Uma ciclovia cenográfica (que custou R$45 milhões) para ’inglês ver’ que desabou com a primeira ressaca do atlântico, o VLT que parou de funcionar no segundo dia de funcionamento. Buracos no recém inaugurado Túnel do Joá. Isso se soma aos descaso da supervia, do BRT e do metrô, que só terá inaugurada sua nova linha em 2018.
A cidade aos poucos vai deixando para trás a imagem de canteiro de obras, mas continua um caos, mudando cada semana os trajetos dos ônibus e a hora do rush dura o dia inteiro. Mas com isto o Carioca já até que está acostumado. Perigosamente acostumado, se pensarmos na atual situação critica da cidade do Rio de Janeiro.
Neste esquema a prefeitura não tem atuado sozinha. O papel que o governo do Estado teve (e ainda tem) no aprofundamento da crise em que está imersa a cidade do Rio não é menor, e é mais uma expressão da crise do Estado do Rio que coloca como uma possibilidade cada vez mais real e concreta a iminência do fechamento de hospitais, escolas e universidades.
A prefeitura sente menos os embates da crise, mas os sente. Em abril desse ano, por exemplo, a câmara dos vereadores autorizou a prefeitura a vender 15 terrenos públicos. A prefeitura justifica a venda dos imóveis por incapacidade de arcar com os custos de gestão e manutenção dos terrenos e que, por isto, e diante da possibilidade destes imóveis serem ocupados por Trabalhadores sem teto, ou seja, usar imóveis para dar moradia aos setores mais desprotegidos da sociedade, o melhor para a Prefeitura era vendê-los.
No final de contas é o projeto de desmonte do Estado e generalização da privatização implementados pelo PMDB, tanto no Brasil como no Rio de Janeiro, onde desde o governo golpista de Temer até a prefeitura do Rio estão em mãos do PMDB que detêm o monopólio de exploração da cidade maravilhosa há já vários anos. Ainda mais a partir do governo Cabral em 2006 que, a partir da aliança com o Lula, trouxe ao Estado e à cidade um forte fluxo de investimento federal (para maiores esquemas de corrupção), coisa que não acontecia anteriormente com figuras de oposição ao PT como Garotinho e Cesar Maia.
Atualmente o governo Pezão/Dornelles, com um estado já falido, anuncia mais cortes ao mesmo tempo que não falta o dinheiro para subsidiar e perdoar dividas milionárias de empresas privadas. A relação de corrupção do PMDB com a cidade do Rio de Janeiro vai até o Senado, pois os empresários da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Junior confessaram o pagamento de R$52 milhões em propinas para Cunha para este liberar os recursos do FGTS para super-financiar as obras imobiliárias da OAS, Carioca Engenharia e, claro, a ’infaltável em esquemas de corrupção’ ODEBRECHT.
E se isso tudo já parece demais, superbactérias foram encontradas amplamente nas águas do Rio de Janeiro (100% das amostras com super bactérias na praia de Botafogo, 90% na do Flamengo, e 50% e 60% nas praias de Ipanema e Leblon respectivamente). Essas super bactérias não afetam só seres humanos, fortalecendo também outras bactérias tornando-as imunes a antibióticos.
Mais expressivo, ainda da gestão nefasta do governo da Prefeitura e do Estado RJ, é que essas superbactérias não deveriam estar presentes nas águas do mar, são encontradas normalmente em hospitais e numa cidade onde o esgoto de muitos hospitais públicos é tratado como esgoto comum e por tanto vão parar nos rios, canais no oceano e na baia.
A questão de limpar as águas da cidade do Rio de Janeiro era uma questão importantíssima na candidatura da cidade para sediar os jogos olímpicos de 2016, lá em 2009. Mas o PMDB tornou uma questão que vai além de não criar condições mínimas para possibilitar o funcionamento dos jogos olímpicos, pois afeta e coloca em risco a vida de toda a população da cidade, em mais um esquema de corrupção. A UTR-Irajá, Unidade de Tratamento do Rio Irajáobra de infraestrutura que pretendia limpar a Baia de Guanabara está pronta para funcionar, custou R$40 milhões mas não tem limpado ainda sequer 1 litro de água da baia.
Nem Estado e nem a Prefeitura assumiram os custos operacionais da estação de tratamento, mostrando mais uma vez a desordem e o descaso para com as questões referentes a servir à população e que neste caso o importante não era limpar a Baia, mas desviar recursos para o setor privado com obras super faturadas e uma falsa promessa para garantir a vitória da candidatura carioca para sediar os jogos, da mesma forma que não foi importante ter o metrô funcionando nas olimpíadas, mas sim pegar bilhões dos cofres do estado e da União.
Todo um gigantesco processo de transformação urbana que tem mostrado com mais força seu caráter nefasto e contrário aos interesses e necessidades reais da população carioca quanto mais se aproxima das olimpíadas. O balanço da transformação urbana será provavelmente um dos temas centrais nos debates nas eleições a prefeito da cidade este ano, onde ficará difícil para o já infame candidato agressor de mulheres Pedro Paulo, defender o inexistente sucesso da “reforma”.
Seja quem for o candidato vencedor das eleições desse ano, receberá para administrar uma cidade falida e numa situação econômica nacional e internacional provavelmente mais agravada. Sabendo do verdadeiro legado que deixou na cidade e do futuro que lhe espera ao Rio, o prefeito Eduardo Paes fugirá para Nova York, longe das críticas e ataques, para limpar a sua imagem política e voltar como possível candidato à presidência (?) pelo PMDB e também (pasmem) para dar aulas em Harvard sobre o papel das cidades no desenvolvimento do país.
O buraco é mais embaixo no Rio e a falência do estado combina-se com uma situação ambiental que atenta contra a saúde de milhões de cariocas, turistas e, no caso dos jogos olímpicos, contra centenas de esportistas do mundo todo.
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