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Mundial Catar. Primeira Semana: Cinco acontecimentos políticos não queridos pela FIFA

Gonzalo Adrian Rojas

Mundial Catar. Primeira Semana: Cinco acontecimentos políticos não queridos pela FIFA

Gonzalo Adrian Rojas

A antidemocrática decisão da FIFA de proibir qualquer tipo de manifestação política por parte dos jogadores ameaçando com amarelar capitães e demais acabou sendo driblada na primeira semana da Copa do Mundo do futebol masculino 2022 no Catar.

Neste artigo, sintetizamos várias das matérias que publicamos no Esquerda Diário durante a semana que sintetizam essa relação crítica entre futebol e política.

Em primeiro lugar, a seleção da Inglaterra manteve uma posição de protesto se ajoelhando no gramado antes de suas duas primeiras partidas contra o Irã e contra os Estados Unidos. Foi em solidariedade com a causa LGBTQIAP+.

Os jogadores da Alemanha, antes da derrota para o Japão, cobriram suas bocas no momento de fazer a foto oficial da estreia na Copa do Mundo, para exemplificar a mordaça imposta pela FIFA sobre o uso de braçadeiras em defesa do movimento LGBT.
Lembramos que no teocrático Catar a homossexualidade é criminalizada, o código penal do país prevê 10 anos de prisão a quem se envolver em relações sexuais homossexuais e 3 anos para quem fizer "apologia". Vários membros da comunidade LGBT já foram presos e as mulheres passam a vida sob tutela legal de homens (pai, marido, irmão), e não podem aparecer em público sem as vestes tradicionais que escondem o corpo. Como tratamos em outro artigo desta edição, a correta resposta a essa situação vem se misturando à hipocrisia das mídias e regimes ocidentais, que sustentaram e alimentaram essas teocracias.

A seleção do Irã, por sua vez, permaneceu calada durante o hino de seu país, mostrando solidariedade com os protestos que, há mais de dois meses, vêm ocorrendo no Irã, desencadeados pelo assassinato da jovem Mahsa Amini de 22 anos, mas que levou toda a população a se solidarizar e se mobilizar se somando nos atos e até mesmo realizando greves de apoio.

O próprio astro do time iraniano, Sardar Azmoun, atualmente jogador do Bayer Leverkussen da Alemanha e figura do histórico triunfo sobre o País de Gales, há tempos vem sendo ameaçado junto de sua família por seus posicionamentos políticos em defesa das mulheres, em especial após as revoltas que tomaram as ruas do Irã nos últimos dois meses.
Nas redes escreveu antes do Mundial:

"Por causa das regras da seleção nacional, não podíamos dizer nada até que a concentração para a Copa do Mundo terminasse. Mas eu não aguentava mais. Na pior das hipóteses, serei demitido do time nacional. Sem problema. Eu sacrificaria isso por um fio de cabelo na cabeça das mulheres iranianas. Esta história (sobre Mahsa Amini) não será apagada. Eles podem fazer o que quiserem. Que vergonha por matar tão facilmente; vida longa às mulheres iranianas".

O Brasil também deu sua nota, porque o goleador da partida contra a Sérvia foi Richarlison, autor dos dois gols, que, diferentemente de Neymar que havia prometido um gol a Bolsonaro, já se posicionou contra a violência policial, as opressões a mulheres e LGBTs e também foi um dos primeiros jogadores a defender a vacina da Covid como uma forma de combate à pandemia.

O futebol desperta paixões de massas e é utilizado politicamente desde o Mundial da Itália de 1934 por Mussolini, o repressor Luís Echevarría Alvarez no México em 1970, a ditadura militar argentina em 1978, o governo de Putin na Rússia no mundial passado e a teocracia catari agora. Para alguns elementos sobre o papel do Catar em termos geopolíticos recomendamos ler.

A FIFA é também uma entidade antidemocrática que logicamente defende seus negócios e os governos que garantem esses lucros, independentemente de qualquer regime político. Justamente por ser o Mundial, um espetáculo de massas, são importantes essas manifestações políticas críticas por parte dos protagonistas, os próprios jogadores.


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