Jorge Schneider junto a esses outros políticos da direita são conhecidos por terem sido os mais ferrenhos defensores do Escola sem Partido na cidade que se transformou numa verdadeira perseguição e assédio aos professores e que vetava o debate sobre a educação sexual nas escolas. Também, desses vereadores, a maioria votou a favor da reforma da previdência do Camprev, na gestão Jonas Donizette (PSB).

O pedido de criação da Frente deixa claro que, mesmo após a derrota nas eleições, a extrema-direita segue existindo como uma força atuante (como vimos na ação golpista de 8 de janeiro) que agirá contra os trabalhadores, os indígenas, as mulheres, os negros, os LGBTQIA+, e contra todos os explorados e oprimidos desse país. Medidas apenas institucionais, como as que estamos assistindo à nível nacional, não apenas são insuficientes para frear o bolsonarismo, como fortalecem o judiciário - instituição ultra-reacionária responsável pelo golpe de 2016.

No Brasil, país em que o patriarcado tem um enorme peso histórico (como mostra o recente caso da Janaína, ingressante da UFPI, estuprada e assassinada durante a calourada), o aborto inseguro é uma das principais causas de morte materna, vitimando principalmente as mulheres pobres e negras em procedimentos clandestinos. Recentemente, durante o governo Bolsonaro, escandalizou a todos o caso da menina de 12 anos que, após ser estuprada, foi impedida de realizar o aborto. Com a ministra Damares, a extrema direita teve mais peso para atacar os direitos das mulheres.

Flávia Teles, professora da rede estadual de SP e militante do MRT, declarou ao Esquerda Diário:

“Essa Frente Parlamentar reacionária mostra que a extrema direita segue viva e que precisamos lutar contra ela para avançarmos na luta contra o patriarcado e pelo direito das mulheres. Essa luta deve acontecer nas ruas, e somente será arrancada com a força da luta das mulheres e setores oprimidos em aliança com os trabalhadores. Em 13 anos de governo, o PT não legalizou o aborto e agora, com a frente amplissima e suas alianças com os variados espectros da direita e das igrejas evangélicas,já deixou claro que não irá legalizar. Lula, durante a campanha, disse no Flow Podcast que era pessoalmente contra o aborto, também é ministra de seu governo Daniela do Waguinho, envolvida com milicianos e da Frente Parlamentar contra o aborto. Nesse 8 de março, dia mundial da mulher, queremos nos inspirar nas mulheres Peruanas que lutam contra o golpe de Dina Boluarte e nas mulheres francesas que protagonizam uma grande luta contra a reforma da previdência. Essa luta é a que pode derrotar o reacionarismo da direita na conquista por nossos direitos, sem nenhuma confiança no governo eleito. É preciso que as centrais sindicais organizem a luta para que a classe trabalhadora tome para si o combate contra a direita e pelo direito ao aborto, legal e e gratuíto.”

O Esquerda Diario e o MRT chama à todes para compor na quarta 01/02 às 18h o ato na câmara municipal de Campinas em repúdio à criação da Frente Parlamentar. Apenas a mobilização popular e a luta dos trabalhadores podem golpear contundentemente a extrema-direita e superar o seu legado de ataques.