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Grupo de Estudos Marxismo e Luta de Classes
“O Capital, crítica da economia política em Marx” é tema de debate na UnB, dia 31. Participe!
Rosa Linh
Estudante de Relações Internacionais na UnB

O que é mercadoria, capital, salário, mais-valia? O que esses conceitos nos têm a dizer sobre a atual situação do capitalismo mundial e as possibilidades da revolução socialista? Essas serão algumas questões que vamos tentar responder juntos na próxima sessão do Grupo de Estudos Marxismo e Luta de Classes no dia 31/1, às 17h30 na sala 005 do PJC. A bibliografia base serão as conferências 7, 8 e 9 do livro "Marx e Engels" de D. Riazanov

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Para Marx, a unidade básica do modo de produção capitalista é a mercadoria. Elas são substâncias que condensam o tempo de trabalho socialmente necessário. O capitalismo não é um sistema de produção de coisas úteis e necessárias, em geral, mas um produtor de mercadorias. Elas são produzidas para serem trocadas. Não importa se toneladas e mais toneladas de soja se tornaram comida para alimentar bilhões de pessoas, o que realmente importa é se ela será vendida. A mercadoria é uma qualidade de tudo que possa ser produzido pelo trabalho e possa gerar valor. É graças a essa capacidade de abstração de todas as coisas na forma-mercadoria que o capitalismo pode realizar uma equivalência de tudo com tudo. Inclusive, a própria força de trabalho humana.

Se a classe trabalhadora tudo produz, e portanto, é ela quem gera o valor das mercadorias, de onde vem o lucro do patrão, que não trabalhou um minuto sequer? Nisso entra a “mais-valia”: o lucro do capitalista nada mais é do que a apropriação privada dos produtos do trabalho humano. O salário do peão nada mais é do que o preço da força de trabalho no mercado, o mínimo necessário para o trabalhador voltar no outro dia e continuar sendo explorado. Essa é a base da contradição capital x trabalho, é a base objetiva da luta de classes, e por isso mesmo é irreconciliável. Para haver acúmulo de capital, é preciso explorar os trabalhadores (mulheres, negros e imigrantes em particular). Por isso, a greve é a principal arma da classe trabalhadora contra o capital. Sem trabalho, não há lucro, não há acúmulo de capital.

Ao mesmo tempo em que Karl Marx conclui “O Capital”, em 1867, ele se dedica à construção da I Internacional, fundada em 1864. Entender as raízes do capitalismo e como transformá-lo foi uma tarefa concomitante à organização do proletariado. Essa é mais uma mostra de como Marx e Engels eram militantes e estavam intimamente interligados com o movimento real dos trabalhadores, não eram intelectuais de gabinete, além de que o próprio movimento era, desde muito tempo, internacional e não meramente nacional. Ela reuniu o movimento operário internacional, de diferentes tendências, em um mesmo partido. Ali travou importantes lutas políticas contra os lassalianos, proudhonianos e bakuninistas. Diante da Comuna de Paris de 1871, presenciada pela Internacional, foi atestado que a classe trabalhadora pode ir além do capitalismo e tomar o poder, fazer revolução, o que deu ainda mais razão para a teoria de Marx e seus embates na I Internacional.

Nos dias de hoje, “O Capital” de Karl Marx ganha vida redobrada. Mais de 2 milhões de trabalhadores tomaram as ruas na França contra a reformada previdência de Macron, e os camponeses, indígenas e trabalhadores resistem ao governo golpista de Dina Boluarte no Peru. A luta de classes está viva em um mundo no qual a classe trabalhadora nunca foi tão grande, absoluta ou relativamente. São batalhões de operárias e operários na China, Índia, Bangladesh, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Brasil, majoritariamente feminina, racializada e imigrante. A economia está profundamente interligada e é interdependente, em meio a dominação imperialista mundial. A humanidade é capaz de interligar o mundo com as telecomunicações, desbravar os mistérios da mecânica quântica e dos buracos negros, produzir tecnologias digitais e de inteligência artificial, mas incapaz de sanar a fome mundial. Essa é a contradição entre capital x trabalho, a propriedade privada dos meios de produção pela burguesia rifa toda e qualquer possibilidade de emancipação para a humanidade nesse sistema. Em nome da anarquia da produção de mercadorias, o “Deus mercado” deixa as verdadeiras necessidades de lado em nome da ganância e acumulação de um punhado de vampiros.

“De cada qual segundo sua capacidade, a cada qual segundo suas necessidades”. Esse era o mote de Karl Marx, ao escrever a Crítica ao Programa de Gotha, em 1875. Ou seja, em um mundo em que a economia seja planejada pela mais ampla democracia de base, na qual toda a tecnologia, ciência e meios de produção sejam propriedade coletiva, abre-se espaço para uma sociedade de abundância. Não mais um reino da necessidade, mas um reino da liberdade. Por um lado, o trabalho não seria um fardo, ocuparia apenas uma pequena parte do tempo, dando a possibilidade de que todos possam explorar a arte, sexualidade, ciência e cultura, além desse afazer estar intrinsecamente interligado com essas perspectivas; por outro, todos teriam acesso ao que necessitarem e desejarem, não seria uma vida de privações e escassez, mas em que as forças produtivas avançaram de tal forma que a fome seria tema para os livros de história. Esse mundo lançaria as bases para uma vida que valha a pena ser vivida, em que não haja Estado nem classes sociais, opressão ou exploração, fronteiras nacionais ou governos. Um mundo em que a humanidade viva em harmonia com a natureza e possa desbravar os mistérios da natureza, do Cosmos e da psique humana sem as amarras irracionais do capitalismo. Isso é o comunismo, que só pode ser entendido se não fossem as bases econômicas da realidade atual. Não se trata de uma utopia, mas um sonho concreto, como diria Lênin.

Atualmente, a possibilidade objetiva do socialismo está colocada pela maturidade do capitalismo. O que falta é um partido revolucionário internacional, capaz de realizar o trabalho da estratégia revolucionária.

Por isso, pensando no Brasil, para combater a extrema-direita golpista, é necessário independência com relação ao governo Lula-Alckmin, que em nome da governabilidade capitalista de uma democracia degradada, com reformas e impunidade histórica das forças repressivas desse Estado, negocia com a direita e os capitalistas. É um bloqueio da luta de classes e das possibilidades revolucionárias. O marxismo nos mostra que é possível ir além, e precisamos nos organizar para tornar isso realidade.

Esse é o convite que fazemos para todes, para podermos estudar profundamente a crítica da economia política em Marx, pensar e agir para transformar o mundo pela raiz hoje! Nos vemos lá!

 
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