A seleção norueguesa usou shorts em vez de biquínis no Campeonato Europeu de Handebol de Praia. Por esse motivo, foi multada em 1,5 mil euros (R$ 9,2 mil). Esse episódio demonstra o repugnante machismo ao qual as mulheres estão fortemente submetidas, tendo seus corpos policiados e controlados até nos mínimos detalhes.
sábado 24 de julho de 2021 | Edição do dia
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Time feminino de handebol de praia da Noruega
A Federação Europeia de Handebol (EHF, na sigla em inglês) apresentou uma desculpa esfarrapada, embasada em um argumento formal e burocrático, para justificar a penalização descabida: disse que aplicou a multa por ser uma "roupa imprópria", que não está de acordo com “os regulamentos de uniformes de atletas".
Antes mesmo da partida, a Federação de Handebol da Noruega (NHF, em inglês) já havia dito que pagaria a multa caso suas atletas fossem penalizadas. Após a sanção, a entidade declarou: "Nós, da NHF, damos suporte e apoiamos vocês. Juntos, continuaremos lutando para mudar as regras das vestimentas, para que as jogadoras possam jogar com as roupas com as quais se sentem confortáveis."
Já a EHF afirmou cinicamente que "está empenhada em trazer este tópico para o interesse de suas federações membros, no entanto, também deve dizer que uma mudança nas regras só pode acontecer no nível da IHF (Federação Internacional de Handebol)".
Essa questão tem sido debatida nos círculos de esportes de praia há vários anos, já que algumas jogadoras consideram o biquíni degradante e impraticável. Além disso, é facilmente possível perceber que há também o elemento da objetificação e sexualização do corpo feminino, o qual é colocado como objeto de prazer do homem, tendo que, supostamente, satisfazê-lo.
Tal caso é sintoma de uma sociedade machista que desvaloriza as mulheres no mundo esportivo, que as pagam salários menores e violentam seus corpos. Basta! É urgente mudar essa lógica desde a raiz, construindo um mundo livre de opressão e exploração.