campo todos os anos. Quando Bolsonaro assumiu, declarou que "índio não teria mais 1 centímetro de terra", em prol dos interesses do latifúndio e da grande mineração, além de aprofundar a destruição ambiental. Mas também os latifundiários tiveram seus interesses preservados durante todos os anos de governo do PT, e novamente há setores ligados à elite agrária do país, como a própria Simone Tebet, representados nos ministérios.

Ao mesmo tempo, as alterações da reforma da previdência incidem de forma ainda mais dura nos trabalhadores rurais, e o varejo é uma das áreas assumidamente mais beneficiadas pela Reforma Trabalhista. Isso é apenas uma mostra de que Bolsonaro foi sustentado no poder por beneficiar os interesses de vários setores capitalistas. Para não haver anistia contra a extrema direita, é preciso também atacar as reformas econômicas que satisfazem a burguesia, que se alinhou a Bolsonaro em 2018 para garantir a Reforma da Previdência, a continuidade do Teto de Gastos e o aprofundamento de cortes e ataques, da terceirização irrestrita e precarização do trabalho também com a Reforma Trabalhista, além da Reforma do Ensino Médio. Contaram, para isso, com o STF, o Congresso, o Senado e os governadores.

 
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