www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
Obituário
Adeus a Esteban Volkov, um guardião da memória histórica de Leon Trotsky
La Izquierda Diario - México

Com tristeza, neste 16 de junho nos despedimos do neto do revolucionário sem fronteiras, quem tantas vezes abriu as portas da Casa-Museu Leon Trotsky, em Coyoacán, às novas gerações de militantes socialistas. A obra de grande parte da sua vida foi contribuir para a preservação e divulgação do legado do seu avô.

Ver online

Um olhar profundo de céu claro que guardava lembranças de momentos muito difíceis. Temperado e firme, metal nobre, com alegria de viver. Assim era Esteban Volkov, que, em 2019, juntamente com o Centro de Estudos, Investigações e Publicações Leon Trotsky (CEIP) da Argentina, promoveu uma declaração internacional contra a série Trotsky, da Netflix, diante da histórica - e nada ingênua - deturpação da vida de seu avô, um dos principais líderes da Revolução Russa.

Essa série reacendeu as chamas da difamação e da mentira que atingiram o revolucionário nascido na Ucrânia, que encontrou seu último exílio no México de Lázaro Cárdenas e foi assassinado por um agente stalinista.

Até sua chegada ao México, Volkov navegou pelas águas turbulentas da vida de exílio, perseguição e morte que se abateu sobre sua família. Seu pai, Platão Volkov, membro da Oposição de Esquerda na URSS, foi deportado para a Sibéria em 1928. O executaram.

Sua mãe, Zinaida, filha do primeiro casamento de Trotsky, também oposicionista, conseguiu deixar a URSS para ver o pai em Prinkipo, na Turquia, durante seu primeiro exílio. Mas então o stalinismo a impediu de retornar ao seu país, onde ela havia deixado sua outra filha. A dureza da perseguição contra seu pai e seus seguidores e a pena a levaram ao suicídio em Berlim em 1933, quando Hitler subiu ao poder. Esteban ficou órfão aos 7 anos. Ele foi enviado para um internato em Viena, e então seu tio, Leon Sedov, filho do segundo casamento de Trotsky e um de seus principais colaboradores, o acolheu. Mas a GPU alcançou Sedov durante uma internação hospitalar. Ele não sobreviveu. Sua esposa disputou a custódia com Trotsky e, finalmente, alguns amigos de seu avô conseguiram trazê-lo para o México.

Esteban Volkov, "Sieva", aos 13 anos, foi uma das testemunhas do ataque a seu avô em maio de 1940 e de seu assassinato em agosto daquele ano. Cada vez que conta a história, ele se emociona: chegou da escola e notou a agitação na casa da rua Viena, em Coyoacán. “O vovô estava na sala de jantar, com a cabeça banhada em sangue”, lembrou, “mas ele ainda teve a presença de espírito de dizer: ’Mantenha o menino longe, ele não deve ver esta cena’”.

À sombra dessas memórias, Esteban Volkov cresceu no México. Ele estudou engenharia química e está entre os que fabricaram as primeiras pílulas anticoncepcionais. Casou-se e teve três filhas brilhantes. Tradição familiar. Ao longo dos anos, fundou o Museu Casa León Trotsky e o Instituto do Direito de Asilo, instituições que dirigiu até poucos anos atrás.

Aí reside a importância da obra de uma vida, a de Esteban Volkov, como guardião da memória histórica de seu avô. Na apresentação de O Caso Leon Trotsky, obra que contém as atas e o relatório da comissão Dewey, que o Centro de Estudos, Investigações e Publicações Leon Trotsky -promovido por nós que fazemos parte da rede internacional de jornais Esquerda Diário - traduziu e publicou pela pela primeira vez em espanhol em 2010, Esteban escreveu: “Das muitas batalhas travadas por Leon Trotsky contra o stalinismo, sem dúvida a Comissão Dewey ou os Contraprocessos de Moscou estavam entre os mais notáveis ​​e transcendentes. Lá ele desmascarou e demonstrou com força e sem apelo, perante a história presente e futura da espécie humana, a ilegitimidade absoluta do regime de Stálin, que só podia se sustentar com base no crime e na fraude histórica".

Mais recentemente, em uma das últimas homenagens ao avô, destacou que “os seguidores de Trotsky têm uma partícula do futuro da humanidade”.

Esteban "Sieva" Volkov dedicou seus dias a preservar a memória histórica de seu avô e limpar seu nome, tarefa que hoje reconhecemos e honramos, nós que atuamos nas fileiras da corrente fundada por Leon Trotsky, a fim de acabar com o capitalismo e construir uma sociedade comunista.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui