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Anseio o que o futuro tem pra mim #JusticaPorJanaina
Laura Sandoval

Janaína da Silva Bezerra também era poeta. No final de janeiro, a jovem de 22 anos foi brutalmente estuprada e assassinada dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI), na qual ela cursava jornalismo. Ela escrevia poesia e "ansiava o futuro". Lutemos para impor justiça a ela e tantas outras vítimas de feminicídio, e por um futuro livre de opressão e exploração.

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Uma jovem negra teve sua vida interrompida durante a calourada da UFPI: ela foi violentamente estuprada e teve seu pescoço quebrado. Essa mesma jovem escreveu no começo deste ano, em seu último poema compartilhado pelo Instagram: "anseio o que o futuro tem pra mim. Mais ainda o que penso ter no presente instante. No mistério das dobras em que o destino dá. Ou arranca.". Tais versos foram rememorados por estudantes, que conheciam Janaína e também que não chegaram a conhecê-la, em indignação e solidariedade frente ao assombroso caso de feminicídio.

A vida e o futuro de Janaína foram arrancados. Mas não pelo destino, enquanto uma entidade extranatural, imutável e cabalística. É preciso dizer com todas as letras: assim como tantas outras mulheres, Janaína foi vítima do machismo no país que está no ranking dos mais violentos no mundo contra as mulheres e que também está entre aqueles com maiores índices de feminicídio. Seu último poema não expressa uma premonição mística, nem é apenas uma coincidência trágica. Fica claro, assim como em outras postagens em sua conta do Instagram, que a jovem tinha uma sensibilidade muito grande com a realidade, e, portanto, sentia as amarras da opressão de gênero e do racismo.

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Em outro poema, ela escreve: "no berço do mundo onde me roubaram até a língua. Mas não esqueci de falar. Falo em poesia. Negra.". Ser roubado até língua, a vida, e o futuro: é esse destino que o capitalismo reserva às mulheres, ao povo negro e aos jovens ao passo que mantém as opressões, como o machismo, como uma engrenagem estrutural de seu sistema.

Janaína merecia desvendar as possibilidades do futuro que tanto ansiava. Do mesmo modo, todas nós merecemos um futuro digno, que dia após dia parece mais distante em meio aos ataques e da precarização do sistema capitalista e seus governos.

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A voz de Janaína e de todas as vítimas desse sistema que odeia as mulheres merece ecoar através da luta! Uma luta que tem que ser nacional, construída em cada local de trabalho e estudo, para impor justiça por Janaína, e ir além questionando na sua raiz esse sistema que serve para roubar nosso futuro. Arranquemos ele das garras do capitalismo, unindo toda a classe trabalhadora contra a opressão e a exploração.

E, assim, sejamos nós os sujeitos de escrever na história um verso forte, em sua homenagem, o grito de milhares de mulheres e estudantes por todo o país: “justiça por Janaína! Basta de feminicídio!”.

 
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